sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Rescisão Amigável

- Então Mário, sempre ficaste?
- Não meu caro Luís, ainda pensei que a D. Rosalinda me renovava o contrato mas não tive sorte.
- Lamentou por ti amigo.
- Chamou-me ao escritório e disse que a vida não está fácil, que as finanças levam o dinheiro todo, que a crise nos Estados Unidos afectou toda a economia. Enfim, coisas de patrão.
- Claro que sim, quando podem, dispensam logo o pessoal!!!
- Talvez não tenha sido bem isso. As coisas não estão assim tão boas e, em vez de correr o risco de não me poder pagar o ordenado, preferiu não arriscar.
- Olha amigo, nos tempos que correm, ter um emprego estável, é o melhor que há.
- E tu que o digas. És funcionário público e, melhor que ninguém, sabes avaliar a vantagem de ter um ordenado fixo a fim do mês.
- Estou agora aqui a pensar se não poderíamos fazer alguma coisa para a despedida.
- Talvez um jantar, preparado pela Susana
- Exacto, feito pela Susana, e passar a noite a beber um bom vinho e a ouvir uma boa músca.
- Tipo Van Morrison...
- Isso, Van Morrison acompanhado por uma aguardente São Domingos, em copo aquecido.
- Isso Mário, uma noite inesquecível para celebrar a tua passagem por aqui e, quem sabe, antever um possível regresso à pensão.
- A partir deste momento, tudo fica em aberto. Agora, o que me apetece fazer, é saborear o repasto e preparar a minha ida para outros alojamentos e, quem sabe, preparar o meu eventual regresso.
- Acho que fazes bem. Sabes que, por vezes, é bom pararmos um pouco para redefinir objectivos.
- Também acho Luís. Quem sabe se não regressarei um dia para contar outras experiências que tragam novidades à pensão.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

PERDER QUILOS À VOLTA DOS MOINHOS


- Vais a Coimbra Susana?
- Tenho que ir Mário. Precisas que te traga alguma coisa?
- Não, mas se me deres boleia, aproveito para ir comprar um par de sapatilhas.
- Não me digas que vais começar a jogar à bola?
- Não, não se trata disso. Quero aproveitar a 1ª Corrida dos Moinhos de Penacova para perder um pouco de barriga.
- Engraçado, nunca tinha reparado!
- Na minha barriga ou na corrida?
- Nas duas...engraçadinho. O que eu queria dizer é que não ouvi falar de nada acerca da corrida.
- Também eu não. Não fosse o cartaz que me vieram entregar para afixar, passava-me completamente ao lado.
- E qual vai ser o percurso? Vão a todas as serras onde há conjuntos de moinhos?
- Bem, pelo que eu estou a ver aqui no prospecto, apenas vão passar pelos da Serra de Gavinhos.
- Então, nesse caso, esse evento deveria chamar-se "1ª Corrida dos Moinhos da Serra de Gavinhos".
- Lá estás tu a maldizer. Deixa lá os homens. Às tantas eles nem leram bem o prospecto.
- Talvez tenhas razão.
- Mas olha lá, levas-me contigo a Coimbra ou não?
- Claro que levo. Assim aproveito e compro também umas para mim e, com um bocado de sorte, até vais fazer muita questão em mas oferecer.
- Se é para isso, prefiro ir a pé...
- Não sejas palerma Mário. Sou até menina para ser eu a pagar-te um par.
- Nesse caso, vou rever a minha lista das compras.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

NOVAS ARMAS NO COMBATE À CRIMINALIDADE

A nova postura do governo face ao aumento da criminalidade violenta passa, necessariamente, pela colocação de piquetes de agentes de autoridade em todos os postos de abastecimento de combustíveis do país.
Não tarda nada, em vez do self-service a que já nos habituámos, os nossos automóveis vão ser abastecidos por um simpático agente da autoridade, armado até aos dentes, para não dizer armado noutra coisa qualquer.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

PAULO RESSUSCITADO

Após um longo processo de culpa movido contra Paulo Pedroso, eis que uma decisão judicial condena o Estado a pagar-lhe uma "gorda" indemnização.
Sócrates, não comentando a decisão daquele ou de outros tribunais, não esconde a felicidade de ver um dos seus companheiros de luta ser, finalmente, ilibado de um caso que, entre outras coisas, contribuiu para o desgate do Partido Socialista e para a morte política quer do indemnizado, quer de Ferro Rodrigues.
Será que o ex-deputado da bancada socialista vai retomar a sua actividade política ou, simplesmente, vai gozar o chorudo complemento de reforma agora atribuido por aquele órgão de soberania?
A meu ver não existirá decisão alguma que devolva àquele indíviduo a idoniedade e tranquilidade suficientes para voltar a desempenhar funções públicas mas, como em política tudo é possível, não me causará estranheza que, um destes dias e para que as dúvidas sobre a sua personalidade se desvaneçam, o mesmo seja nomeado director de uma qualquer instituição tutelada pelo Estado.

sábado, 30 de agosto de 2008

ACONTECEU

- A Pensão está de luto.
- E foi prolongada.... a dor?
- Sim, creio que sofreu mais do que o suficiente....
- Então foi melhor assim. Sabe, perder alguém com quem vivemos desde pequenos, com quem aprendemos a olhar o mundo, a dar os primeiros passos....torna-se quase insuportável.
- É uma parte de nós que nos deixa para sempre...restam-nos os bons momentos passados juntos.
- A única esperança que nos resta é que ele, como espírito, como pessoa, encontre um lugar melhor para viver.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O PODER DA IMAGEM

- Vais ver o filme Susana?
- Qual filme?
- O último do Oliver Stone, qual é que havia de ser?
- Sei lá, há tantos filmes a estrear que uma pessoa nem sabe muito bem a qual é que há-de ir.
- E a história é sobre o quê?
- É sobre o passado do George Bush.
- Quem o pai?
- Não, o filho!!
- Então mas o passado dele dá para fazer um filme?
- Mais ou menos, mas como se trata de um presidente, sempre se pode aproveitar qualquer coisa sobre a sua vida.
- E já viste alguma coisa sobre ele?
- Acabei de ver um making off?
- E que tal?
- Bem Susana, o homem, segundo o filme, revela-se um autêntico desastre. Desde a conduzir embriagado, até à louca sedução de mulheres, bem como o gosto pelo jogo, enfim, um bon-vivant, o personagem não se deixa ultrapassar por ninguém.
- Então e os E.U.A. acreditaram nesse personagem para os governar.
- Então tu não sabes que os americanos são estúpidos e presunçosos. Que só gostam de fast-food e de coca-cola?
- Bem, não sei se, de uma maneira geral, serão assim todos mas, a julgar pela descrição o filme não tenho dúvidas nenhumas que o homem poderia ser tudo menos presidente.
- Mas sabes como é, se por detrás de uma qualquer campanha, seja ela publicitária ou promocional de um qualquer produto que se pretenda vender, estiver um bom realizador, capaz de mostrar às pessoas a beleza de uma pessoa feia e a pureza de uma pessoa má então, aquele cuja imagem de perfeição se pretende fazer passar, ganha logo pontos suficientes para ganhar, com vantagem, qualquer desafio.
- E assim se entrega a um depravado os destinos de uma nação inteira e, ainda por cima, com responsabilidades a nível mundial.
- E bem se viu o resultado da decisão de invadir o Iraque, da teimosa em não respeitar as metas de Quioto, de manter o braço de ferro com a Al-Qaida ou de fazer questão em manter a prisão de Guantánamo....
- Olha Mário, quanto tivermos oportunidade, juro que iremos ver esse filme mas, como estiveste tanto tempo ausente, em sugeria que te deixasses de conversas, encerrasses a Pensão e subisses comigo até ao 2º andar para me mostrares os souvenirs que trouxeste dessa longa viagem que fizeste.
- Tens razão Susana, mais acção e menos conversa.

INAUGURAÇÕES SINTÉTICAS

- Luís, meu caro Luís. Bons olhos te vejam rapaz!!!!
- Olha o Mário, regressou à Pensão. Pensava que tinhas ficado lá pelas “europas” a gozar o dinheiro que o teu tio te deixou.
- Olha meu caro amigo, nem que quisesse não conseguia ficar por muito mais tempo pois a herança não foi nada por aí além e, além disso, é necessário fazer algumas poupanças porque o tempo é de vacas magras.
- A quem o dizes meu caro, a quem o dizes. Então já sabes das novidades?
- De algumas sim, de outras ainda não.
- Já sabes que vão ser sinteticamente relvados os campos de futebol de São Pedro de Alva, de Gavinhos e do Mocidade?
- Já tinha ouvido qualquer coisa mas nada de pormenores.
- Pois é meu caro, vai ser uma maravilha para quem lá joga.
- Até apetece ser rasteirado....E quem é que paga?
- Creio que, além da autarquia, parece que o governo lançou uma iniciativa para promover a construção e, por tal motivo, pagará alguma coisa...
- Mas Luís, achas mesmo necessário tal intervenção naqueles campos de futebol?
- Creio que é sempre uma mais valia para o desporto e para quem o quer praticar.
- Pois, és capaz de ter razão. E outra coisa, qual deles via ser eleito o "estádio municipal"?
- Está-se mesmo a ver qual será...
- O de Gavinhos?
- Claro, ou pensas que quem parte e reparte não há-de ficar com a melhor parte.
- Mas fica tão à beira da estrada, sem lugares para estacionar nem zona para se expandir...
- Meu caro Mário, se houver dinheiro tudo se consegue.
- Bem, por esse prisma, não existem dúvidas que assim será. Mas, mesmo assim, continuo a achar que o campo do Mocidade, ou da Serra como lhe chamam, reunia todas as condições para se tornar no campo municipal, dadas as características do terreno onde está instalado, da capacidade que tem para se expandir e no facto de, aí sim, se encontrar localizado num ponto mais central do concelho.
- Pois é Mário, mas não te esqueças de onde são os que decidem essas coisas. E se, nos restantes equipamentos desportivos fizeram as asneiras que estão à vista, não seria de esperar que desta vez acertassem.
- Pois, tens toda a razão, basta por exemplo ver o estado de degradação a que o "ténis" chegou e a vontade que os responsáveis pela sua manutenção têm em o recuperar.
- De facto, não é preciso ir muito longe para verificar o que ainda existem situações na nossa terra que necessitavam de um intervenção urgente para, pelo menos, as pessoas saberem que delas alguém é dono e que se esforça por delas bem tratar.
- Pois é meu amigo, aqui as coisas são como são. Os donos não querem saber das coisas velhas e que, eventualmente, lhes trazem má memória, antes preferindo construir novo e bonito para, claro, fazerem a respectiva inauguração.

