sexta-feira, 9 de novembro de 2007

PINGO NO NARIZ

A D. Rosalinda regressava do jardim com o cesto de jardinagem, que habitualmente leva quando para lá vai, cheio de bonitas rosas. Trazia um pingo no nariz, sinónimo de que estava a ficar constipada.
- Então D. Rosalinda, parece que está a chocar alguma?
- Acho que sim Mário, este tempo mais fresco apanhou-nos desprevenidos e de um momento para o outro, ficamos com arrepios de frio pelo corpo todo.
- Mas olhe que o mau tempo está a afectar grande parte da Europa, pelo menos os meios de comunicação deram notícia de que se esperam para hoje grandes inundações devido a uma forte tempestade no Mar do Norte, que atingiu também a Alemanha e a Escandinávia.
- Também ouvi qualquer coisa acerca disso. O clima está todo mudado e sabe quem eu culpo Mário, aqueles americanos que se recusam a assinar o Protocolo de Quioto.
- Tem toda a razão D. Rosalinda, são eles e outros que, tal como eles, sacrificam o saúde do planeta só para não colocarem em risco a sua riqueza.
Nisto, entra o Daniel, homem que já conhecem por ser quem abastece de gás a pensão. Também ele entrou na conversa, manifestando a sua preocupação com estas alterações de clima.
- E nessas inundações ninguém se magoou ou teve necessidade se ser evacuado por via aérea? - perguntou
- Não Daniel, creio que não. - respondi
- Ainda bem que não porque, caso isso tivesse acontecido em águas territoriais portuguesas, o evacuado teria que preparar uma boa quantia para pagar ao Estado.
- Como assim Daniel? - perguntou a D. Rosalinda.
- Então a Srª. não quer saber que a Força Aérea Portuguesa apresentou uma factura de 13.000 euros a um indivíduo que, em Outubro de 2002, foi por eles resgatado de alto mar.
- Mas isso é ridículo!!! - exclamou a D. Rosalinda
- É ridículo mas aconteceu. - disse o Daniel
- Talvez por temerem o não pagamento da operação de salvamento, é que não fizeram atempadamente a evacuação dos tripulantes da embarcação "Luz do Sameiro". - conclui
- Ou então, trata-se de mais uma forma que o governo de Sócrates arranjou para reduzir o déficit. - disse a D. Rosalinda.
- Todos os dias há-de aparecer alguma coisa que nos faça suspeitar das "boas intenções" dos nossos governantes.
- Tens razão Daniel - respondi -, ainda ontem, por exemplo, o reitor da Universidade de Lisboa, veio a terreiro denunciar uma situação em que o governo português dá mais dinheiro às universidades estrangeiras, do que a algumas portuguesas.
- E depois andam sempre a aumentar as propinas, a dizer que as universidades têm que se transformar em fundações e que o Estado não pode andar a subsidiar constantemente os estabelecimentos de ensino. - disse a D. Rosalinda.
- Este país caminha não sei para onde, com os governantes a exigirem aos portugueses cada vez mais contenção e as coisas a aumentarem cada vez mais, começando pelo petróleo e acabando...
- No gás Daniel.
- Exacto D. Rosalinda, no gás.

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