sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Rescisão Amigável
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
PERDER QUILOS À VOLTA DOS MOINHOS
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
NOVAS ARMAS NO COMBATE À CRIMINALIDADE
terça-feira, 2 de setembro de 2008
PAULO RESSUSCITADO
sábado, 30 de agosto de 2008
ACONTECEU
- E foi prolongada.... a dor?
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
O PODER DA IMAGEM
- Qual filme?
- O último do Oliver Stone, qual é que havia de ser?
- Sei lá, há tantos filmes a estrear que uma pessoa nem sabe muito bem a qual é que há-de ir.
- E a história é sobre o quê?
- É sobre o passado do George Bush.
- Quem o pai?
- Não, o filho!!
- Então mas o passado dele dá para fazer um filme?
- Mais ou menos, mas como se trata de um presidente, sempre se pode aproveitar qualquer coisa sobre a sua vida.
- E já viste alguma coisa sobre ele?
- Acabei de ver um making off?
- E que tal?
- Bem Susana, o homem, segundo o filme, revela-se um autêntico desastre. Desde a conduzir embriagado, até à louca sedução de mulheres, bem como o gosto pelo jogo, enfim, um bon-vivant, o personagem não se deixa ultrapassar por ninguém.
- Então e os E.U.A. acreditaram nesse personagem para os governar.
- Então tu não sabes que os americanos são estúpidos e presunçosos. Que só gostam de fast-food e de coca-cola?
- Bem, não sei se, de uma maneira geral, serão assim todos mas, a julgar pela descrição o filme não tenho dúvidas nenhumas que o homem poderia ser tudo menos presidente.
- Mas sabes como é, se por detrás de uma qualquer campanha, seja ela publicitária ou promocional de um qualquer produto que se pretenda vender, estiver um bom realizador, capaz de mostrar às pessoas a beleza de uma pessoa feia e a pureza de uma pessoa má então, aquele cuja imagem de perfeição se pretende fazer passar, ganha logo pontos suficientes para ganhar, com vantagem, qualquer desafio.
- E assim se entrega a um depravado os destinos de uma nação inteira e, ainda por cima, com responsabilidades a nível mundial.
- E bem se viu o resultado da decisão de invadir o Iraque, da teimosa em não respeitar as metas de Quioto, de manter o braço de ferro com a Al-Qaida ou de fazer questão em manter a prisão de Guantánamo....
- Olha Mário, quanto tivermos oportunidade, juro que iremos ver esse filme mas, como estiveste tanto tempo ausente, em sugeria que te deixasses de conversas, encerrasses a Pensão e subisses comigo até ao 2º andar para me mostrares os souvenirs que trouxeste dessa longa viagem que fizeste.
- Tens razão Susana, mais acção e menos conversa.
INAUGURAÇÕES SINTÉTICAS
- Olha o Mário, regressou à Pensão. Pensava que tinhas ficado lá pelas “europas” a gozar o dinheiro que o teu tio te deixou.
- Olha meu caro amigo, nem que quisesse não conseguia ficar por muito mais tempo pois a herança não foi nada por aí além e, além disso, é necessário fazer algumas poupanças porque o tempo é de vacas magras.
- A quem o dizes meu caro, a quem o dizes. Então já sabes das novidades?
- De algumas sim, de outras ainda não.
- Já sabes que vão ser sinteticamente relvados os campos de futebol de São Pedro de Alva, de Gavinhos e do Mocidade?
- Já tinha ouvido qualquer coisa mas nada de pormenores.
- Pois é meu caro, vai ser uma maravilha para quem lá joga.
- Até apetece ser rasteirado....E quem é que paga?
- Creio que, além da autarquia, parece que o governo lançou uma iniciativa para promover a construção e, por tal motivo, pagará alguma coisa...
- Mas Luís, achas mesmo necessário tal intervenção naqueles campos de futebol?
- Creio que é sempre uma mais valia para o desporto e para quem o quer praticar.
- Pois, és capaz de ter razão. E outra coisa, qual deles via ser eleito o "estádio municipal"?
- Está-se mesmo a ver qual será...
- O de Gavinhos?
- Claro, ou pensas que quem parte e reparte não há-de ficar com a melhor parte.
- Mas fica tão à beira da estrada, sem lugares para estacionar nem zona para se expandir...
- Meu caro Mário, se houver dinheiro tudo se consegue.
- Bem, por esse prisma, não existem dúvidas que assim será. Mas, mesmo assim, continuo a achar que o campo do Mocidade, ou da Serra como lhe chamam, reunia todas as condições para se tornar no campo municipal, dadas as características do terreno onde está instalado, da capacidade que tem para se expandir e no facto de, aí sim, se encontrar localizado num ponto mais central do concelho.
- Pois é Mário, mas não te esqueças de onde são os que decidem essas coisas. E se, nos restantes equipamentos desportivos fizeram as asneiras que estão à vista, não seria de esperar que desta vez acertassem.
- Pois, tens toda a razão, basta por exemplo ver o estado de degradação a que o "ténis" chegou e a vontade que os responsáveis pela sua manutenção têm em o recuperar.
- De facto, não é preciso ir muito longe para verificar o que ainda existem situações na nossa terra que necessitavam de um intervenção urgente para, pelo menos, as pessoas saberem que delas alguém é dono e que se esforça por delas bem tratar.
- Pois é meu amigo, aqui as coisas são como são. Os donos não querem saber das coisas velhas e que, eventualmente, lhes trazem má memória, antes preferindo construir novo e bonito para, claro, fazerem a respectiva inauguração.
O FIM DAS FÉRIAS
- Finalmente Mário, regressaste!!!
- É verdade D. Rosalinda, já tinha saudades da recepção da Pensão.
- Só da recepção?
- Claro que não. De todos vós e das nossas intermináveis conversas.
- Então conta-me lá como foi essa viagem, estou mortinha por saber por onde andaste e o que viste.
- Olhe D. Rosalinda, corri a Europa de lés a lés. Fui a Espanha, à França, Holanda, Áustria, Suíça, Grécia, Itália, enfim, quase a todos os países e capitais.
- Sabe bem receber assim uma boa quantia, de um tio quase desconhecido, e partir à descoberta das maravilhas na nossa velha Europa.
- Tem toda a razão D. Rosalinda, mas agora, por uns tempos, vou acalmar por aqui e digerir o resultado de toda essa experiência.
- Sabe bem voltar aos lençóis branquinhos da Pensão, não sabe?
- Claro que sabe D. Rosalinda mas, aquilo que mais saudades me deixou, foram os cozinhados da Susana. Sempre que comia nesses restaurantes espalhados por essa Europa, pensava naquele cabrito assado ou naquela lebre à caçador ou até mesmo na chanfana à moda de Penacova que deixei aqui na Pensão.
- Espero que os tenha divulgado bem.
- Claro que sim D. Rosalinda. Houve até um dia num restaurante grego em que, após ter tecido rasgados elogios aos escalopes de vitela da Susana, o chefe de sala quase me obrigou a escrever a receita no livro que todos utilizavam na cozinha para confeccionar as refeições.