O FIM DAS FÉRIAS

- Finalmente Mário, regressaste!!!
- É verdade D. Rosalinda, já tinha saudades da recepção da Pensão.
- Só da recepção?
- Claro que não. De todos vós e das nossas intermináveis conversas.
- Então conta-me lá como foi essa viagem, estou mortinha por saber por onde andaste e o que viste.
- Olhe D. Rosalinda, corri a Europa de lés a lés. Fui a Espanha, à França, Holanda, Áustria, Suíça, Grécia, Itália, enfim, quase a todos os países e capitais.
- Sabe bem receber assim uma boa quantia, de um tio quase desconhecido, e partir à descoberta das maravilhas na nossa velha Europa.
- Tem toda a razão D. Rosalinda, mas agora, por uns tempos, vou acalmar por aqui e digerir o resultado de toda essa experiência.
- Sabe bem voltar aos lençóis branquinhos da Pensão, não sabe?
- Claro que sabe D. Rosalinda mas, aquilo que mais saudades me deixou, foram os cozinhados da Susana. Sempre que comia nesses restaurantes espalhados por essa Europa, pensava naquele cabrito assado ou naquela lebre à caçador ou até mesmo na chanfana à moda de Penacova que deixei aqui na Pensão.
- Espero que os tenha divulgado bem.
- Claro que sim D. Rosalinda. Houve até um dia num restaurante grego em que, após ter tecido rasgados elogios aos escalopes de vitela da Susana, o chefe de sala quase me obrigou a escrever a receita no livro que todos utilizavam na cozinha para confeccionar as refeições.
- Por este andar ainda vamos ter que dispensar a Susana para um desses famosos restaurantes.
- Nunca se sabe D. Rosalinda, nunca se sabe....Então e novidades por aqui?
- Muitas novidades Mário. Tantas que nem imaginas.
- Assim há-de ser D. Rosalinda, numa terra onde nada acontece e, quando acontece, nunca deveria ter acontecido, parece-me fruta a mais.
- Não Mário, desta vez vão acontecer mesmo coisas diferentes. Vão construir um parque de estacionamento subterrâneo aqui no Terreiro, uma biblioteca e um auditório junto ao cemitério da Eirinha e, junto à piscinas municipais, o novo tribunal judicial.
- Obras de regime???
- Talvez, mas não deixam de ser obras!!!
- E o hotel de Penacova?
- Esse reabriu com nova gerência.
- Como assim?
- Então, desde que o irlandês voou para outras paragens, o nosso presidente pôs-se em campo para arranjar um parceiro à altura de tamanha empresa.
- E conseguiu?
- Claro que conseguiu, quando se tem maioria tudo se consegue. E arranjou um empresário da Curia para tomar conta do empreendimento.
- E com que futuro?
- Olha, provavelmente como o mesmo. Sem prometer nada a ninguém, põe lá o pessoal a servir umas refeições e a receber uns quaisquer hóspedes que se arrisquem por estas bandas e depois logo se vê….
- O costume portanto.
- Sim claro, para não surpreender aqueles que continuam a achar que não vale a pena apostar em Penacova.
- Mas já são pouco D. Rosalinda!!!
- Pois são, e logo por azar são os que mais podem…

domingo, 8 de junho de 2008

TABERNA ALTERNADEIRA

- Meu Deus Luís, o estado em que tu te encontras homem!!!!
- Como assim Mário?
- Então, não vês que estás completamente ébrio, a cambalear e a tropeçar constantemente em tudo o que te aparece à frente....não devias comporta-te dessa maneira.
- Olha Mário (hic), passei a tarde na Taberna a conversar (hic) e sabes como é, copo para aqui, como para ali e, claro (hic) o resultado está à vista.
-E que resultado!!! Só espero que a D. Rosalinda não te veja nesse estado porque, se assim for, é bem capaz de te expulsar da Pensão.
- Querido Mário (hic), prometo que me vou controlar ao máximo para que ninguém note que em estou alcoolicamente bem-disposto, além disso, o meu estado só comprova que o vinho era bom.
- Pois, pois, vai para lá com essa. Nem te atrevas sequer a referir que estiveste a beber vinho toda tarde, ouviste?
- Juro que nada direi.
- Juras? Quem mais jura mais mente. Mas conta-me lá onde fica essa taberna?
- Então não sabes?
- Eu não, normalmente não saio daqui e também não ando muito a par dessas novidades.
- Então, eu vou-te explicar (hic), mas primeiro tens que me dar um copito.
- Nem pensar rapaz, do que tu precisas é de um banho para ver se refrescas as ideias. Mas conta-me lá onde fica.
- Olha, se desceres por ali (hic), e cortares na primeira à direita, logo te apercebes do "palhinhas" pendurado à entrada da porta.
- Um "palhinhas", muito interessante. Então e sobre que coisas tão entusiasmantes é que vocês conversaram por lá?
- Olha, tirando a vitória da selecção sobre a Turquia, também estivemos a discutir (hic) o resultado das sondagens feita aos penacovenses (hic), sobre o destino que deve ser dado ao hotel.
- E que conclusão é que chegaram???
- Que dava uma óptima casa de alterne.
- A sério? Os penacovenses decidiram nesse sentido?
- Claro (hic), que mais poderiam ter decidido, que não fosse essa possibilidade?
- Bem, se pensarmos nas características do edifício e no local onde se encontra, não diria que esse fosse o melhor fim a dar-lhe. De qualquer maneira, para estar como está, qualquer destino que lhe seja dado será uma mais valia, pois não se admite uma unidade hoteleira daquelas permaneça ao abandono.
- Foi o que todos (hic) que lá estavam pensaram.
- E que mais é que vocês por lá falam.
- Sobre tudo Mário (hic). Política, ambiente, terrorismo, papa-reformas e sobre muitas mais coisas.
- Puxa homem, são conversas interessantes.
- Mas mesmo bom é lá estar e fazer uns comentários a condizer.
- Sabes uma coisa Luís, vou fazer uma pausa de meia hora para lá dar uma saltada.
- Então e eu?
- Tu estás bêbado e como tal, deves subir e tomar um banhinho ou então, como aconselham os mais velhos, beber um café com sal.

sábado, 7 de junho de 2008

A CENOURA

Li e gostei do que escreveu o Eduardo. Tal como ele, concordo com a ideia de que o nosso país vive na ilusão dos grandes feitos e agarrado à saudade do imenso império que criou e não soube manter.
Vejo que, por momentos, todo o povo fica siderado com a ideia de que a "nossa" selecção vai, finalmente, vencer o Europeu e que os nossos jogadores vão regressar carregados de glória a um país cuja auto-estima, há muito que se encontra pelas ruas da amargura.

Para mim, acho que o sonho vai durar pouco, não porque os rapazes não joguem bem, mas apenas porque os acho mais interessados em andar na moda, em ter lindas namoradas e em construir o futuro numa "grande" equipa europeia do que em defender as cores da nossa bandeira.

Quanto ao resto, e sabendo que o português, por norma, é um indivíduo que ganha mal, que veste mal, que se alimenta mal, que lê mal, que escreve mal e que normalmente está sempre a ser tramado pelos seus eleitos mas que, em contra-partida, fala bem ao telemóvel, tem o melhor carro da rua, a barriga mais proeminente da vizinhança, ou a mulher mais loura do bairro, que ama o seu clube, ama a Amália e não perde um peregrinação à Cova da Iria e que até tira da boca para alimentar as suas ilusões, até acabo por compreender porque é que o Estado utiliza o Fado, Fátima e o Futebol como cenoura para obter os resultados pretendidos, com o objectivo de os mostrar a um povo que adora fogo de artifício.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

AS PERNAS DA CAROLINA

- Mário, caro Mário, o teu Porto lá foi penalizado com um anito....
- Olha João, se queres saber, acho muito bem-feito. Não se admite que um presidente de um clube com tão grande carisma, seja tão ingénuo a ponto de se deixar embeiçar por uma galdéria e, mais grave ainda, de permitir que ela tivesse conhecimento de tudo aquilo que se passa nos bastidores do futebol, sim porque não me venham dizer que no futebol tudo é claro e transparente.
- Segura-te Mário, pareces o gaiteiro a falar.
- Sabes João, custa-me ver as coisas acontecerem desta maneira, principalmente quando não é necessário andar a subornar árbitros, fiscais de linha e outros tais que gostam de viajar e de receber fruta porque, com um plantel como aquele, bastava terem jogado bom futebol. Só espero que o Filipe Vieira também conheça uma Carolina que lhe enfernize a vida.
- Ainda achas que foi o Filipe?
- Claro que acho, quem mais poderia ter sido?
- Mas o Pinto da Costa tem muitos inimigos, e tu sabes bem disso.
- Pois, tens razão, mas nenhum deles é mulher e muito menos prostituta. Não viste o exemplo da ex-mulher que já está com ele outra vez e desistiu de todas as queixas que apresentou contra ele.
- Imagino a que preço!!!
- O preço não interessa, o que interessa é o resultado que, no caso concreto, até veio mesmo a calhar, pois assim é menos uma dor de cabeça para o homem
- Olha amigo Mário, só te tenho a dizer uma coisa. Quem anda à chuva molha-se.
- Pois, eu sei, mas podia ser chuva miudinha João, para não magoar tanto.

DE ESPANHA COM AMOR

- Bom dia Susana.
- Bom dia Nicolau. Olha, tenho-te a informar que a entrada para a Pensão se faz pela recepção e não pela cozinha.
- Tens razão mas, sabes, venho ao cheiro.
- Ao cheiro?
- Sim, ao cheiro da comida boa. Do café e das torradas da manhã....
- Pois mas eu não sei a D. Rosalinda está sabedora da situação.
- Olha minha cara se está ou não não sei mas, agora que cá estou dentro, também não me vou embora tão depresssa, pelo menos sem tomar o pequeno-almoço.
- Pois está bem, senta-te aí então e espera. Está a suspirar porquê homem?
- Olha porque a minha profissão de gaiteiro não tem futuro nesta terra e até mesmo neste país.
- Ah sim? E para onde é que tu achas que conseguias mais sucesso?
- Olha, em Espanha, por exemplo.
- E em Espanha porquê?
- Porque em Espanha é tudo melhor. Olha só o caso dos pescadores. Desde que foram impedidos de vender o peixe que pescam em Portugal, arrancaram para Espanha e, vê só, conseguem vender o Peixe mais caro, pagam menos taxas, são mais bem recebidos e, ainda por cima, abastecem os depósitos com combustível mais barato.
- Olha, com toda essa mordomia, ainda vais fazer alguma tourné para o país vizinho.
- Nunca se sabe Susana, nunca se sabe...
I

terça-feira, 3 de junho de 2008

PESCA EM DIRECTO

Ontem, ao ver o prós e contras na televisão da Pensão, fiquei com a agradável sensação de que todos os intervenientes no debate se esforçaram, com urbanidade, por encontrar soluções para a resolução dos problemas que afectam o sector da pesca em Portugal e, naturalmente, na Europa.
A oportunidade com que se realizou tal debate, colocou reclamantes e reclamados num frente-a-frente que teve como principal resultado o estabelecimento de compromissos e metas a alcançar, tanto por parte do governo, como dos representades do sector.
Independentemente de tal debate apenas vincular moralmente os presentes, uma coisa ficou clara. Foi bastante esclarecedor e, acima de tudo, diminuiu as crispações. Além disso trouxe para o grande ecrã um problema social, que nos afecta a todos, e que, pela sua actualidade, ajudou aqueles que o viram, a formar as suas opiniões acerca do assunto, longe do clima de violência e reivindicação que normalmente acompanha o encerramento de uma lota e que, na maior parte das vezes, se traduz na prática de actos insensatos e condenáveis.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Rio Laranja

