Eu nunca vi tamanho rebuliço em Penacova. O fim-de-semana passado ficou marcado pelo único evento digno de registo que teve lugar em Penacova nos últimos meses.
Eram carros e mais carros, pessoas tradicionalmente trajadas, o presidente da câmara, escuteiros, bombeiros e diáconos de outras paróquias. Todos se reuniram no Largo do Terreiro para receber o novo pároco que, durante as próximas décadas, vai conduzir os destinos da fé das gentes desta terra.
Já é a terceira vez que abordo este assunto do novo pároco. Não que eu seja muito religioso mas, na realidade, tirando este acontecimento, nada mais se aqui se passa, portanto, aos que me vão lendo, deixo aqui as minhas mais sinceras desculpas pela insistência com que escrevo estas coisas.
Falando de coisas mais apetitosas, daquelas que só a Susana sabe fazer, e que deixam qualquer um com água na boca, temos para o jantar, sopa de couve-flor com pinhões, frango com vinho da Madeira, acompanhado com pasta cozida al dente ou, para quem preferir, batatas fritas em palitos. Para beber, um tinto da "Quinta do Côtto", colheita de 2004.
Estava para começar a jantar sózinho, quando, vejo entrar o meu amigo Luís.
- Bons olhos te vejam, caro amigo. - disse eu.
- Boa noite a todos, parece que cheguei na hora H. - disse o Luís, perfeitamente vidrado com o aspecto do "manjar".
- Senta-te amigo, o que te trouxe por cá? - perguntei.
- Bom, sabes como é. Se passar por perto de Penacova, não resisto a vir à pensão, quanto mais não seja para ter dois dedos de conversa. - respondeu o Luís.
- Pois hoje - disse eu -, tens mais do que isso. Podes sentar-te e jantar comigo.
Enquanto o Luís se acomodava, a Luísa providenciou por mais um prato e respectivos talheres e por dois copos, um para a água e outro para o vinho tinto.
Começamos logo a falar sobre o que se tem passado por aqui, contei-lhe as novidades (algumas já velhas) mas, a verdadeira novidade deu-me ele.
- Sabias Mário - disse o Luís -, que a engª. Zita Henriques, vereadora da cultura e da educação da nossa autarquia, se encontra de baixa?
- Sim - respondi -, já tinha ouvido um zum-zum -, mas não sei quem é que a ficou a substituir durante a sua ausência.
- Pois ninguém sabe porque, quem quer que seja, não a substitui realmente, em lado nenhum. - disse o Luís
- Mas quem será a "ave"? - perguntei quase a saber a resposta.
- Quem mais poderia ser senão o engº. Pedro Carpinteiro. - disse o Luís
- Sim, só poderia ser ele - disse eu - para não a representar sequer na abertura do ano lectivo.
- Pois é - disse o Luís -, aquele indivíduo é um peso morto. Não faz nada que tenha algum proveito a não ser ganhar o ordenado e, provavelmente, como está a acumular, ainda vai buscar mais algum.
- Tenho pena que, nesta hora de necessidade, a Srª. não esteja representada à altura - disse eu -, tanto mais que a pessoa em causa nem conta do recado dá no pelouro que lhe pertence, quanto mais no pelouro que é dos outros. Enfim - continuei eu -, acho que têm que mudar é de treinador, se mal estávamos, pior ficámos. O melhor é pedirmos mais uma garrafinha deste magnífico tinto da "Quinta do Côtto", para acabarmos com este frango divinal.
- E para sobremesa? - perguntou o Luís.
- Para sobremesa, temos à nossa espera um leite creme conventual, feito pela D. Rosalinda.
- Óptimo - disse o Luís -, podes dizer à Luísa para preparar o quarto, porque eu vou ficar por aqui esta noite.
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