- Por este andar ainda vamos ter que dispensar a Susana para um desses famosos restaurantes.
- Nunca se sabe D. Rosalinda, nunca se sabe....Então e novidades por aqui?
- Muitas novidades Mário. Tantas que nem imaginas.
- Assim há-de ser D. Rosalinda, numa terra onde nada acontece e, quando acontece, nunca deveria ter acontecido, parece-me fruta a mais.
- Não Mário, desta vez vão acontecer mesmo coisas diferentes. Vão construir um parque de estacionamento subterrâneo aqui no Terreiro, uma biblioteca e um auditório junto ao cemitério da Eirinha e, junto à piscinas municipais, o novo tribunal judicial.
- Obras de regime???
- Talvez, mas não deixam de ser obras!!!
- E o hotel de Penacova?
- Esse reabriu com nova gerência.
- Como assim?
- Então, desde que o irlandês voou para outras paragens, o nosso presidente pôs-se em campo para arranjar um parceiro à altura de tamanha empresa.
- E conseguiu?
- Claro que conseguiu, quando se tem maioria tudo se consegue. E arranjou um empresário da Curia para tomar conta do empreendimento.
- E com que futuro?
- Olha, provavelmente como o mesmo. Sem prometer nada a ninguém, põe lá o pessoal a servir umas refeições e a receber uns quaisquer hóspedes que se arrisquem por estas bandas e depois logo se vê….
- O costume portanto.
- Sim claro, para não surpreender aqueles que continuam a achar que não vale a pena apostar em Penacova.
- Mas já são pouco D. Rosalinda!!!
- Pois são, e logo por azar são os que mais podem…
domingo, 8 de junho de 2008
TABERNA ALTERNADEIRA
- Que dava uma óptima casa de alterne.
- A sério? Os penacovenses decidiram nesse sentido?
- Claro (hic), que mais poderiam ter decidido, que não fosse essa possibilidade?
- Bem, se pensarmos nas características do edifício e no local onde se encontra, não diria que esse fosse o melhor fim a dar-lhe. De qualquer maneira, para estar como está, qualquer destino que lhe seja dado será uma mais valia, pois não se admite uma unidade hoteleira daquelas permaneça ao abandono.
- Foi o que todos (hic) que lá estavam pensaram.
- E que mais é que vocês por lá falam.
- Sobre tudo Mário (hic). Política, ambiente, terrorismo, papa-reformas e sobre muitas mais coisas.
- Puxa homem, são conversas interessantes.
- Mas mesmo bom é lá estar e fazer uns comentários a condizer.
- Sabes uma coisa Luís, vou fazer uma pausa de meia hora para lá dar uma saltada.
- Então e eu?
- Tu estás bêbado e como tal, deves subir e tomar um banhinho ou então, como aconselham os mais velhos, beber um café com sal.
sábado, 7 de junho de 2008
A CENOURA
quinta-feira, 5 de junho de 2008
AS PERNAS DA CAROLINA
DE ESPANHA COM AMOR
- Bom dia Nicolau. Olha, tenho-te a informar que a entrada para a Pensão se faz pela recepção e não pela cozinha.
- Tens razão mas, sabes, venho ao cheiro.
- Ao cheiro?
- Sim, ao cheiro da comida boa. Do café e das torradas da manhã....
- Pois mas eu não sei a D. Rosalinda está sabedora da situação.
- Olha minha cara se está ou não não sei mas, agora que cá estou dentro, também não me vou embora tão depresssa, pelo menos sem tomar o pequeno-almoço.
- Pois está bem, senta-te aí então e espera. Está a suspirar porquê homem?
- Olha porque a minha profissão de gaiteiro não tem futuro nesta terra e até mesmo neste país.
- Ah sim? E para onde é que tu achas que conseguias mais sucesso?
- Olha, em Espanha, por exemplo.
- E em Espanha porquê?
- Porque em Espanha é tudo melhor. Olha só o caso dos pescadores. Desde que foram impedidos de vender o peixe que pescam em Portugal, arrancaram para Espanha e, vê só, conseguem vender o Peixe mais caro, pagam menos taxas, são mais bem recebidos e, ainda por cima, abastecem os depósitos com combustível mais barato.
- Olha, com toda essa mordomia, ainda vais fazer alguma tourné para o país vizinho.
- Nunca se sabe Susana, nunca se sabe...
I
terça-feira, 3 de junho de 2008
PESCA EM DIRECTO
A oportunidade com que se realizou tal debate, colocou reclamantes e reclamados num frente-a-frente que teve como principal resultado o estabelecimento de compromissos e metas a alcançar, tanto por parte do governo, como dos representades do sector.
Independentemente de tal debate apenas vincular moralmente os presentes, uma coisa ficou clara. Foi bastante esclarecedor e, acima de tudo, diminuiu as crispações. Além disso trouxe para o grande ecrã um problema social, que nos afecta a todos, e que, pela sua actualidade, ajudou aqueles que o viram, a formar as suas opiniões acerca do assunto, longe do clima de violência e reivindicação que normalmente acompanha o encerramento de uma lota e que, na maior parte das vezes, se traduz na prática de actos insensatos e condenáveis.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Rio Laranja
O prazer de escrever para o Público
- A sério, não me diga que foi como o nosso em 15 de Outubro de 2007 menina Alice? Estou tão feliz por em Penacova se "produzirem" textos que, pela sua qualidade, são eleitos para publicação num órgão de comunicação tão conceituado como aquele.
- Eu não me admiro tanto Mário porque, esta coisa de escrever não é propriedade só de alguns, mas sim de muitos que, só não são conhecidos e não exercitam a sua escrita porque, muitas das vezes, não têm meios para o fazer.
- Seja como for menina Alice, é sempre bom ver aquilo que escrevemos está acessível a um número considerável de pessoas, que depois se tornam assíduos leitores daquilo que se vamos continuando a escrever.
- Claro Mário, tens toda a razão e, acima de tudo, como tu disseste, tal situação não deixa de ser uma promoção da nossa terra.
- Olhe menina Alice, em nome da Pensão Viseu, para o blogue de São Paio, para os seus colaboradores e para quem que, daquela equipa, dá o melhor de si nesta causa, que é a divulgação da nossa terra através da blogosfera, dirijo as melhores felicidades e que continuem esse trabalho magnífico.
- Também acho Mário, eles merecem.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Património da juventude
- É verdade Mário, de vez em quando perco-me por aqui.
- Mas perdeste-te por alguma coisa em especial ou apenas por ter tido saudades da terrinha?
- Olha Mário, pelas duas coisas. Aproveitei o facto de, durante este fim-de-semana, decorrer em Penacova a Festa da Juventude e, não nego, também um pouco de saudade desta terra, paisagísticamente, maravilhosa.
- Fizeste muito bem em optar por Penacova este fim-de-semana, porque a coisa promete. A D. Rosalinda é que não vai gostar muito do barulho mas, paciência, porque sem barulho não se faz nada, não achas?