Não tenho dúvidas absolutamente nenhumas, que o próximo candidato que o partido social democrata vai apresentar ao eleitorado português para ganhar as próximas eleições legislativas vai ser, tão só, o edil da câmara da cidade do Porto, pois só ele tem arrogância necessária e suficiente para agitar os poderes instalados e para trazer uma nova ordem ao país, só não avançando de imediato, porque ainda há muito trabalho mau para fazer até que ele se apresente como o homem ideal para acabar com a hegemonia socialista.
Escusado será dizer que o partido socialista vai ser, de novo, o eleito pelo povo português para governar o país durante mais quatro anos e, a ser assim, só depois desses passados, é que o maior partido da oposição vai conseguir cativar um eleitorado já farto de ver as mesmas caras e consciente de que está na hora de colocar em prática a alternância democrática. Portanto, não me espanta o resultado obtido pela ex-ministra das finanças nem sequer me espanta que os militantes do partido laranja não decidam, para já, lutar pelo poder porque, melhor do que ninguém, sabem não ter hipóteses para o ganhar. Assim, preferem manter em lume brando a vontade de governar, até que, por desgaste, o partido socialista comece a ficar demasiado agarrado ao poder, não por ter vontade de governar, mas apenas por ter vontade de o manter.

O prazer de escrever para o Público

I
- Olha Mário, estava aqui a dar uma navegadela na internet e vi que um artigo publicado no blogue de São Paio de Mondego também foi contemplado na edição impressa do Público do passado dia 31 de Maio.
- A sério, não me diga que foi como o nosso em 15 de Outubro de 2007 menina Alice? Estou tão feliz por em Penacova se "produzirem" textos que, pela sua qualidade, são eleitos para publicação num órgão de comunicação tão conceituado como aquele.
- Eu não me admiro tanto Mário porque, esta coisa de escrever não é propriedade só de alguns, mas sim de muitos que, só não são conhecidos e não exercitam a sua escrita porque, muitas das vezes, não têm meios para o fazer.
- Seja como for menina Alice, é sempre bom ver aquilo que escrevemos está acessível a um número considerável de pessoas, que depois se tornam assíduos leitores daquilo que se vamos continuando a escrever.
- Claro Mário, tens toda a razão e, acima de tudo, como tu disseste, tal situação não deixa de ser uma promoção da nossa terra.
- Olhe menina Alice, em nome da Pensão Viseu, para o blogue de São Paio, para os seus colaboradores e para quem que, daquela equipa, dá o melhor de si nesta causa, que é a divulgação da nossa terra através da blogosfera, dirijo as melhores felicidades e que continuem esse trabalho magnífico.
- Também acho Mário, eles merecem.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Património da juventude

I
- De regresso à Pensão Jaime?
- É verdade Mário, de vez em quando perco-me por aqui.
- Mas perdeste-te por alguma coisa em especial ou apenas por ter tido saudades da terrinha?
- Olha Mário, pelas duas coisas. Aproveitei o facto de, durante este fim-de-semana, decorrer em Penacova a Festa da Juventude e, não nego, também um pouco de saudade desta terra, paisagísticamente, maravilhosa.
- Fizeste muito bem em optar por Penacova este fim-de-semana, porque a coisa promete. A D. Rosalinda é que não vai gostar muito do barulho mas, paciência, porque sem barulho não se faz nada, não achas?
- Caro amigo, Festas da Juventude sem barulho, são impossíveis de acontecer seja em que parte do mundo for!!!
- A Susana está boa?
- Sim, está tudo bem, a Susana, a Luísa, a Cristina, a menina Alice. Muita saúde e, acima de tudo, o negócio não tem corrido mal, apesar da crise.
- Pois, a crise é geral. Greves por todo o lado, preços exorbitantes, salários medíocres, enfim, o costume.
- Parece que, apesar das constantes lutas por uma melhor qualidade de vida, não evoluímos nada, não achas? As pessoas continuam com os mesmos problemas de falta de liquidez, precariedade no trabalho, deficiente assistência médica e tantas outras coisas, que diariamente nos incomodam, e nos fazem andar sem disposição nenhuma para alegrias.
- Olha Mário, não me apetece falar de tristezas. Queria perguntar-te uma coisa.
- Força Jaime, desembucha.
- Li no Notícias de Penacova que o Mirante Emídio da Silva faz 100 anos?
- Pois, parece que sim, mas é só amanhã. Também viste aquelas fotografias?
- Magníficas, mas eu gostaria de oferecer uma outra fotografia, que encontrei no baú do meu avô, e que poderá ficar pendurada na parede da Pensão para celebrar esse acontecimento.
- Por mim acho óptima ideia, mas tens primeiro que falar com a D. Rosalinda.
- Claro que sim Mário!!! Aliás até posso falar já, uma vez que ela se dirige para aqui.
- Olha que rapagão que cá está?
- Bons olhos a vejam D. Rosalinda, a senhora está com bom aspecto!!!
- Tu é que vês mal Jaime, o que eu estou é cada vez mais velha, isso sim.
- Não está nada D. Rosalinda, está é mais sábia.
- Muito obrigada pelo lisonjeio. Fico muito agradecida.
- Olhe D. Rosalinda, antes de falarmos sobre outras coisas, gostaria que a senhora aceitasse um presente meu.
- Um presente? Adoro presentes!!! Então de que se trata?
- Bom D. Rosalinda, como eu sei que a senhora gosta de ver expostas fotografias sobre Penacova, quer sejam antigas ou actuais, trouxe-lhe uma que, no fundo, servirá para celebrar os 100 anos do Mirante.
- Mostra cá Jaime. Olha, nunca a tinha visto o Mirante desta perspectiva!!! E dizes tu que vai quê, fazer 100 anos?
- É verdade D. Rosalinda. Foi inaugurado no dia 31 de Maio de 1908.
- Bom, nesse caso, vou mesmo aceitar o teu presente para pendurar na parede. Só é pena que os responsáveis pela promoção, divulgação e conservação do nosso património, não se tenham lembrado dessa efeméride na nossa terra e, em vez disso, façam uma festa cheia de barulho, mesmo ao pé da nossa porta.
- Olhe D. Rosalinda, mas também é preciso haver eventos dessa natureza na nossa vila. É sinal que está viva.
- Sabes Mário, só é pena que o Dr. Araújo já não viva em Penacova.
- Então porquê D. Rosalinda?
- Porque, ao mínimo barulho no Terreiro, chamava a G.N.R. e acabava logo com a festa.
- Então, se assim é, ainda bem que ele foi viver para Oliveira do Mondego...
I

terça-feira, 27 de maio de 2008

ACONTECEU

- Foi realmente um pena.
- Pois foi D. Rosalinda, principalmente porque era uma pessoa muito divertida que, quando entrava pela cozinha da Pensão, começava logo a contar aquelas estórias divertidas que se passaram com ele.
- Lembras-te Susana, quando ele contava aquela do pousio e do catrapanázio?
- Se lembro D. Rosalinda. Era uma cobra que era dona de um terreno, ou uma coisa assim parecida!!! E quando íamos de táxi a Coimbra às compras e ele conhecia toda a gente por quem passava?
-E todos o cumprimentavam também. Era mais uma das pessoas divertidas que nos deixou para sempre.
- Olhe D. Rosalinda, o que eu costumo dizer quando isto acontece, é que ficam os bons momentos que em vida passámos e as recordações com que ficámos.
- É verdade Susana, costuma-se dizer que "a vida são umas férias que a morte nos dá".
- E é bem verdade D. Rosalinda porque, afinal, não valemos nada e, neste mundo, devemos andar sem nos chatearmos uns com os outros porque a nossa passagem por aqui é demasiado curta.
- Estão falar de quê afinal?
- Olha Mário, estamos a recordar aquelas coisas engraçadas que o Sr. Alípio Costa dizia.
- Então porquê?
- Não ouviste os sinais?
- Claro que ouvi, mas estava tão atarefado com as minhas ocupações que nem tive curiosidade em saber quem foi.
- Pois faleceu hoje.
- Que pena, era bom homem e gostava de fazer os outros felizes com aquelas estórias que contava que pareciam saídas de um filme do Mr. Bean.
- Pois era Mário, contava aquelas coisas com uma graça que era impossível não rirmos às gargalhadas.
- Olha Susana, fica a memória das coisas boas.
- Era exactamente disso que estávamos a falar.
- O funeral é quando?
- Creio que é amanhã às 18 horas.
- Vou fazer os possíveis para o acompanhar na última morada.
- Sim, é o mínimo que podemos fazer.

domingo, 25 de maio de 2008

O DITO POR NÃO DITO

- Boa tarde senhor, dá-me licença?
- Concerteza meu caro, faça favor. Então, o que o traz por aqui?
- Sabe senhor, eu sou funcionário da autarquia e vim aqui tentar corrigir um equívoco.
- Diga lá então.
- Há dias, a propósito do Parque Patrimonial do Mondego, foi aqui dito por alguém que os funcionários da autarquia andavam a despejar o limpa-fossas directamente no rio.
- E é falso meu caro?
- Completamente falso. O que se tem acontecido é muito simples de explicar. Desde que recomeçaram as obras do LIDL são inúmeros os limpa-fossas que se dirigem ao rio para abastecer de água a fim de manter limpa a estrada utilizada pelos camiões que, como sabe, está toda enlameada por causa da chuva que tem caído.
- Ah, agora compreendo, o que parecia ser um despejo, é afinal um abastecimento, não é verdade?
- Exactamente.
- Então e por tal motivo deslocou-se o senhor aqui à Pensão para desfazer tal equívoco.
- É verdade, e olhe que o meu chefe está muito chateado com essa insinuação.
- Diga ao seu chefe que está tudo esclarecido e que tal equívoco não volta acontecer. Mas diga-me cá outra coisa. Não é verdade que há uns tempos o conteúdo dos limpa-fossas era despejado em pinhais e até no próprio rio?
- Sim, nos pinhais eram despejados, mas só a pedido dos donos, e no rio também acontecia mas não me lembro há quanto tempo, em que sítios, nem quantas vezes.
- Então, não foi tão descabida a conclusão que se tirou quando os limpa-fossas foram vistos junto ao rio, não é verdade?
- Sim é possível tirar essa conclusão, mas juro-lhe que isso não acontece há muito tempo, pois as normas que regem o ambiente, são totalmente respeitadas.
- Então, nesse caso, onde é que despejam?
- Nas E.T.A.R's, pois então!!!
- Ainda bem que assim é, e que agora estamos bem melhor esclarecidos acerca do destino que é dado a tal efluente. Agora meu caro, uma vez que estamos perfeitamente elucidados e que tudo não passou de um mal-entendido, diga-me se vai tomar alguma coisa.
- Olhe senhor, só se for um tintito.
- Lamento meu caro, mas na Pensão não servimos vinho à taça.

