domingo, 23 de setembro de 2007

BATATAS A MURRO

Inesperadamente o sol brilhou hoje de manhã. Tanto, que os hóspedes optaram por tomar o pequeno-almoço na esplanada da pensão. As águas do rio Mondego estavam mais bonitas do que nunca a reflectir a luz do sol. No areal, já os kayaks esperavam, lado a lado, que os inúmeros turistas os levassem até à Misarela. Entretanto desceram até ao salão a menina Alice e o João.
Perguntei ao João se tinham gostado da actuação do "Quarteto de Hugo Antunes".
- Adorei. - disse - Só não gostei foi da actuação da Câmara Municipal. - entidade que acolheu a iniciativa.
- Sim - disse eu concordando -, das vezes que fui assistir a algum evento desta ou de outra natureza, chegava ao local, já as portas estavam abertas, as luzes acesas e encontrava-se alguém para informar as pessoas do que se ía passar, e a que horas. Enfim, alguém que representasse a organização.
- Pois - disse a Alice -, quando lá chegamos, tudo se encontrava encerrado como se nada ali fosse acontecer. Depois lá apareceu alguém que disse ter a chave de acesso ao salão, mas que nada tinha a ver com o município.
- Era um dos músicos - disse o João, - aquele que tocava contra-baixo. Coitado, nem sabia onde se acendiam as luzes do palco.
- Nem tinha que saber. - disse eu -. Como é que é possível alguém imaginar uma situação destas. Se fosse folclore ou algum grupo coral, de certeza que os responsáveis pelo pelouro se encontravam lá todos, muito arranjadinhos, com as habituais saquinhas com nevadas de Penacova, pastéis do Lorvão, palitos de flôr, etc...
- Pois é - disse indignada a Susana -, apenas vi lá o Eng. Pedro Carpinteiro, sentado numa cadeira, muito acabronhado, como se estivesse a "rezar" para que ninguém o visse e lhe perguntasse onde é que andou até ali.
- Escandaloso!!! - disse eu -, que gente, que sentido de responsabilidade têm aqueles que nos representam.
- Não estranhes Mário - disse a D. Rosalinda -, os autarcas de Penacova, nunca primaram por fazer as coisas brilhar nesta terra. Desde há 20 anos a esta parte que Penacova parou no tempo e isso prejudica o turismo e o futuro dos jovens de cá, obrigando-os a procurar ocupação noutras paragens.
- Lembram-se daquelas pessoas, que chegaram pouco tempo antes da actuação, e disseram que tiveram conhecimento do evento minutos antes no café? - disse o Luís, também ele indignado pela forma como tudo se passou e acabado de chegar junto de nós.
- Valeu pela qualidade do espectáculo - disse eu -, pelo desempenho dos músicos e pelo calor que lhes foi transmitido pelas cerca de vinte pessoas que compunham a assistência. Apesar de tudo, estou convencido que gostaram de actuar, a julgar pelas palavras de um dos músicos.
- Só é pena que não ocorram mais iniciativas destas em Penacova, para nos dar algum entertenimento nos dias de Inverno que se aproximam - disse a Susana já aflita a olhar para o relógio por causa dos almoços.
- O que vai ser para hoje Susana? - perguntei eu.
- Uma coisa que o Mário muito gosta - disse -, Bacalhau à lagareiro, com batatas a murro.
- Humm!!!, maravilhoso - disseram todos -, estamos ansiosos.
Entretanto, eu dava uma vista de olhos pelos títulos dos jornais e, num deles, lia que as misericórdias se disponibilizaram para ajudar o governo na resolução das listas de espera dos doentes que aguardavam vez para serem operados aos olhos e, pensei logo que o Sr. Gerónimo já não necessitava de ir para Cuba. Que bom para ele.

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