- Caro amigo, Festas da Juventude sem barulho, são impossíveis de acontecer seja em que parte do mundo for!!!
- A Susana está boa?
- Sim, está tudo bem, a Susana, a Luísa, a Cristina, a menina Alice. Muita saúde e, acima de tudo, o negócio não tem corrido mal, apesar da crise.
- Pois, a crise é geral. Greves por todo o lado, preços exorbitantes, salários medíocres, enfim, o costume.
- Parece que, apesar das constantes lutas por uma melhor qualidade de vida, não evoluímos nada, não achas? As pessoas continuam com os mesmos problemas de falta de liquidez, precariedade no trabalho, deficiente assistência médica e tantas outras coisas, que diariamente nos incomodam, e nos fazem andar sem disposição nenhuma para alegrias.
- Olha Mário, não me apetece falar de tristezas. Queria perguntar-te uma coisa.
- Força Jaime, desembucha.
- Li no Notícias de Penacova que o Mirante Emídio da Silva faz 100 anos?
- Pois, parece que sim, mas é só amanhã. Também viste aquelas fotografias?
- Magníficas, mas eu gostaria de oferecer uma outra fotografia, que encontrei no baú do meu avô, e que poderá ficar pendurada na parede da Pensão para celebrar esse acontecimento.
- Por mim acho óptima ideia, mas tens primeiro que falar com a D. Rosalinda.
- Claro que sim Mário!!! Aliás até posso falar já, uma vez que ela se dirige para aqui.
- Olha que rapagão que cá está?
- Bons olhos a vejam D. Rosalinda, a senhora está com bom aspecto!!!
- Tu é que vês mal Jaime, o que eu estou é cada vez mais velha, isso sim.
- Não está nada D. Rosalinda, está é mais sábia.
- Muito obrigada pelo lisonjeio. Fico muito agradecida.
- Olhe D. Rosalinda, antes de falarmos sobre outras coisas, gostaria que a senhora aceitasse um presente meu.
- Um presente? Adoro presentes!!! Então de que se trata?
- Bom D. Rosalinda, como eu sei que a senhora gosta de ver expostas fotografias sobre Penacova, quer sejam antigas ou actuais, trouxe-lhe uma que, no fundo, servirá para celebrar os 100 anos do Mirante.
- Mostra cá Jaime. Olha, nunca a tinha visto o Mirante desta perspectiva!!! E dizes tu que vai quê, fazer 100 anos?
- É verdade D. Rosalinda. Foi inaugurado no dia 31 de Maio de 1908.
- Bom, nesse caso, vou mesmo aceitar o teu presente para pendurar na parede. Só é pena que os responsáveis pela promoção, divulgação e conservação do nosso património, não se tenham lembrado dessa efeméride na nossa terra e, em vez disso, façam uma festa cheia de barulho, mesmo ao pé da nossa porta.
- Olhe D. Rosalinda, mas também é preciso haver eventos dessa natureza na nossa vila. É sinal que está viva.
- Sabes Mário, só é pena que o Dr. Araújo já não viva em Penacova.
- Então porquê D. Rosalinda?
- Porque, ao mínimo barulho no Terreiro, chamava a G.N.R. e acabava logo com a festa.
- Então, se assim é, ainda bem que ele foi viver para Oliveira do Mondego...
I
terça-feira, 27 de maio de 2008
ACONTECEU
- Pois foi D. Rosalinda, principalmente porque era uma pessoa muito divertida que, quando entrava pela cozinha da Pensão, começava logo a contar aquelas estórias divertidas que se passaram com ele.
- Lembras-te Susana, quando ele contava aquela do pousio e do catrapanázio?
- Se lembro D. Rosalinda. Era uma cobra que era dona de um terreno, ou uma coisa assim parecida!!! E quando íamos de táxi a Coimbra às compras e ele conhecia toda a gente por quem passava?
-E todos o cumprimentavam também. Era mais uma das pessoas divertidas que nos deixou para sempre.
- Olhe D. Rosalinda, o que eu costumo dizer quando isto acontece, é que ficam os bons momentos que em vida passámos e as recordações com que ficámos.
- É verdade Susana, costuma-se dizer que "a vida são umas férias que a morte nos dá".
- E é bem verdade D. Rosalinda porque, afinal, não valemos nada e, neste mundo, devemos andar sem nos chatearmos uns com os outros porque a nossa passagem por aqui é demasiado curta.
- Estão falar de quê afinal?
- Olha Mário, estamos a recordar aquelas coisas engraçadas que o Sr. Alípio Costa dizia.
- Então porquê?
- Não ouviste os sinais?
- Claro que ouvi, mas estava tão atarefado com as minhas ocupações que nem tive curiosidade em saber quem foi.
- Pois faleceu hoje.
- Que pena, era bom homem e gostava de fazer os outros felizes com aquelas estórias que contava que pareciam saídas de um filme do Mr. Bean.
- Pois era Mário, contava aquelas coisas com uma graça que era impossível não rirmos às gargalhadas.
- Olha Susana, fica a memória das coisas boas.
- Era exactamente disso que estávamos a falar.
- O funeral é quando?
- Creio que é amanhã às 18 horas.
- Vou fazer os possíveis para o acompanhar na última morada.
domingo, 25 de maio de 2008
O DITO POR NÃO DITO
- Boa tarde senhor, dá-me licença?
- Concerteza meu caro, faça favor. Então, o que o traz por aqui?
- Sabe senhor, eu sou funcionário da autarquia e vim aqui tentar corrigir um equívoco.
- Diga lá então.
- Há dias, a propósito do Parque Patrimonial do Mondego, foi aqui dito por alguém que os funcionários da autarquia andavam a despejar o limpa-fossas directamente no rio.
- E é falso meu caro?
- Completamente falso. O que se tem acontecido é muito simples de explicar. Desde que recomeçaram as obras do LIDL são inúmeros os limpa-fossas que se dirigem ao rio para abastecer de água a fim de manter limpa a estrada utilizada pelos camiões que, como sabe, está toda enlameada por causa da chuva que tem caído.
- Ah, agora compreendo, o que parecia ser um despejo, é afinal um abastecimento, não é verdade?
- Exactamente.
- Então e por tal motivo deslocou-se o senhor aqui à Pensão para desfazer tal equívoco.
- É verdade, e olhe que o meu chefe está muito chateado com essa insinuação.
- Diga ao seu chefe que está tudo esclarecido e que tal equívoco não volta acontecer. Mas diga-me cá outra coisa. Não é verdade que há uns tempos o conteúdo dos limpa-fossas era despejado em pinhais e até no próprio rio?
- Sim, nos pinhais eram despejados, mas só a pedido dos donos, e no rio também acontecia mas não me lembro há quanto tempo, em que sítios, nem quantas vezes.
- Então, não foi tão descabida a conclusão que se tirou quando os limpa-fossas foram vistos junto ao rio, não é verdade?
- Sim é possível tirar essa conclusão, mas juro-lhe que isso não acontece há muito tempo, pois as normas que regem o ambiente, são totalmente respeitadas.
- Então, nesse caso, onde é que despejam?