LUTAS DE VIDA

- Arrepiei-me toda D. Rosalinda, foi uma coisa nunca vista...
- Estás a falar de quê rapariga?
- Do festival da canção, do que é que havia de ser?
- Olha Luísa, nem sequer estava a pensar em tal coisa, mas também eu me arrepiei. Há muito tempo que não se ouvia canção tão bonita a representar Portugal.
- Também acho D. Rosalina, ainda bem que houve a Operação Triunfo para descobrir todas as bonitas vozes que por este país cantam.
- Olha Luísa, a julgar pelo resultado, continuamos a ser um país pequeno de grandes cantores. Por muito bonita que seja a canção que nos vai representar, ficamos sempre aquém das (nossas) expectativas.
- Deixe lá D. Rosalinda, ao menos vamos lá e mostramos a nossa raça!!!
- Pois pois Luísa, o que nos vale é a nossa raça.
- Olhe D. Rosalinda, vem aí a menina Alice e eu aproveitou para ir andando para o andar de cima arrumar os quartos.
- Vai lá Luísa que é quase meio-dia e ainda tens muito que fazer. Então minha filha, dormiste bem?
- Mais ou menos avó. Com esta chuva toda a noite a cair, não consegui pregar olho.
- Dormes durante a tarde Alice.
- Olha Avó, quero perguntar-te uma coisa, conheceste o Dr. Homero Pimentel?
- Claro que conheci. Todos em Penacova com a minha idade e com a idade do teu pai, conheceram o Dr. Homero. Uns como professor, outros como pessoa boa que era.
- Pois devia ser um boa pessoa, para darem o seu nome à rua junto das escolas.
- Junto às escolas cuja construção ele iniciou, convém frisar, porque foi ele que há trinta e tal anos colocou a primeira pedra no edifício onde hoje funciona o ciclo.
- Ainda bem que a nossa terra reconhece os seu filhos e, principalmente, aqueles que por ela fizeram algo de relevante.
- Não será bem assim mas, no caso concreto, acaba por ser uma justa homenagem o que não quer dizer que todas o tenham sido ou até mesmo que todos aqueles que por Penacova alguma coisa fizeram, tenham sido homenageados.
- Pois avó, mas para esses fica a memória daqueles que fazem questão de não os deixar esquecer. Quanto aos outros, se não houver quem tome a iniciativa de lhes prestar o justo reconhecimento, acabam por cair no esquecimento.
- É a vida Alice. Às vezes, mais do que todos desejariam, os que mais fizeram por uma nobre causa, são os ficam esquecidos, ou porque se tornaram incomódos em demasia ou porque, os que cá ficaram, não souberam, ou não lhes foi permitido, lutarem por esse reconhecimento.
- Olha Avó, a propósito disso estava aqui a ler um poema de Brecht que nos faz pensar precisamente na importância da obra das pessoas que nunca abandonam o objectivo pelo qual lutam durante toda a vida.
- Então Alice, porque esperas?
- Aqui vai avó:
Há homens que lutam uma hora e são bons,
Há homens que lutam um ano e são melhores,
Há homens que lutam muitos anos e são muito melhores,
Mas há homens que lutam toda a vida: Esses são os imprescindíveis.
I

quarta-feira, 21 de maio de 2008

BONITAS MULHERES SEM POLITIQUICES

- Então rapaz, bom olhos te vejam!!!
- É verdade Mário, há algum tempo que não passava por aqui.
- Tens andado ocupado?
- Muito ocupado meu caro, tenho que andar de um lado para o outro, todos os dias sem parar, e por isso não tem sido fácil dispor de algum tempo para passar por aqui e conversar contigo.
- Pois, imagino que não seja fácil. E a vida corre?
- Tem que correr, apesar da crise, o dinheiro não se ganha se ficarmos em casa, se bem que, ao preço que estão as coisas, não compensa muito andar de um lado para outro a tentar ganhar algo mais.
- Está terrível esta vida, não está Luís?
- Se está Mário, então a julgar pelo preço dos combustíveis que não para de aumentar.
- Olha amigo, mais vale não pensar nisso porque senão não saímos de casa e tu bem sabes que em casa não ganhamos dinheiro.
- Pois está bem, mas também não o gastamos.
- Falemos de coisas mais alegres. Por cá está tudo bem?
- Olha amigo, tivemos um fim-de-semana em cheio. Um desfile de moda e um festival de fanfarras.
- Fogo, tanta coisa em dois dias?
- É verdade Luís e digo-te uma coisa, não imaginas as beldades que por aqui temos.
- Nem tu imaginas o quanto eu imagino Mário. Sei muito bem que Penacova é uma terra de bonitas mulheres que, quando se cuidam, ficam tão bonitas como qualquer modelo de capa de revista.
- E este fim-de-semana, vai haver alguma coisa por aqui?
- Claro que vai, ultimamente tem sido uma coisa fora do comum. Todos os fins-de-semana há qualquer coisa nas diversas localidades do nosso concelho e este não é excepção.
- Então conta lá.
- Olha amigo, a partir de amanhã, vai ter lugar em Lorvão a Feira de Artes e Cultura que se vai prolongar até Domingo.
- Bom, nesse caso, vou ficar por aqui mais uns dias e aproveitar para visitar a vila do mosteiro.
- Se ficares por cá, vais ter a oportunidade de assistir ao IV Encontro de Coros na Casa do Povo.
- Ena pá, tanta coisa em quatro dias!!!!
- É para tu veres. Não há fome que não dê em fartura.
- É sinal que a sociedade está activa e a funcionar e que as colectividades demonstram ter capacidade para organizar eventos interessantes.
- Sem politiquices.
- Exactamente. Apenas com objectivo de valorizar a terra onde vivem e contribuir para preservar o património que a todos pertence.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

COMPARAÇÕES DE MERDA

- Desculpe Sr. Joaquim mas, como bem sabe, é proibido fumar em recintos fechados.
- Tem razão Mário mas, perante a notícia hoje tornada pública, a proibição afinal pode ser contornada.
- Pois é meu caro Joaquim, mas apenas por ministros.
- Então quer dizer que se o Sr. Sócrates e o Sr. Pinho entrassem pela pensão dentro de cigarro na boca, o meu amigo até lhe ia levar o cinzeiro, não era?
- Bem, o cinzeiro não lhe levaria mas, provavelmente ficava um bocado embaraçado.
- Mas tinha que, pelo menos, fazer algum reparo.
- Poderia, por exemplo, começar a limpar os avisos que se encontram nas várias salas da pensão, assim como quem não quer a coisa mas sempre a querê-la.
-Já percebi Mário. Você limitava-se a provocar um situação que os alertasse para a infracção que estavam a cometer.
- Exacto.
- Então porque é que eu não tenho o mesmo tipo de tratamento?
- Então meu caro Joaquim, é fácil de perceber porquê.
- Vá, diga lá.
- Muito simplesmente porque o nosso primeiro-ministro não entraria na pensão a fumar um cigarro mas sim um charuto e, por tal motivo, as regras a aplicar seriam outras uma vez que se tratava de algo que, pelas suas características, não podia ser comparado a um simples cigarro.
- Olhe Mário, sabe uma coisa?
- Diga Joaquim.
- Vá à MERDA.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

GUERRA DAS CAPELINHAS

- Conta-me cá Leonardo. Tu, que foste polícia, achas que foi boa a escolha de Almeida Rodrigues para director nacional da Polícia Judiciária?
- Acho que sim Mário, até acho que já devia ter sido assim há muito tempo.
- Mas normalmente quem é investido nesse cargo, é um magistrado judicial ou do ministério público.
- Pois, assim tem sido e se calhar é por causa disso que os problemas teimam em não ser resolvidos.
- E achas que agora vão desaparecer de um dia para o outro?
- Isso não direi Mário, mas sou da opinião que poderá ser uma boa solução para, pelo menos, restituir à polícia judiciária o estatuto de que sempre gozou.
- Sim, na verdade a PJ sempre foi a menina dos olhos do ministério da justiça e sempre foi tida como uma das melhores do mundo, do tipo que resolvia os casos mais bicudos e aparentemente irresolúveis.
- Olha Mário, eu creio que o grande problema da PJ foi não ter conseguido lidar com as vozes que se levantaram contra o método utilizado no caso Madeleine. Até ali nunca tinham sido questionados porque os resultados iam aparecendo de forma positiva, sem muito mediatismo, sempre com a prata da casa, obtendo confissões alegadamente à força, enfim, tudo na maior das tranquilidades. Depois do caso da menina McCann, as coisas nunca mais foram iguais.
- Sim Leonardo, também me apercebi que eles não estavam muito à vontade para esclarecer as dúvidas, quer dos advogados dos pais da menina quer dos jornalistas e dos peritos ingleses.
- Por tudo isso amigo Mário, por acharem que não tinham que prestar esclarecimentos a ninguém é que se começaram aperceber que não eram assim tão infalíveis e depois disso, começaram a aparecer os pontos mais fracos daquela polícia, com a substituição dos responsáveis pela investigação, enfim uma grande trapalhada.
- E achas que vai resolver alguma coisa?
- Acho que sim Mário, mas para mim o ideal era que todos pertencessem a um só organismo, tutelado por um só ministério.
- Tal como defendia o Alípio Ribeiro?
- Exactamente!!! Assim acabavam as capelinhas e todos trabalhavam para o mesmo sem andarem a esconder as coisas uns dos outros e a ver a quem é que cabe fazer isto ou aquilo.
- E sempre à custa dos contribuintes...
- Claro, como se os problemas do dia-a-dia não bastassem para nos incomodar, ainda temos que andar preocupados em saber se as polícias desempenham convenientemente o papel para que foram criadas.
- Olha amigo, vamos mudar de assunto e beber mais uma imperial, acompanhada por um pires de tremoços da Luz para desanuviar um pouco e para arranjar apetite para o jantar.

