domingo, 11 de novembro de 2007

TARDES CONSOLADAS

Sempre que passo aqui pela Pensão, converso com a menina Alice.
É uma jovem que por norma me esclarece algumas dúvidas que tenho, mesmo que isso possa parecer estranho.
Há dias, numa conversa com ela, perguntei-lhe:
- Alice, vais ao magusto no Largo do Terreiro, no próximo domingo?
Alice foi rápida e certeira...
- Eu não! Deus me livre. Aquilo é para os velhotes!
Gelei.
Ainda assim, arrisquei tentar fazer-lhe ver as coisas de outro prisma.
- Repara, Alice, acho que não tens razão. Não está escrito em lado nenhum que "aquilo é para velhotes". O magusto é um espaço de convívio, inserido numa "Feira do Mel" e que já é uma tradição aqui em Penacova. E é triste que uma jovem como tu esteja já a atribuir rótulos a um acontecimento que, por muito criticável que possa ser, é para respeitar. Há muitas pessoas que esperam todo o ano por este dia, não só para a feira do mel, como para comer umas castanhas, conviver, enfarruscar a cara e beber uma água-pé!... E já agora, o que vais ficar a fazer?
Alice demorou uns segundos a arrumar a sua cabeça que, por momentos, deu a ideia de ter sido algo desarrumada com o que lhe disse.
- Olhe, vou ficar em casa a jogar consola e depois vejo um filme na televisão!
Alice desarmou-me. Não que achasse o seu plano para a tarde uma glória, não! Acho até que é uma prática comum aos jovens que vivem agarrados às consolas, não convivem, não se entusiasmam e se fecham num pequeno círculo existencial, dentro das divisões de uma casa, parados, pouco reflexivos, enfim...
Mas se calhar sou eu a exagerar na análise e isto não passa de um sinal destes tempos, sendo que me apresento, assim, como um bota de elástico e sem piada nenhuma!

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