- Nas E.T.A.R's, pois então!!!
- Ainda bem que assim é, e que agora estamos bem melhor esclarecidos acerca do destino que é dado a tal efluente. Agora meu caro, uma vez que estamos perfeitamente elucidados e que tudo não passou de um mal-entendido, diga-me se vai tomar alguma coisa.
- Olhe senhor, só se for um tintito.
- Lamento meu caro, mas na Pensão não servimos vinho à taça.
LUTAS DE VIDA
quarta-feira, 21 de maio de 2008
BONITAS MULHERES SEM POLITIQUICES
- É verdade Mário, há algum tempo que não passava por aqui.
- Tens andado ocupado?
- Muito ocupado meu caro, tenho que andar de um lado para o outro, todos os dias sem parar, e por isso não tem sido fácil dispor de algum tempo para passar por aqui e conversar contigo.
- Pois, imagino que não seja fácil. E a vida corre?
- Tem que correr, apesar da crise, o dinheiro não se ganha se ficarmos em casa, se bem que, ao preço que estão as coisas, não compensa muito andar de um lado para outro a tentar ganhar algo mais.
- Está terrível esta vida, não está Luís?
- Se está Mário, então a julgar pelo preço dos combustíveis que não para de aumentar.
- Olha amigo, mais vale não pensar nisso porque senão não saímos de casa e tu bem sabes que em casa não ganhamos dinheiro.
- Pois está bem, mas também não o gastamos.
- Falemos de coisas mais alegres. Por cá está tudo bem?
- Olha amigo, tivemos um fim-de-semana em cheio. Um desfile de moda e um festival de fanfarras.
- Fogo, tanta coisa em dois dias?
- É verdade Luís e digo-te uma coisa, não imaginas as beldades que por aqui temos.
- Nem tu imaginas o quanto eu imagino Mário. Sei muito bem que Penacova é uma terra de bonitas mulheres que, quando se cuidam, ficam tão bonitas como qualquer modelo de capa de revista.
- E este fim-de-semana, vai haver alguma coisa por aqui?
- Claro que vai, ultimamente tem sido uma coisa fora do comum. Todos os fins-de-semana há qualquer coisa nas diversas localidades do nosso concelho e este não é excepção.
- Então conta lá.
- Olha amigo, a partir de amanhã, vai ter lugar em Lorvão a Feira de Artes e Cultura que se vai prolongar até Domingo.
- Bom, nesse caso, vou ficar por aqui mais uns dias e aproveitar para visitar a vila do mosteiro.
- Se ficares por cá, vais ter a oportunidade de assistir ao IV Encontro de Coros na Casa do Povo.
- Ena pá, tanta coisa em quatro dias!!!!
- É para tu veres. Não há fome que não dê em fartura.
- É sinal que a sociedade está activa e a funcionar e que as colectividades demonstram ter capacidade para organizar eventos interessantes.
- Sem politiquices.
- Exactamente. Apenas com objectivo de valorizar a terra onde vivem e contribuir para preservar o património que a todos pertence.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
COMPARAÇÕES DE MERDA
quarta-feira, 7 de maio de 2008
GUERRA DAS CAPELINHAS
- Conta-me cá Leonardo. Tu, que foste polícia, achas que foi boa a escolha de Almeida Rodrigues para director nacional da Polícia Judiciária?
- Acho que sim Mário, até acho que já devia ter sido assim há muito tempo.
- Mas normalmente quem é investido nesse cargo, é um magistrado judicial ou do ministério público.
- Pois, assim tem sido e se calhar é por causa disso que os problemas teimam em não ser resolvidos.
- E achas que agora vão desaparecer de um dia para o outro?
- Isso não direi Mário, mas sou da opinião que poderá ser uma boa solução para, pelo menos, restituir à polícia judiciária o estatuto de que sempre gozou.
- Sim, na verdade a PJ sempre foi a menina dos olhos do ministério da justiça e sempre foi tida como uma das melhores do mundo, do tipo que resolvia os casos mais bicudos e aparentemente irresolúveis.
- Olha Mário, eu creio que o grande problema da PJ foi não ter conseguido lidar com as vozes que se levantaram contra o método utilizado no caso Madeleine. Até ali nunca tinham sido questionados porque os resultados iam aparecendo de forma positiva, sem muito mediatismo, sempre com a prata da casa, obtendo confissões alegadamente à força, enfim, tudo na maior das tranquilidades. Depois do caso da menina McCann, as coisas nunca mais foram iguais.
- Sim Leonardo, também me apercebi que eles não estavam muito à vontade para esclarecer as dúvidas, quer dos advogados dos pais da menina quer dos jornalistas e dos peritos ingleses.
- Por tudo isso amigo Mário, por acharem que não tinham que prestar esclarecimentos a ninguém é que se começaram aperceber que não eram assim tão infalíveis e depois disso, começaram a aparecer os pontos mais fracos daquela polícia, com a substituição dos responsáveis pela investigação, enfim uma grande trapalhada.
- E achas que vai resolver alguma coisa?
- Acho que sim Mário, mas para mim o ideal era que todos pertencessem a um só organismo, tutelado por um só ministério.
- Tal como defendia o Alípio Ribeiro?
- Exactamente!!! Assim acabavam as capelinhas e todos trabalhavam para o mesmo sem andarem a esconder as coisas uns dos outros e a ver a quem é que cabe fazer isto ou aquilo.
- E sempre à custa dos contribuintes...
- Claro, como se os problemas do dia-a-dia não bastassem para nos incomodar, ainda temos que andar preocupados em saber se as polícias desempenham convenientemente o papel para que foram criadas.
- Olha amigo, vamos mudar de assunto e beber mais uma imperial, acompanhada por um pires de tremoços da Luz para desanuviar um pouco e para arranjar apetite para o jantar.
terça-feira, 6 de maio de 2008
DESPUDORADAMENTE EMBRIAGADOS
- E se eles se portarem mal?
- Nesse caso tens que ser tu a levá-los para a cama.
- E os meninos?
- Chamas a Luísa que ela leva-os para a cozinha onde, com a Susana, tratará muito bem deles.
- Eu vi logo que ia sobrar para mim. A partir de agora só bebem água ou cerveja que não embebede.
sábado, 3 de maio de 2008
ESPIRITUALIDADES
- D. Rosalinda, então que cara é essa?
- Olha Mário é cara de cansada....Sabes que vir a pé desde a "Rotunda da Roda" e depois estar ali em pé uma data de tempo já não é bem para a minha idade, não achas?
- Bom D. Rosalinda, costuma-se dizer que quem corre por gosto não cansa...
- Pois está bem, já sei, mas não tenho tempo para essas conversas pois tenho que ir para a cama descansar as pernas.
- Faz bem D. Rosalinda, daqui a nada vou fazer o mesmo porque a noite está fresca demais para estarmos lá fora na esplanada.
- Então, fica cá dentro e vê se chegam clientes.
- É o que vou fazer D. Rosalinda. Durma bem!!!
- Até amanhã para vocês os dois.