terça-feira, 6 de maio de 2008

DESPUDORADAMENTE EMBRIAGADOS

O Riças andava extremamente inquieto, não parando de se coçar e de lamber aquelas partes que só os cães gostam de lamber despudoradamente, como se não soubessem o significado do termo, ou talvez por isso mesmo.
Com o tímido chegar do tempo quente, a esplanada já acolhia os hóspedes que adoravam apreciar a vista sobre o Mondego.
Uns eram ingleses, outros finlandeses, alguns espanhóis e outros portugueses. Por norma, nem uns nem outros gostam de exagerar no consumo de bebidas alcoólicas, não que às vezes não lhes apeteça mas, ao olharem para o aspecto respeitável da pensão, logo pensam duas vezes antes de iniciarem uma viagem com um regresso quase sempre conhecido mas esquecido. Em todo o caso a D. Rosalinda fez questão de me advertir da necessidade de "controlar" os casais com filhos pequenos, para a eventualidade de cometerem alguns excessos do tipo daquele que aconteceu em Vilamoura.
I
- Oh D. Rosalinda, fique descansada que ao primeiro sinal de embriaguez vou logo direito à pessoa na tentativa de a dissuadir de tal comportamento.
- Fazes bem Mário, não quero cá crianças embaraçadas a olhar para os pais embriagados.
- Sabe uma coisa D. Rosalinda, os papéis parece estarem a inverter-se.
- Achas Mário?
- Claro que sim D. Rosalinda. Se até aqui eram os pais que ficavam embaraçados com o comportamento dos filhos agora são os filhos que ficam embaraçados com o comportamento dos pais.
- Tens toda a razão Mário. Parece que à medida que crescem ficam mais irresponsáveis.
- É do stress D. Rosalinda.
-Bom, hoje em dia o stress é desculpa para tudo.
- Para quase tudo D. Rosalinda, porque para a estupidez e para a irresponsabilidade não é desculpa concerteza.
- Olha Mário, cá para mim a culpa principal é do alcoól.
- Como assim D. Rosalinda?
- Então, se eles não beberem não fazem asneiras.
- E se calhar também não vinham para Portugal?
- És capaz de ter razão Mário mas, pelo sim e pelo não, vai deitando o olho àquele casal de inglês com os dois meninos que estão na mesa 9 da esplanada.
- E se eles se portarem mal?
- Nesse caso tens que ser tu a levá-los para a cama.
- E os meninos?
- Chamas a Luísa que ela leva-os para a cozinha onde, com a Susana, tratará muito bem deles.
- Eu vi logo que ia sobrar para mim. A partir de agora só bebem água ou cerveja que não embebede.

sábado, 3 de maio de 2008

ESPIRITUALIDADES

- D. Rosalinda, então que cara é essa?
- Olha Mário é cara de cansada....Sabes que vir a pé desde a "Rotunda da Roda" e depois estar ali em pé uma data de tempo já não é bem para a minha idade, não achas?
- Bom D. Rosalinda, costuma-se dizer que quem corre por gosto não cansa...
- Pois está bem, já sei, mas não tenho tempo para essas conversas pois tenho que ir para a cama descansar as pernas.
- Faz bem D. Rosalinda, daqui a nada vou fazer o mesmo porque a noite está fresca demais para estarmos lá fora na esplanada.
- Então, fica cá dentro e vê se chegam clientes.
- É o que vou fazer D. Rosalinda. Durma bem!!!
- Até amanhã para vocês os dois.
- Até amanhã D. Rosalinda - responderam em uníssono.
- Esteve muita gente no Terreiro esta noite, não esteve Mário?
- Se esteve Luís!!! Dúvidas não existam de que este padre sabe cativar os católicos da nossa terra...
- Soube unir o rebanho, queres tu dizer.
- Sim, pode ser visto dessa maneira, mas também é certo que o rebanho necessitava de outro pastor.
- Olha meu caro Luís, nunca gostei muito dessas coisas de rebanho, parece que cada um não sabe tomar conta de si.
- Pelos vistos, a julgar pela quantidade de pessoas que lá estavam!!!
- Pois tens razão amigo, mas o que eu acho estranho, e até difícil de aceitar, é que a igreja na nossa terra é a única "organização" que consegue atrair o interesse das pessoas a ponto de reunir num só espaço uma quantidade significativa de fiéis.
- Isso só acontece porque as outras "organizações" da nossa terra, não estão reunidas à volta de um interesse comum e talvez por isso não sejam tão atraentes aos olhos dos que procuram algo mais para além dos problemas do dia-a-dia muitas das vezes tão extenuantes.
- Estás então a dizer que todos aqueles que lá estavam, faziam-no apenas pela busca do conforto e da paz de espírito, do reencontro com Cristo, despojados das riquezas aparentes, da vaidade, da hipocrisia ou até mesmo da avareza ou da mentira?
- Bem....não direi que toda a gente estivesse lá imbuída desse espírito mas, pelo menos um devia estar.
- Quem?
- O Sr. Padre, pois claro.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

UMA QUESTÃO DE RECIPIENTE

- Estavas à espera que houvesse resposta?
- Não, claro que não, mas é uma vergonha todos admitirem que isso acontece e nada fazerem para o impedir!!!
- Não te esqueças meu caro, que os partidos políticos têm necessidade de ter em lugares chave da nossa economia, e não só claro, indivíduos que, a qualquer momento, estabeleçam a ponte entre quem governa, os patrões e os governados.
- Até há quem diga que, em política, só os porcos é que mudam porque, relativamente à maceira, essa é, e será sempre a mesma.

PARQUE PATRIMONIAL DO MONDEGO - UMA (PRECIOSA) CONTRIBUIÇÃO

- Então D. Rosalinda, também tem ouvido falar no Parque Patrimonial do Mondego?
- Sim Mário, claro que sim. Até te digo que o rapaz que está à frente dessa iniciativa, tem olho para o assunto e a ideia de (re) criar todo o ambiente que rodeava a vida dos barqueiros, das lavadeiras e de todos aqueles que do rio tiravam o seu sustento tem pernas para andar.
- Foi o que eu pensei D. Rosalinda, sé espero que todos cumpram a sua quota parte na "construção" desse parque.
- Digo-te uma coisa Mário, enquanto todos continuarem a pensar que o rio é um caixote do lixo, esse projecto não vai em frente.
- Também sou da sua opinião, mas também lhe digo que se não houver uma fiscalização eficaz, essa iniciativa não passará de um processo de boas intenções, tanto mais que, quem devia fiscalizar, não dá o melhor exemplo aos munícipes.
- Estás a falar dos responsáveis pela área do ambiente (se é que existe), da autarquia?
- Claro que sim D. Rosalinda, ainda na passada 3ª feira o limpa-fossas da Câmara Municipal estava a descarregar o seu conteúdo directamente para o leito do rio, não crendo eu que, com tal atitude, a autarquia contribua para o sucesso dessa iniciativa.
- A não ser que seja a forma que os nossos autarcas encontraram para fertilizar a flora e a fauna existentes no rio, ou então, para participar na construção desse bendito parque.....

quarta-feira, 9 de abril de 2008

CAÇADORES (DES)AFORTUNADOS

- Então Alice, ainda não falámos de como correu o dia no parque verde de Penacova.
- Ai Susana, nem me fales!!! Olha, o parque de verde não tem nada. Em vez de lá colocarem uma árvores já crescidas, com algumas folhas para decorar, colocaram lá uns paus virados ao ar que não dá para perceber muito bem se são árvores ou se são simplesmente umas estacas.
- Mas tens que compreender que, provavelmente, não tinham disponíveis árvores maiores e mais "decoradas" como tu dizes para lá colocarem e, por tal facto, tiveram que se remediar com as que lá estão.
- Lérias Susana, são só lérias que eles todos têm. O "Parque Verde" como lhe chamam, é a prova que nesta terra nada muda. Fazem tudo para poupar e, depois, dizem que não era possível fazer melhor.
- Sim, tens razão. Se pensarmos no pavilhão gimnodesportivo, nas piscinas municipais, é fácil perceber que aqui tudo nasce torto e tarde ou nunca se endireita.
- Depois Susana, por os responsáveis pela autarquia não fazerem as coisas como deve ser, têm que os clubes pôr mãos à obra para colmatar as deficiências das infra-estruturas existentes, como em Chelo por exemplo.
- E, às tantas, com subsídios da autarquia!!!!
- Isso não sei Susana mas, pelo menos, vão ser convidados para a inauguração as mais distintas entidades do nosso concelho e arredores.
- Então Alice, não digas mais nada.
- Como assim Susana?
- Então, está bom de ver, abriu a caça ao voto e quanto mais inaugurações tiverem lugar, mais votos amealham.
- És capaz de ter razão, olha que não tinha pensado nisso.

quinta-feira, 27 de março de 2008

O DILEMA DO SEXO

A menina Alice, muito surpreendida, perguntou à avó se apenas às mulheres estava concedida a faculdade de terem filhos.

- Claro que sim minha filha. Porque é que perguntas?
- Sabes avó, é que eu vi na televisão uma notícia sobre um homem que vai ter uma filha em Junho!!!
- Credo filha, como é que pode ser possível???
- É verdade avó.
- Olha minha filha, também há uns anos, ainda tu não eras nascida, deram notícia de um homem que ía ser mãe, tudo não passou de um farsa.
- Mas desta vez é verdade, o rapaz conseguiu engravidar de uma menina!!!
- Mas ele nunca foi mulher? Sim porque estas coisas não acontecem por acaso. O ser humano tem que ter determinadas caraterísticas para conceber uma criança.
- Pois está bem. Mas este já foi mulher!!!
- Então, só podia....não há milagres!!!
- Então....quer dizer que o rapaz já foi mulher, mudou de sexo para ser homem e agora tem um filho como as mulheres?!?!
- Pois é Alice, as pessoas são muito esquisitas. Já imaginaste o dilema daquela criança? Quando crescer, não sabe se há-de chamar pai ou mãe.
- Muito complicado avó. Vale mais sermos como somos e não ligar muito a estas transsexualidades.