- Até amanhã D. Rosalinda - responderam em uníssono.
- Esteve muita gente no Terreiro esta noite, não esteve Mário?
- Se esteve Luís!!! Dúvidas não existam de que este padre sabe cativar os católicos da nossa terra...
- Soube unir o rebanho, queres tu dizer.
- Sim, pode ser visto dessa maneira, mas também é certo que o rebanho necessitava de outro pastor.
- Olha meu caro Luís, nunca gostei muito dessas coisas de rebanho, parece que cada um não sabe tomar conta de si.
- Pelos vistos, a julgar pela quantidade de pessoas que lá estavam!!!
- Pois tens razão amigo, mas o que eu acho estranho, e até difícil de aceitar, é que a igreja na nossa terra é a única "organização" que consegue atrair o interesse das pessoas a ponto de reunir num só espaço uma quantidade significativa de fiéis.
- Isso só acontece porque as outras "organizações" da nossa terra, não estão reunidas à volta de um interesse comum e talvez por isso não sejam tão atraentes aos olhos dos que procuram algo mais para além dos problemas do dia-a-dia muitas das vezes tão extenuantes.
- Estás então a dizer que todos aqueles que lá estavam, faziam-no apenas pela busca do conforto e da paz de espírito, do reencontro com Cristo, despojados das riquezas aparentes, da vaidade, da hipocrisia ou até mesmo da avareza ou da mentira?
- Bem....não direi que toda a gente estivesse lá imbuída desse espírito mas, pelo menos um devia estar.
- Quem?
- O Sr. Padre, pois claro.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
UMA QUESTÃO DE RECIPIENTE
PARQUE PATRIMONIAL DO MONDEGO - UMA (PRECIOSA) CONTRIBUIÇÃO
- Então D. Rosalinda, também tem ouvido falar no Parque Patrimonial do Mondego?
- Sim Mário, claro que sim. Até te digo que o rapaz que está à frente dessa iniciativa, tem olho para o assunto e a ideia de (re) criar todo o ambiente que rodeava a vida dos barqueiros, das lavadeiras e de todos aqueles que do rio tiravam o seu sustento tem pernas para andar.
- Foi o que eu pensei D. Rosalinda, sé espero que todos cumpram a sua quota parte na "construção" desse parque.
- Digo-te uma coisa Mário, enquanto todos continuarem a pensar que o rio é um caixote do lixo, esse projecto não vai em frente.
- Também sou da sua opinião, mas também lhe digo que se não houver uma fiscalização eficaz, essa iniciativa não passará de um processo de boas intenções, tanto mais que, quem devia fiscalizar, não dá o melhor exemplo aos munícipes.
- Estás a falar dos responsáveis pela área do ambiente (se é que existe), da autarquia?
- Claro que sim D. Rosalinda, ainda na passada 3ª feira o limpa-fossas da Câmara Municipal estava a descarregar o seu conteúdo directamente para o leito do rio, não crendo eu que, com tal atitude, a autarquia contribua para o sucesso dessa iniciativa.
- A não ser que seja a forma que os nossos autarcas encontraram para fertilizar a flora e a fauna existentes no rio, ou então, para participar na construção desse bendito parque.....
quarta-feira, 9 de abril de 2008
CAÇADORES (DES)AFORTUNADOS
- Ai Susana, nem me fales!!! Olha, o parque de verde não tem nada. Em vez de lá colocarem uma árvores já crescidas, com algumas folhas para decorar, colocaram lá uns paus virados ao ar que não dá para perceber muito bem se são árvores ou se são simplesmente umas estacas.
- Mas tens que compreender que, provavelmente, não tinham disponíveis árvores maiores e mais "decoradas" como tu dizes para lá colocarem e, por tal facto, tiveram que se remediar com as que lá estão.
- Lérias Susana, são só lérias que eles todos têm. O "Parque Verde" como lhe chamam, é a prova que nesta terra nada muda. Fazem tudo para poupar e, depois, dizem que não era possível fazer melhor.
- Sim, tens razão. Se pensarmos no pavilhão gimnodesportivo, nas piscinas municipais, é fácil perceber que aqui tudo nasce torto e tarde ou nunca se endireita.
- Depois Susana, por os responsáveis pela autarquia não fazerem as coisas como deve ser, têm que os clubes pôr mãos à obra para colmatar as deficiências das infra-estruturas existentes, como em Chelo por exemplo.
- E, às tantas, com subsídios da autarquia!!!!
- Isso não sei Susana mas, pelo menos, vão ser convidados para a inauguração as mais distintas entidades do nosso concelho e arredores.
- Então Alice, não digas mais nada.
- Como assim Susana?
- Então, está bom de ver, abriu a caça ao voto e quanto mais inaugurações tiverem lugar, mais votos amealham.
quinta-feira, 27 de março de 2008
O DILEMA DO SEXO
- Claro que sim minha filha. Porque é que perguntas?
- Sabes avó, é que eu vi na televisão uma notícia sobre um homem que vai ter uma filha em Junho!!!
- Credo filha, como é que pode ser possível???
- É verdade avó.
- Olha minha filha, também há uns anos, ainda tu não eras nascida, deram notícia de um homem que ía ser mãe, tudo não passou de um farsa.
- Mas desta vez é verdade, o rapaz conseguiu engravidar de uma menina!!!
- Mas ele nunca foi mulher? Sim porque estas coisas não acontecem por acaso. O ser humano tem que ter determinadas caraterísticas para conceber uma criança.
- Pois está bem. Mas este já foi mulher!!!
- Então, só podia....não há milagres!!!
- Então....quer dizer que o rapaz já foi mulher, mudou de sexo para ser homem e agora tem um filho como as mulheres?!?!
- Pois é Alice, as pessoas são muito esquisitas. Já imaginaste o dilema daquela criança? Quando crescer, não sabe se há-de chamar pai ou mãe.
- Muito complicado avó. Vale mais sermos como somos e não ligar muito a estas transsexualidades.
sábado, 22 de março de 2008
LIBERDADE - UNS COM TANTA OUTROS COM TÃO POUCA
- Então Mário, tudo bem?
- Tudo na maior Luís. Queres um café?
- Claro que vou, aliás, tenho a sensação que o jogo nem se realizaria se eu não jogasse.
- Era melhor.
- Estou a brincar. E novidades amigo?
- Olha Mário, estou muito apreensivo com a situação no Tibete.
- E não é para menos, tanto mais que a China ameaçou os manifestantes de tomar medidas drásticas para evitar qualquer manifestação de protesto contra aquela ocupação ilegal.
- Faz-nos recordar Tianmen. Todas aquelas mortes.
- São assim as ditaduras meu caro Mário. A opressão mistura-se com o progresso, fazendo-nos pensar por momentos que é tudo um mar de rosas e que as manifestações de descontentamento são episódios pontuais levados a cabo por loucos descontentes e sem razão.
- Propaganda pura e dura. E cá dentro Luís, as coisas também não estão muito bem pois não?
- Não, claro que não, principalmente no ensino.
- Nem me fales Luís. Chocaram-me as imagens daquela aluna a agredir a professora, em plena sala de aula, por causa de um telemóvel.
- Inadmissível Mário. Nunca vi tamanha situação. É a completa degradação do ensino.
- Os pais também não ensinam os filhos a respeitar os professores.
- Claro que não Luís. São demasiado permissivos, havendo casos em que até incentivam os filhos a terem aqueles comportamentos.
- Sabes Mário, eu não consigo compreender como é que um pai que não é professor, que não está dentro dos programas e ainda por cima não acompanha o percurso escolar dos seus filhos, se sente com legitimidade para julgar a capacidade profissional dos professores?
- Mas os professores também têm culpa no cartório.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
TIRO AO ALVO
- Humm!!! Estou a perceber. Já não tenho é tanta agilidade com os dedos, mas ainda consigo acertar num ou noutro.
- D. Rosalinda, não me diga que também está a tentar sair da garagem?
- Não Mário, agora estou a tentar acertar nos políticos.
- Ah...esse jogo também é muito engraçado. Volta e meia estão a mandar-me mails. É bom saber que temos pessoas que se lembram de nós, nem que seja por mail.
- Então Mário, enviar um mail é como escrever uma carta.
- Exactamente D. Rosalinda, sem ter que pagar sêlo.
- Lógico. E com a vantagem de nos podermos rir um bocado.
CONDUTOR DESENRASCADO
- Óh D. Rosalinda, peço imensa desculpa mas estava aqui a tentar sair da garagem?
- Da garagem Mário!?
- Desculpe D. Rosalinda. A Srª. até há-de pensar que eu sou maluco....
- Se não é parece. Que raio de coisa é essa que está para aí a dizer???
- Olhe D. Rosalinda, um amigo enviou-me um jogo por mail, que me estava a deixar tão entusiasmado que eu nem sequer estava com atenção aos hóspedes.
- Pois isso reparei eu, vá lá então Mário e depois pode continuar a "brincar" às garagens.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
FLUVIÁRIO MEDIEVAL
- Ai Susana, já não aguentava o cheiro à lampreia.
- Também eu não Luísa, ainda bem que o Fim-de-Semana dela já acabou.
- Olha Susana, confesso que nem dei por ele ter passado.
- Com assim Luísa?
- Então rapariga, o tempo esteve uma porcaria, o movimento foi o habitual e os visitantes ficaram-se pelos restaurantes.
- Mas a lampreia é para se comer mulher, não me digas que pretendias ver os visitantes a andar por aí de prato na mão de um lado para o outro?
- Não, claro que não, mas não ficava mal vê-los por aí a passear, a divertirem-se com as animações de rua, percebes?
- Claro que percebo Luísa. Assim uma coisa tipo Castro Marim, com comediantes e saltimbancos, donzelas e nobres todos bem vestidos e engalanados.
- Exacto, a dar um ar medieval às coisas.
- Pois minha santa, por aqui não há disso, duvido até que os nossos autarcas saibam que isso existe.
- É uma boa forma de animar os dias dedicados à lampreia meninas.
- Credo Mário, entraste por aí dentro, tão sorrateiro, que ninguém deu por ti.
- É verdade Susana, sorrateiro é o meu nome do meio. Então, fartas de arroz de lampreia?
- Fartíssimas Mário, tão fartas que, nos próximos tempos, nem no nome queremos ouvir falar.
- Mas por aquilo que percebi, também não gostaram do fim-de-semana a ela dedicado.
- Claro que não. Só de imaginar que nem sequer um bailarico para animar foram capazes de fazer.
- Tens razão Luísa, o que realmente fez falta foi um baile dedicado à lampreia. E para ti Luísa, o que mais fez falta nestes dias?
- Olha Mário, tirando o baile que sempre dava para aquecer um bocadito, gostava que os nossos autarcas tivessem feito uma coisa tipo o Fluviário de Mora, onde fosse possível explicar aos visitantes o percurso da lampreia, desde a foz até ao local de desova, isso sim, seria interessante.
- Bem pensado Susana, talvez para o ano essas tuas ideias sejam uma realidade.
- Só se mudarem os autarcas Mário e, mesmo assim, quem sabe se os que para lá forem conseguem mudar alguma coisa.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
ROSA COM TOMATES
- Achas Mário?
- Claro Luís, se assim não fosse, o homem não estava para ali a vender o seu peixe, como do melhor se tratasse.
- Podes ter razão Mário mas, a julgar pelo descontentamento manifestado pelas classes mais visadas pelas reformas, não creio que as coisas sejam assim tão cor-de-rosa, como pinta o nosso primeiro.
- Olha amigo Luís, conheço alguns professores e outros tantos profissionais da saúde que estão de acordo com a maior parte das reformas nos sectores que mais directamente lhes dizem respeito, por isso, e partindo do princípio que todas as reformas são feitas sob um clima de desconfiança e descontentamento por parte dos "poderes instalados" é perfeitamente natural que exista algum ruído sempre que são levadas à prática.
- Depreendo então que estás de acordo com as mudanças entretanto ocorridas em ambos os sectores.
- Meu caro Luís, aquilo que eu sei é que o país não podia continuar na direcção em que caminhava, sob pena de agravar ainda mais a sua posição face aos demais parceiros europeus e até mesmo mundiais, por tudo isso havia necessidade de agitar as águas ou se preferires, sacudir o pó, que estava há já demasiado tempo a ser varrido para baixo do tapete.
- Mas não te preocupa o facto de haver cada vez mais indecisão quanto ao futuro?
- Não, não me assusta nada, até porque a minha situação e o meu medo antes deste governo assumir funções eram bem maiores do que actualmente.
- Achas?
- Claro que sim!!! Pelo menos sinto que, por exemplo, os serviços públicos estão cada vez mais voltados para servir o cidadão e que a "caça" aos prevaricadores continua a ser eficaz.
- Não sejas assim tão ingénuo Mário porque as coisas não são tão óbvias como aparentam.
- Até poderás ter razão naquilo que me dizes Luís, porém acredito que não são 3 anos de governação que podem definir em absoluto o perfil dum governo quando o que havia para fazer era tanto e tão difícil de concretizar.
- Quer então dizer que está preparado para reconduzir este governo nas próximas eleições?
- Este governo, na totalidade, não direi, mas este 1º ministro com toda a certeza.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
AJUDA (AUTO)DETERMINANTE
- Maravilhoso Mário!!! A Susana não pára de me surpreender. Aquele medalhão de vitela de leite como molho de trufas negras, estava divino.
- E agora, presumo que queiras tomar um digestivo.
- Sim, pode ser.
- Preferes aguardente ou whisky?
- Se calhar vou alinhar numa aguardente. Pode ser uma S. Domingos em balão aquecido.
- É para já Paulo.
- E tu não me acompanhas?
- Também vou beber uma, só que mais pequenina.
- Então os Kosovares lá declararam, unilateralmente, independência.
- Unilateralmente para aqueles lados, porque para estes tiveram muito apoio que, naturalmente, os vai ajudar na nova tarefa de se afirmarem numa região muito complicada.