sábado, 22 de março de 2008

LIBERDADE - UNS COM TANTA OUTROS COM TÃO POUCA

O Luís é um amigo de longa data. Faz da Pensão a sua 2ª casa e, sempre que pode, vem cá tomar o cafezinho do almoço. Hoje, tal como nos outros dias, aparece por esta hora para tomar o dito e conversar um pouco.
I
- Então Mário, tudo bem?
- Tudo na maior Luís. Queres um café?
- Sim claro. Pelo que estou a ver também vais jogar.
- Claro que vou, aliás, tenho a sensação que o jogo nem se realizaria se eu não jogasse.
- Era melhor.
- Estou a brincar. E novidades amigo?
- Olha Mário, estou muito apreensivo com a situação no Tibete.
- E não é para menos, tanto mais que a China ameaçou os manifestantes de tomar medidas drásticas para evitar qualquer manifestação de protesto contra aquela ocupação ilegal.
- Faz-nos recordar Tianmen. Todas aquelas mortes.
- São assim as ditaduras meu caro Mário. A opressão mistura-se com o progresso, fazendo-nos pensar por momentos que é tudo um mar de rosas e que as manifestações de descontentamento são episódios pontuais levados a cabo por loucos descontentes e sem razão.
- Propaganda pura e dura. E cá dentro Luís, as coisas também não estão muito bem pois não?
- Não, claro que não, principalmente no ensino.
- Nem me fales Luís. Chocaram-me as imagens daquela aluna a agredir a professora, em plena sala de aula, por causa de um telemóvel.
- Inadmissível Mário. Nunca vi tamanha situação. É a completa degradação do ensino.
- Os pais também não ensinam os filhos a respeitar os professores.
- Claro que não Luís. São demasiado permissivos, havendo casos em que até incentivam os filhos a terem aqueles comportamentos.
- Sabes Mário, eu não consigo compreender como é que um pai que não é professor, que não está dentro dos programas e ainda por cima não acompanha o percurso escolar dos seus filhos, se sente com legitimidade para julgar a capacidade profissional dos professores?
- Mas os professores também têm culpa no cartório.
- Como assim?
- Basta ver a forma como alguns se relacionam com os alunos. Dão-lhes toda a liberdade do mundo, depois quando querem impor autoridade, já não vão a tempo de recuperar o que quer que seja.
- E o ministério também não ajuda.
- Claro que não, depois, ao verem toda esta "perseguição" à classe, os alunos pensam que também lhes é legítimo agirem como se de um colega deles se tratasse.
- Tens razão Luís, tudo isso contribui para que se instale a confusão e depois ninguém sabe quem manda em quem e os casos problemáticos aparecem.
- Até que alguém tome uma posição de força e depois é um 31 porque vêm logo uns sabichões dizer que não se devia agir assim, que deviam ter sido tomadas medidas preventivas, que os meninos são novos, não pensam, ou que os professores são uns “calões”, que só querem greves e tachos….
- Acaba sempre por ser tardia qualquer medida com vista à resolução da situação. E além disso hão-de depois aparecer aqueles que aproveitam toda a confusão para se armarem em vítimas e para reclamarem alguma coisa mais, como de costume.
I

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

TIRO AO ALVO

- Olhe D. Rosalinda, afinal os hóspedes não queriam nada. Sentaram-se para falar um pouco sobre a actualidade.
- Humm!!! Estou a perceber. Já não tenho é tanta agilidade com os dedos, mas ainda consigo acertar num ou noutro.
- D. Rosalinda, não me diga que também está a tentar sair da garagem?
- Não Mário, agora estou a tentar acertar nos políticos.
- Ah...esse jogo também é muito engraçado. Volta e meia estão a mandar-me mails. É bom saber que temos pessoas que se lembram de nós, nem que seja por mail.
- Então Mário, enviar um mail é como escrever uma carta.
- Exactamente D. Rosalinda, sem ter que pagar sêlo.
- Lógico. E com a vantagem de nos podermos rir um bocado.

CONDUTOR DESENRASCADO

- Então Mário, não vê que chegaram pessoas?
- Óh D. Rosalinda, peço imensa desculpa mas estava aqui a tentar sair da garagem?
- Da garagem Mário!?
- Desculpe D. Rosalinda. A Srª. até há-de pensar que eu sou maluco....
- Se não é parece. Que raio de coisa é essa que está para aí a dizer???
- Olhe D. Rosalinda, um amigo enviou-me um jogo por mail, que me estava a deixar tão entusiasmado que eu nem sequer estava com atenção aos hóspedes.
- Pois isso reparei eu, vá lá então Mário e depois pode continuar a "brincar" às garagens.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

FLUVIÁRIO MEDIEVAL

- Ai Susana, já não aguentava o cheiro à lampreia.
- Também eu não Luísa, ainda bem que o Fim-de-Semana dela já acabou.
- Olha Susana, confesso que nem dei por ele ter passado.
- Com assim Luísa?
- Então rapariga, o tempo esteve uma porcaria, o movimento foi o habitual e os visitantes ficaram-se pelos restaurantes.
- Mas a lampreia é para se comer mulher, não me digas que pretendias ver os visitantes a andar por aí de prato na mão de um lado para o outro?
- Não, claro que não, mas não ficava mal vê-los por aí a passear, a divertirem-se com as animações de rua, percebes?
- Claro que percebo Luísa. Assim uma coisa tipo Castro Marim, com comediantes e saltimbancos, donzelas e nobres todos bem vestidos e engalanados.
- Exacto, a dar um ar medieval às coisas.
- Pois minha santa, por aqui não há disso, duvido até que os nossos autarcas saibam que isso existe.
- É uma boa forma de animar os dias dedicados à lampreia meninas.
- Credo Mário, entraste por aí dentro, tão sorrateiro, que ninguém deu por ti.
- É verdade Susana, sorrateiro é o meu nome do meio. Então, fartas de arroz de lampreia?
- Fartíssimas Mário, tão fartas que, nos próximos tempos, nem no nome queremos ouvir falar.
- Mas por aquilo que percebi, também não gostaram do fim-de-semana a ela dedicado.
- Claro que não. Só de imaginar que nem sequer um bailarico para animar foram capazes de fazer.
- Tens razão Luísa, o que realmente fez falta foi um baile dedicado à lampreia. E para ti Luísa, o que mais fez falta nestes dias?
- Olha Mário, tirando o baile que sempre dava para aquecer um bocadito, gostava que os nossos autarcas tivessem feito uma coisa tipo o Fluviário de Mora, onde fosse possível explicar aos visitantes o percurso da lampreia, desde a foz até ao local de desova, isso sim, seria interessante.
- Bem pensado Susana, talvez para o ano essas tuas ideias sejam uma realidade.
- Só se mudarem os autarcas Mário e, mesmo assim, quem sabe se os que para lá forem conseguem mudar alguma coisa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ROSA COM TOMATES

- Afinal não existem motivos para alarme no que toca ao ensino e à saúde no nosso país.
- Achas Mário?
- Claro Luís, se assim não fosse, o homem não estava para ali a vender o seu peixe, como do melhor se tratasse.
- Podes ter razão Mário mas, a julgar pelo descontentamento manifestado pelas classes mais visadas pelas reformas, não creio que as coisas sejam assim tão cor-de-rosa, como pinta o nosso primeiro.
- Olha amigo Luís, conheço alguns professores e outros tantos profissionais da saúde que estão de acordo com a maior parte das reformas nos sectores que mais directamente lhes dizem respeito, por isso, e partindo do princípio que todas as reformas são feitas sob um clima de desconfiança e descontentamento por parte dos "poderes instalados" é perfeitamente natural que exista algum ruído sempre que são levadas à prática.
- Depreendo então que estás de acordo com as mudanças entretanto ocorridas em ambos os sectores.
- Meu caro Luís, aquilo que eu sei é que o país não podia continuar na direcção em que caminhava, sob pena de agravar ainda mais a sua posição face aos demais parceiros europeus e até mesmo mundiais, por tudo isso havia necessidade de agitar as águas ou se preferires, sacudir o pó, que estava há já demasiado tempo a ser varrido para baixo do tapete.
- Mas não te preocupa o facto de haver cada vez mais indecisão quanto ao futuro?
- Não, não me assusta nada, até porque a minha situação e o meu medo antes deste governo assumir funções eram bem maiores do que actualmente.
- Achas?
- Claro que sim!!! Pelo menos sinto que, por exemplo, os serviços públicos estão cada vez mais voltados para servir o cidadão e que a "caça" aos prevaricadores continua a ser eficaz.
- Não sejas assim tão ingénuo Mário porque as coisas não são tão óbvias como aparentam.
- Até poderás ter razão naquilo que me dizes Luís, porém acredito que não são 3 anos de governação que podem definir em absoluto o perfil dum governo quando o que havia para fazer era tanto e tão difícil de concretizar.
- Quer então dizer que está preparado para reconduzir este governo nas próximas eleições?
- Este governo, na totalidade, não direi, mas este 1º ministro com toda a certeza.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

AJUDA (AUTO)DETERMINANTE

- Então Paulo, o jantar estava bom?
- Maravilhoso Mário!!! A Susana não pára de me surpreender. Aquele medalhão de vitela de leite como molho de trufas negras, estava divino.
- E agora, presumo que queiras tomar um digestivo.
- Sim, pode ser.
- Preferes aguardente ou whisky?
- Se calhar vou alinhar numa aguardente. Pode ser uma S. Domingos em balão aquecido.
- É para já Paulo.
- E tu não me acompanhas?
- Também vou beber uma, só que mais pequenina.
- Então os Kosovares lá declararam, unilateralmente, independência.
- Unilateralmente para aqueles lados, porque para estes tiveram muito apoio que, naturalmente, os vai ajudar na nova tarefa de se afirmarem numa região muito complicada.
- Bastante complicada até Mário. Não é por acaso que todos têm algum receio das convulsões sociais naquela zona do mundo.
-Pois, e com razão, porque sempre que as coisas ficaram "fuscas" para aqueles lados, deflagraram duas guerras mundiais.
- Os Balcãs são um autêntico barril de pólvora Mário!!!
- Mas quem levou a que independência fosse declarada unilateralmente, foram os E.U.A. quando manifestaram o total apoio a essa pretensão.
- Olha Mário, esses indivíduos são uns malandros. A custa de quererem meter o bedelho em tudo, em nome da democracia, arrastam países para a confusão e depois, se a coisa dá para o torto, levam todos por tabela.
- É só recordar o caso dos prisioneiros do Iraque que passaram pelos Açores.
- Mas Mário, acho uma grande hipocrisia os nossos governantes andarem a tentar não falar sobre o assunto, a dizer que desconhecem o que realmente se passou, que não têm elementos capazes de comprovar a veracidade de certas afirmações.
- Sejamos honestos Paulo. Qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe perfeitamente da necessidade de reabastecimento que qualquer meio de transporte tem para cruzar o Atlântico e o Carlos César deixou isso muito claro quando disse que, mesmo não tendo a certeza, quase que poderia garantir que isso acontecera.
- Naturalmente que sim. Todos sabemos que é necessário fazer rota nos Açores ou na Madeira para fazer tal travessia, por isso, só não vê quem não quer. Agora aquilo que o governo português fez, a meu ver muito bem, foi permitir que fosse possível o reabastecimento das aeronaves que transportavam os prisioneiros iraquianos, sob pena de, caso não autorizassem, poderem vir a ser acusados de ter contribuído para a morte em alto-mar de todos eles.
- Visto por essa perspectiva até és capaz de ter razão Paulo, tal atitude até devia ser considerada como um elevado contributo para a manutenção da vida por parte do governo português.
- Não duvides que ainda saíamos a ganhar desta confusão toda.
- Olha amigo, vamos acabar por aqui com essa conversa acerca das coisas do mundo e dessas confusões geradas pelo descontentamento do povo, e prestar atenção a mais um episódio do "Conta-me como foi".
- Também gostas Mário?
- Não perco um amigo Paulo.
- Então estás como eu Mário, também me delicio a ver essa série e a forma como retrata a sociedade portuguesa dos anos 68.
- Nos anos do salazarismo queres tu dizer.
- Pois, anos antes de derrubarmos aquela ditadura.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CAPITAL (POLÍTICA) DA LAMPREIA