- Bastante complicada até Mário. Não é por acaso que todos têm algum receio das convulsões sociais naquela zona do mundo.
-Pois, e com razão, porque sempre que as coisas ficaram "fuscas" para aqueles lados, deflagraram duas guerras mundiais.
- Os Balcãs são um autêntico barril de pólvora Mário!!!
- Mas quem levou a que independência fosse declarada unilateralmente, foram os E.U.A. quando manifestaram o total apoio a essa pretensão.
- Olha Mário, esses indivíduos são uns malandros. A custa de quererem meter o bedelho em tudo, em nome da democracia, arrastam países para a confusão e depois, se a coisa dá para o torto, levam todos por tabela.
- É só recordar o caso dos prisioneiros do Iraque que passaram pelos Açores.
- Mas Mário, acho uma grande hipocrisia os nossos governantes andarem a tentar não falar sobre o assunto, a dizer que desconhecem o que realmente se passou, que não têm elementos capazes de comprovar a veracidade de certas afirmações.
- Sejamos honestos Paulo. Qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe perfeitamente da necessidade de reabastecimento que qualquer meio de transporte tem para cruzar o Atlântico e o Carlos César deixou isso muito claro quando disse que, mesmo não tendo a certeza, quase que poderia garantir que isso acontecera.
- Naturalmente que sim. Todos sabemos que é necessário fazer rota nos Açores ou na Madeira para fazer tal travessia, por isso, só não vê quem não quer. Agora aquilo que o governo português fez, a meu ver muito bem, foi permitir que fosse possível o reabastecimento das aeronaves que transportavam os prisioneiros iraquianos, sob pena de, caso não autorizassem, poderem vir a ser acusados de ter contribuído para a morte em alto-mar de todos eles.
- Visto por essa perspectiva até és capaz de ter razão Paulo, tal atitude até devia ser considerada como um elevado contributo para a manutenção da vida por parte do governo português.
- Não duvides que ainda saíamos a ganhar desta confusão toda.
- Olha amigo, vamos acabar por aqui com essa conversa acerca das coisas do mundo e dessas confusões geradas pelo descontentamento do povo, e prestar atenção a mais um episódio do "Conta-me como foi".
- Também gostas Mário?
- Não perco um amigo Paulo.
- Então estás como eu Mário, também me delicio a ver essa série e a forma como retrata a sociedade portuguesa dos anos 68.
- Nos anos do salazarismo queres tu dizer.
- Pois, anos antes de derrubarmos aquela ditadura.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
CAPITAL (POLÍTICA) DA LAMPREIA
- Tudo mais ou menos Filipe, quando mal sempre assim. Então, decidiu passar o fim-de-semana na pensão?
- É verdade meu caro. Acredite que só aqui consigo descansar convenientemente.
- Acredito que sim, o mesmo se passa com os restantes hóspedes que fazem questão de nos visitar. Então e novidades?
- Não há muita coisa nova para contar, apenas que, pela primeira vez, durante esta semana, consegui ter acesso ao programa do fim-de-semana da lampreia em Penacova.
- E o que é que achou?
- Olhe Mário, para lhe ser sincero, achei-o muito pouco ambicioso e pobre, e mais pobre ainda por ser esta terra a Capital da Lampreia.
- Isso é porque nós fomos os primeiros. Agora, se me disser que existem outros concelhos que, por esse país fora, fazem muito mais pela lampreia do que Penacova, isso acredito.
- E existem mesmo Mário. Durante esta semana tive a oportunidade de visitar alguns sítios onde esta iguaria se confecciona e verifiquei que todos eles oferecem muito mais do que Penacova, mesmo não sendo Capital.
- Dê-me exemplos.
- Olhe, por exemplo, Vila Nova da Cerveira, Penafiel, Montemor-o-Velho, Gondomar, ou até Tomar, para não falar noutros que aproveitam o facto da lampreia ser abundante nesta época, para fazerem as suas mostras, os seus festivais ou até mesmo as suas semanas gastronómicas dedicadas a esse ciclóstomo.
- Tem razão Filipe. Se compararmos o conteúdo dos programas que frisou com o nosso, então até me atreveria a dizer que deveríamos abdicar do título de Capital da Lampreia e oferecê-lo a uma dessas organizações.
- Não duvide daquilo que lhe estou a dizer. Qualquer dia, um qualquer indivíduo lembra-se de dizer que a sua terra é a Capital Universal da Lampreia e Penacova fica logo esquecida como destino gastronómico.
- Aí mais devagar Filipe, isso não funciona bem assim.
- Acha que não? Então espere para ver. Consegue mostrar-me o que é que o vosso município está a fazer pela promoção da lampreia?
- Bem....fez uns prospectos, pendurou uns cartazes nas árvores e....
- E...?
- Bem, deixe-me pensar um pouco.
- Pois nem que esteja toda a noite a pensar consegue descobrir o que mais, para além disso, fez o município para divulgar e promover a lampreia.
- Então, oferece uns pastéis e sorteia um fim-de-semana nas unidades hoteleiras do concelho.
- Se para si, toda essa promoção é suficiente, então começo a compreender porque razão é tão pobre e tão sem graça o evento mais importante para Penacova.
- Espere aí Filipe, eu também acho que devíamos ser mais ousados na organização deste fim-de-semana mas...
- Consegue explicar-me porque razão a Pensão Viseu não aderiu ao evento como restaurante e alojamento associado?
- Bem, ouvi dizer à D. Rosalinda que o programa era pouco ambicioso e que, por tal facto, não aceitava participar nessa qualidade.
- Vê Mário, está a dar-me razão!!! Até a D. Rosalinda já percebeu que assim não vale a pena. Não basta ter lampreia para cozinhar que faz de uma qualquer terra a sua Capital, é necessário aproveitar esse facto para fazer mais do que apenas oferecer uns doces e vender lampreia a preços módicos.
- Talvez os nossos autarcas tenham sido convidados para, nesse fim-de-semana, irem visitar outros concelhos que entretanto também escolham a lampreia para se projectarem.
- E talvez por esse motivo não pretendam enriquecer o programa do seu concelho, por não terem oportunidade para cá estarem. Olhe que é bem capaz de ter razão Mário.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
DESESPEROS
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
FEVEREIRO NAMORADEIRO
- Olha minha querida, o teu avô era um rapaz muito bonito e quando chegou à entrada da pensão, acompanhado pelo pai e pela mãe, logo disse para os meus botões que aquele moço, tão bem apessoado, iria ser o meu marido.
- Assim tão decidida avó?
- Claro minha filha, naquele tempo namorar era uma coisa muito séria. Nada se fazia abertamente e qualquer compromisso assumido era para durar até ao altar.
- Então como explicas a enorme quantidade de filhos de "pai natural" que existiam?
- Porque naquela altura os homens não assumiam nada, eram uns palermas. E depois as pessoas também se calavam, porque as crianças eram filhas dos srs. “fulanos tais” que tinham as suas aventuras por fora e depois era uma vergonha, para a mulher, claro…
- Com sempre. E os filhos?