- Então Mário, está tudo bem?
- Tudo mais ou menos Filipe, quando mal sempre assim. Então, decidiu passar o fim-de-semana na pensão?
- É verdade meu caro. Acredite que só aqui consigo descansar convenientemente.
- Acredito que sim, o mesmo se passa com os restantes hóspedes que fazem questão de nos visitar. Então e novidades?
- Não há muita coisa nova para contar, apenas que, pela primeira vez, durante esta semana, consegui ter acesso ao programa do fim-de-semana da lampreia em Penacova.
- E o que é que achou?
- Olhe Mário, para lhe ser sincero, achei-o muito pouco ambicioso e pobre, e mais pobre ainda por ser esta terra a Capital da Lampreia.
- Isso é porque nós fomos os primeiros. Agora, se me disser que existem outros concelhos que, por esse país fora, fazem muito mais pela lampreia do que Penacova, isso acredito.
- E existem mesmo Mário. Durante esta semana tive a oportunidade de visitar alguns sítios onde esta iguaria se confecciona e verifiquei que todos eles oferecem muito mais do que Penacova, mesmo não sendo Capital.
- Dê-me exemplos.
- Olhe, por exemplo, Vila Nova da Cerveira, Penafiel, Montemor-o-Velho, Gondomar, ou até Tomar, para não falar noutros que aproveitam o facto da lampreia ser abundante nesta época, para fazerem as suas mostras, os seus festivais ou até mesmo as suas semanas gastronómicas dedicadas a esse ciclóstomo.
- Tem razão Filipe. Se compararmos o conteúdo dos programas que frisou com o nosso, então até me atreveria a dizer que deveríamos abdicar do título de Capital da Lampreia e oferecê-lo a uma dessas organizações.
- Não duvide daquilo que lhe estou a dizer. Qualquer dia, um qualquer indivíduo lembra-se de dizer que a sua terra é a Capital Universal da Lampreia e Penacova fica logo esquecida como destino gastronómico.
- Aí mais devagar Filipe, isso não funciona bem assim.
- Acha que não? Então espere para ver. Consegue mostrar-me o que é que o vosso município está a fazer pela promoção da lampreia?
- Bem....fez uns prospectos, pendurou uns cartazes nas árvores e....
- E...?
- Bem, deixe-me pensar um pouco.
- Pois nem que esteja toda a noite a pensar consegue descobrir o que mais, para além disso, fez o município para divulgar e promover a lampreia.
- Então, oferece uns pastéis e sorteia um fim-de-semana nas unidades hoteleiras do concelho.
- Se para si, toda essa promoção é suficiente, então começo a compreender porque razão é tão pobre e tão sem graça o evento mais importante para Penacova.
- Espere aí Filipe, eu também acho que devíamos ser mais ousados na organização deste fim-de-semana mas...
- Consegue explicar-me porque razão a Pensão Viseu não aderiu ao evento como restaurante e alojamento associado?
- Bem, ouvi dizer à D. Rosalinda que o programa era pouco ambicioso e que, por tal facto, não aceitava participar nessa qualidade.
- Vê Mário, está a dar-me razão!!! Até a D. Rosalinda já percebeu que assim não vale a pena. Não basta ter lampreia para cozinhar que faz de uma qualquer terra a sua Capital, é necessário aproveitar esse facto para fazer mais do que apenas oferecer uns doces e vender lampreia a preços módicos.
- Talvez os nossos autarcas tenham sido convidados para, nesse fim-de-semana, irem visitar outros concelhos que entretanto também escolham a lampreia para se projectarem.
- E talvez por esse motivo não pretendam enriquecer o programa do seu concelho, por não terem oportunidade para cá estarem. Olhe que é bem capaz de ter razão Mário.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

DESESPEROS

Regresso à Pensão Viseu, em mais uma viagem a caminho de uma conferência sobre arquitectura, em Lamego.
Na sala de estar, onde converso habitualmente com o Mário e na falta dele, procuro sinais da imprensa de Penacova, enquanto "faço tempo" para descansar...
Por entre os jornais do dia, um nacional e outro de Coimbra, surge o "Nova Esperança", o jornal que afirma estar ao serviço de Penacova há 28 anos.
Ora o que este respeitável jornal nos oferece é mau de mais para valer o tempo que gastei com ele.
Péssimas fotografias, mal enquadradas, mal tratadas, literalmente más de mais e que corariam a própria vergonha. Má redacção, frouxa opinião e temos o mais "certo" jornal desta bela terra.
O jornal sobreviverá, não pela sua qualidade, que não tem, mas por ser mantido por um statos quo benzido a hossanas e hóstias consagradas (tudo coisas respeitáveis também) mas que misturadas com imprensa e supostamente informação, formam um apócrifo caldo de bizarrias.
Um desespero.
Por outro lado, o Jornal de Penacova, surge um pouco como as névoas e definha, admitiu o seu director num editorial, face à ausência de interesse dos empresários do concelho e ao corte no Porte Pago, uma medida (mais uma) daquelas que o governo espumou na sua raiva controladora, higienizadora e economicista.
Portanto, Penacova assume assim, também pela via da imprensa escrita, a sua tradição eucalíptica, isto é, seca tudo o que lhe nasce no regaço.
Sendo eu um amante desta terra, sinto esta amargura ao não ver na sala de estar desta Pensão Viseu, algo que faça parecer descabido este desabafo que aqui vos deixo.
Outro desespero.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

FEVEREIRO NAMORADEIRO

- Como é que conheceste o avô?
- Olha minha querida, o teu avô era um rapaz muito bonito e quando chegou à entrada da pensão, acompanhado pelo pai e pela mãe, logo disse para os meus botões que aquele moço, tão bem apessoado, iria ser o meu marido.
- Assim tão decidida avó?
- Claro minha filha, naquele tempo namorar era uma coisa muito séria. Nada se fazia abertamente e qualquer compromisso assumido era para durar até ao altar.
- Então como explicas a enorme quantidade de filhos de "pai natural" que existiam?
- Porque naquela altura os homens não assumiam nada, eram uns palermas. E depois as pessoas também se calavam, porque as crianças eram filhas dos srs. “fulanos tais” que tinham as suas aventuras por fora e depois era uma vergonha, para a mulher, claro…
- Com sempre. E os filhos?
- Bem, os filhos lá se iam desenrascando. Os que tinham sorte safavam-se, os menos afortunados tinham que fazer por isso.
- Mas hoje é diferente avó.
- Claro filha, só podia ser. Com tanta publicidade a isto e àquilo, com tanto chamamento às coisas que dão prazer sem luta, sem paciência, “só por dá cá aquela palha” é fácil para qualquer adolescente sentir-se atraído por essas "luzes" todas, tanto mais que vocês agora parece que têm 18 anos, são umas "calmeironas", já se maquilham, enfim coisas que no meu tempo, com a tua idade, nem sonhávamos que viessem a suceder.
- Mas nós hoje, com a informação que temos, devemos ser mais responsáveis e não entrar logo de cabeça nas coisas.
- Pois, bem sei, mas há sempre aquele medo.
- Bom avó, seja como for, amanhã o Rui convidou-me para jantar e eu aceitei.
- Mas não fiques por lá até muito tarde, e não te esqueças de te proteger, ouviste?
- Fica descansada avó, que mal possa, venho logo para casa acabar a noite convosco para celebrar o dia que, afinal, ainda é um dia muito bonito para todas as mulheres que se sentem amadas.
- E que amam Alice, nunca que esqueças que o amor se alimenta todos dias, tal como as flores mais frágeis.
- Mas mais bonitas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

DE PARIS AO MUNDIAL, PASSANDO POR PORTUGAL

- Então Mário, gostaste da decisão dos responsáveis pela organização do "Paris-Dakar"?
- Ex-"Paris-Dakar" queres tu dizer Paulo.
- Pois, de facto tens razão. Sabes é o hábito, foram tantos a ouvir falar dele que, mesmo sendo na América do Sul, será sempre o "Paris-Dakar".
- Pois, o "Paris-Dakar" da América do Sul. Sabes, concordo plenamente com a decisão, contudo, só lamento a sorte daqueles que, tal como tu, desciam até ao Algarve para ver as máquinas...
- Ver e ouvir, ou tu achas que me contentava só com o ver, para isso não saía de casa.
- Está certo, sim senhor. Era como ir para a Serra de Arganil, a dois passos daqui, passar lá a noite toda a ouvir os devaneios daquele pessoal e a ver a serra toda “salpicada” com fogueiras.
- É diferente Mário, a sensação é outra, estamos mais perto da emoção.
- Pois é Paulo, foi essa busca cega de emoções que deu origem a que o "Rally de Portugal" saísse daqui para fora.
- Contribuiu, não digo que não, mas não nos podemos esquecer dos mercados emergentes e dos investimentos que representam este tipo de provas, tanto a nível do consumidor final, como a nível da criação de empregos resultantes dos eventuais contratos celebrados.
- Todas as pessoas passam bem sem essas provas mas, quando toca a ver quem é que poderá vir a ficar com elas, acabam-se logo as coisas más e todos as querem ter no seu país. Olha, não vamos mais longe, ainda agora os preparativos para o Mundial de 2010 começaram e já Portugal teve a ideia de, acompanhado com a Espanha, vir a organizar o Mundial de 2018.
- E a Espanha quer assim ou é só mesmo uma ideia?
- Pelos vistos (ainda) é só uma ideia, mas quando se começa a falar muito sobre uma coisa, é porque já está mais adiantada do que aquilo que se imagina.
- Mas olha Mário, acho isso uma tremenda parvoíce. Já não chega a má experiência que retirámos do "Euro 2004", com a construção de estádios super caros e com uma manutenção que esgota o orçamento das câmaras que os tem a seu cargo, e já estão a pensar em meter-se noutra.
- Mas o Gilberto Madail, afirma que tudo isso seria uma mais-valia para Portugal, até porque os estádios já nós cá temos.
- E tu achas que, vaidosos como são os portugueses, alguma vez admitiriam aproveitar os estádios de futebol herdados do Euro? Nunca na vida...
- Até bombas lá colocavam só para obrigar as entidades a construir uns novos, sim porque era necessário construir uns melhores, mais económicos, etc.
- Mas se a Espanha entrar na corrida com Portugal, ou melhor, Portugal com a Espanha, de certeza que os jogos se vão realizar no país dos “nuestros hermanos”.
- Sem sombra para dúvidas Paulo, Portugal passaria a ser zona de praia, de golf e de alguns treinos para algumas das equipas participantes.
- Sim, tens razão, era o castigo que sofreriam aquelas que chegavam atrasadas aos estádios espanhóis.

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA

- Então é este o jornal cá da terra?
- É verdade Filipe e olhe que não estamos mais ricos por isso....
- Ah não Mário, e porquê?
- Olhe, a começar pelo grafismo, passando pela estruturação dos temas, pela abordagem dos assuntos e acabando na qualidade da impressão, vê-se mesmo que os responsáveis pela sua edição, não estão muito ao corrente da evolução da imprensa, nem sequer muito preocupados com a opinião daqueles que os lêem.
- Sim Mário, à primeira vista tem razão. Não é um suporte de informação muito digno para representar uma região.
- Mas o objectivo desse órgão de comunicação social não é o de representar o concelho a que se dedica, com qualidade, isenção e espírito crítico.
- Ah não, então para que serve um jornal regional senão para isso?
- No caso do "Nova Esperança", além de ser um fiel interlocutor entre a igreja penacovense e os seus paroquianos, também é um suporte para a publicação de (quase) todos os actos notariais que se praticam no nosso concelho.
- Daí ter apenas 8 páginas?
- Exacto, as suficientes para todas aquelas publicações, mais meia dúzia de publicidade e umas quantas fotografias de pouca qualidade. mais um ou dois textos de opinião “et voilá”, está feito um jornal.
- Então, nesse caso deveria existir outro jornal em Penacova!!!!
- E existe, só que a qualidade já não é tão acessível quanto era até ao momento em que o governo decidiu acabar com o porte-pago para a imprensa regional e quem prima por ela, não consegue prestar um bom serviço aos leitores.
- Pois eu bem sei o que isso é Mário, ainda por cima quando tal incentivo era um importante balão de oxigénio para a imprensa regional.
- Daí que os únicos jornais que ainda conseguem manter à tona as suas edições, são aqueles que, apesar de constituírem um mau exemplo de jornalismo, mantêm o monopólio das publicações, mesmo informando com má qualidade, e conseguem andar sem fazer muitas ondas.
- É uma das técnicas de sobrevivência. Não se fazem ondas, não se incomodam as instituições e os interesses instalados, e as coisas acabam por se arranjar.
- Mas também, tirando um ou outro caso muito útil para o cidadão, é um jornal onde a crítica não existe e onde os problemas do concelho não são verdadeiramente abordados, ficando no ar a sensação de que tudo está bem, que não se passa nada de anormal.
- E assim conseguem sair incólumes desta crise que afecta toda a imprensa regional.
- O mundo é dos espertos meu caro Filipe, o mundo é dos espertos!!! Mudando de assunto, toma algo mais para acabar a noite?
- Não amigo Mário, vou subir porque amanhã vai ser a minha primeira visita oficial pelo concelho.
- Então veja lá se trás algumas novidades.
- Vou tentar Mário, vou tentar...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

DA JANELA DO BOM FILHO


- Olhe meu caro Jaime, poder ser fotógrafo por opção é uma dádiva...
- Sim, tens as suas coisas boas......
- Pois imagino que coisas serão essas. Singulares belezas captadas pela insensibilidade objectiva de um profissional.
- Pois, foi para me libertar de tudo isso que eu escolhi passar uns tempos em Penacova.
- Um regresso às origens, portanto, tipo “o bom filho à casa torna”...
- Mais ou menos isso Mário, mas aquilo que me levou a tomar essa decisão foi saber que ainda encontraria as coisas como as deixei há 20 anos atrás.
- É o que todos dizem meu caro Matias...Penacova é bonita tal como está, para que, quando forem velhos, poderem regressar e encontrá-la tal como a deixaram, o que é uma merda, convenhamos!!!
- Para quem cá está, claro!!!
- Pois concerteza, mas ao menos que fosse construída uma vila com essas características, adequada à qualidade exigida por esses senhores que sofrem de gota .
- Mas olhe Mário, não se esqueça aonde vai, para podermos continuar a nossa conversa porque, neste momento, só penso em deitar-me a ver luz da noite e adormecer ao som do vento.
- Durma então muito bem Jaime, até amanhã.
Cá para os meus botões, continuei a pensar que estes indivíduos vão e voltam para, quem sabe, fazerem algo mais do que aquilo que fizeram pela sua terra quando cá estiveram. De qualquer maneira, não deixei de reparar na magnífica fotografia que tirou hoje de manhã, da janela do seu quarto e que me levou a pensar a nunca ter quer partir para não ter que voltar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A IMPORTÂNCIA DA LIQUIDEZ

- E as “passajolas” Mário, não se realizam este ano?
- Parece que não Susana, pelo menos a julgar pelo que ouço, ou melhor, pelo que não ouço.
- Era engraçado ouvir do "Penedo da Carvoeira" aquelas piadas acerca deste ou daquele, daquilo que todos sabiam que acontecia, mas que ninguém tinha coragem para contar.
- Pois, mas houve alguém que não achou tão engraçado assim e acabou-se o espectáculo.
- Tal como todos os espectáculos nesta terra.
- Então e a lampreia, vai ou não vai?
- Vão-se vendendo mais ou menos, se bem que ainda não começou a "Semana da Lampreia"...
- E o preço também não ajuda, convenhamos!!!
- Claro que não. Sabes que desembolsar 80 euros de repente, não é nada fácil.
- Deixa lá que, "enquanto há visa há esperança", como dizia um amigo meu.
- Olha Mário, o que eu te digo é que já se vende lampreia por todo o lado, e aqui nada.
- Tem calma contigo Susana, a estratégia é deixar os outros começar a publicitar a iguaria para depois se dar início à verdadeira "Semana da Lampreia".
- Pois, tens razão, a D. Rosalinda até falou que vai caprichar este ano e fazer uma coisa mais de acordo com a época.
- Claro, basta juntar a tua competência à da Cristina, para obter um resultado excelente.
- Obrigado pela parte que me toca. Outra coisa que eu gostava de te perguntar era acerca do Filipe.
- Filipe?
- Sim, o caixeiro viajante.
- Bem sei, que parvoíce a minha. Passa-se alguma coisa com, ele?
- Não, não, isto é, espero que não. Era só para saber que produtos é que ele vende.
- Ah, já percebi. Para se ter franco nem eu sei muito bem, ouvi falar de algo que tem a ver com comida biológica, daquela saudável que agora só em estufas é que se produz.
- Pois, antes era na horta que se tinha no quintal, depois começaram a vender os herbicidas e os pesticidas para combater as pragas, agora aquilo que produzimos não vale nada e eles, cheios de razão, vêm dizer que aquilo que vendem é que é bom.
- Mas são bons e de qualidade Susana, temos que admitir.
- Claro, bons e caros....
- Era com dizia o Director Nacional da P.J. em entrevista à Rádio Renascença, a propósito da justiça. Quem quer boa saúde tem que a poder pagar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

CAIXEIRO SONHADOR

- Quer dizer então, que gostou do que viu, não é verdade caro Filipe?
- Sim, mais ou menos. É certo que por onde andei, nem sempre encontrei a receptividade desejada mas, só pela viagem foi gratificante.
- Acha que sim?
- Claro que acho, principalmente aquela a parte sul da Serra do Buçaco.
- Bem sei, toda aquela zona da freguesia de Sazes do Lorvão.
- Mas também reparei que há muita rusticidade nessas aldeias um pouco mais afastadas de Penacova.
- No sentido positivo do termo, imagino...
- Claro que sim Mário, não andei por aí a avaliar graus de desenvolvimento.
- Não esperaria outra posição.
- Naturalmente que sim, que me agrada toda esta ruralidade, toda esta simplicidade!!!
- Estou muito admirado consigo Filipe. Para quem cá está há tão pouco tempo e já conseguiu analisar as coisas tão profundamente. Olhe que não é fácil...
- Apenas a experiência adquirida no contacto com os outros.
- Pois claro, só poderia ser. É sinal que aprendeu bem a lição. Mas olhe que é sempre a primeira impressão de todos aqueles que por cá passam. Todos ficam com uma imagem magnífica desta terra mas (há sempre um mas) se permanecerem por cá durante muito tempo, vão aperceber-se que, tirando toda essa beleza, esta terra nem sempre é sinónimo de progresso, ou evolução.
- É sempre assim em todo lado Mário. Daqui a uns dias, vou entrar por aqui adentro a lamentar-me da falta de alcatrão nas estradas, das obras que interrompem qualquer pedaço de estrada, enfim, o habitual. Por isso meu caro, deixe-me sonhar um pouco.
- Sim, claro que sim. Não foi por acaso que escolheu a Pensão Viseu.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O NOVO HÓSPEDE

- Ai Susana, não te digo nem te conto...
- O que foi mulher, parece que viste um fantasma!!!!
- Antes fosse, porque assim ainda teria aquela possibilidade que todos os fantasmas têm para se deslocarem para todo o lado, através das paredes e das portas.
- Mas que raio de bicho te mordeu Luísa?
- Olha rapariga, para mim não serve porque já estou de núpcias marcadas com o meu António, mas para ti, livre e desimpedida, vinha mesmo a calhar um homem como aquele que eu vi a falar como o Mário junto à recepção.
- Então e olha lá, por acaso passei-te procuração para andares à procura de marido para mim?
- Não, claro que não, mas como sou tua amiga e de vez em quando reparo que andas para aí a suspirar, e julguei que se desse um empurrãozito, as coisas poderiam ficar mais fáceis.
- Pois não te preocupes com isso Luísa porque quando eu quiser quem me aqueça os pés durante a noite, tratarei de arranjar alguém. Enquanto isso, dispenso a tua preocupação.
- Fica descansada que já não está cá quem falou.
- Mas Luísa, já que tocaste no assunto, diz-me lá quem é o rapagão.
- Eu vi logo Susana. Quem desdenha quer comprar...
- Vá lá, deixa-te de palermices e começa a desenvolver….
- Olha Susana, só sei que é caixeiro-viajante, tem cerca de 40 anos, veste que é uma maravilha e que pretende um quarto para cá passar duas a três vezes por semana.
- E é assim tão.....
- Bom?
- Sim, pode ser esse o termo.
- Bem, como já te disse, para mim não serve porque já tenho o meu António mas, a julgar pela aparência do indivíduo, se fosse a ti tentava, pelo menos distraidamente, sujar-lhe a camisa com sopa ou as calças com vinho...estás a perceber?
- Claro que estou. E a seguir oferecia-me logo para lhe lavar a roupa que lhe sujei e por aí adiante.
- Olha Susana, eu não preciso de te ensinar nada mas, se quiseres dar uma olhadela no moço, sobe até ao cimo das escadas para satisfazeres a tua curiosidade.
- E aliança, reparaste se tem?
- Não reparei nem isso interessa, ou achas que sim?
- Bem nos dias que correm, quando ainda continuam a existir 7 mulheres para um homem, talvez não.
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