- Bem, os filhos lá se iam desenrascando. Os que tinham sorte safavam-se, os menos afortunados tinham que fazer por isso.
- Mas hoje é diferente avó.
- Claro filha, só podia ser. Com tanta publicidade a isto e àquilo, com tanto chamamento às coisas que dão prazer sem luta, sem paciência, “só por dá cá aquela palha” é fácil para qualquer adolescente sentir-se atraído por essas "luzes" todas, tanto mais que vocês agora parece que têm 18 anos, são umas "calmeironas", já se maquilham, enfim coisas que no meu tempo, com a tua idade, nem sonhávamos que viessem a suceder.
- Mas nós hoje, com a informação que temos, devemos ser mais responsáveis e não entrar logo de cabeça nas coisas.
- Pois, bem sei, mas há sempre aquele medo.
- Bom avó, seja como for, amanhã o Rui convidou-me para jantar e eu aceitei.
- Mas não fiques por lá até muito tarde, e não te esqueças de te proteger, ouviste?
- Fica descansada avó, que mal possa, venho logo para casa acabar a noite convosco para celebrar o dia que, afinal, ainda é um dia muito bonito para todas as mulheres que se sentem amadas.
- E que amam Alice, nunca que esqueças que o amor se alimenta todos dias, tal como as flores mais frágeis.
- Mas mais bonitas.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
DE PARIS AO MUNDIAL, PASSANDO POR PORTUGAL
- Ex-"Paris-Dakar" queres tu dizer Paulo.
- Pois, de facto tens razão. Sabes é o hábito, foram tantos a ouvir falar dele que, mesmo sendo na América do Sul, será sempre o "Paris-Dakar".
- Pois, o "Paris-Dakar" da América do Sul. Sabes, concordo plenamente com a decisão, contudo, só lamento a sorte daqueles que, tal como tu, desciam até ao Algarve para ver as máquinas...
- Ver e ouvir, ou tu achas que me contentava só com o ver, para isso não saía de casa.
- Está certo, sim senhor. Era como ir para a Serra de Arganil, a dois passos daqui, passar lá a noite toda a ouvir os devaneios daquele pessoal e a ver a serra toda “salpicada” com fogueiras.
- É diferente Mário, a sensação é outra, estamos mais perto da emoção.
- Pois é Paulo, foi essa busca cega de emoções que deu origem a que o "Rally de Portugal" saísse daqui para fora.
- Contribuiu, não digo que não, mas não nos podemos esquecer dos mercados emergentes e dos investimentos que representam este tipo de provas, tanto a nível do consumidor final, como a nível da criação de empregos resultantes dos eventuais contratos celebrados.
- Todas as pessoas passam bem sem essas provas mas, quando toca a ver quem é que poderá vir a ficar com elas, acabam-se logo as coisas más e todos as querem ter no seu país. Olha, não vamos mais longe, ainda agora os preparativos para o Mundial de 2010 começaram e já Portugal teve a ideia de, acompanhado com a Espanha, vir a organizar o Mundial de 2018.
- E a Espanha quer assim ou é só mesmo uma ideia?
- Pelos vistos (ainda) é só uma ideia, mas quando se começa a falar muito sobre uma coisa, é porque já está mais adiantada do que aquilo que se imagina.
- Mas olha Mário, acho isso uma tremenda parvoíce. Já não chega a má experiência que retirámos do "Euro 2004", com a construção de estádios super caros e com uma manutenção que esgota o orçamento das câmaras que os tem a seu cargo, e já estão a pensar em meter-se noutra.
- Mas o Gilberto Madail, afirma que tudo isso seria uma mais-valia para Portugal, até porque os estádios já nós cá temos.
- E tu achas que, vaidosos como são os portugueses, alguma vez admitiriam aproveitar os estádios de futebol herdados do Euro? Nunca na vida...
- Até bombas lá colocavam só para obrigar as entidades a construir uns novos, sim porque era necessário construir uns melhores, mais económicos, etc.
- Mas se a Espanha entrar na corrida com Portugal, ou melhor, Portugal com a Espanha, de certeza que os jogos se vão realizar no país dos “nuestros hermanos”.
- Sem sombra para dúvidas Paulo, Portugal passaria a ser zona de praia, de golf e de alguns treinos para algumas das equipas participantes.
- Sim, tens razão, era o castigo que sofreriam aquelas que chegavam atrasadas aos estádios espanhóis.
TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA
- É verdade Filipe e olhe que não estamos mais ricos por isso....
- Ah não Mário, e porquê?
- Olhe, a começar pelo grafismo, passando pela estruturação dos temas, pela abordagem dos assuntos e acabando na qualidade da impressão, vê-se mesmo que os responsáveis pela sua edição, não estão muito ao corrente da evolução da imprensa, nem sequer muito preocupados com a opinião daqueles que os lêem.
- Sim Mário, à primeira vista tem razão. Não é um suporte de informação muito digno para representar uma região.
- Mas o objectivo desse órgão de comunicação social não é o de representar o concelho a que se dedica, com qualidade, isenção e espírito crítico.
- Ah não, então para que serve um jornal regional senão para isso?
- No caso do "Nova Esperança", além de ser um fiel interlocutor entre a igreja penacovense e os seus paroquianos, também é um suporte para a publicação de (quase) todos os actos notariais que se praticam no nosso concelho.
- Daí ter apenas 8 páginas?
- Exacto, as suficientes para todas aquelas publicações, mais meia dúzia de publicidade e umas quantas fotografias de pouca qualidade. mais um ou dois textos de opinião “et voilá”, está feito um jornal.
- Então, nesse caso deveria existir outro jornal em Penacova!!!!
- E existe, só que a qualidade já não é tão acessível quanto era até ao momento em que o governo decidiu acabar com o porte-pago para a imprensa regional e quem prima por ela, não consegue prestar um bom serviço aos leitores.
- Pois eu bem sei o que isso é Mário, ainda por cima quando tal incentivo era um importante balão de oxigénio para a imprensa regional.
- Daí que os únicos jornais que ainda conseguem manter à tona as suas edições, são aqueles que, apesar de constituírem um mau exemplo de jornalismo, mantêm o monopólio das publicações, mesmo informando com má qualidade, e conseguem andar sem fazer muitas ondas.
- É uma das técnicas de sobrevivência. Não se fazem ondas, não se incomodam as instituições e os interesses instalados, e as coisas acabam por se arranjar.
- Mas também, tirando um ou outro caso muito útil para o cidadão, é um jornal onde a crítica não existe e onde os problemas do concelho não são verdadeiramente abordados, ficando no ar a sensação de que tudo está bem, que não se passa nada de anormal.
- E assim conseguem sair incólumes desta crise que afecta toda a imprensa regional.
- O mundo é dos espertos meu caro Filipe, o mundo é dos espertos!!! Mudando de assunto, toma algo mais para acabar a noite?
- Não amigo Mário, vou subir porque amanhã vai ser a minha primeira visita oficial pelo concelho.
- Então veja lá se trás algumas novidades.
- Vou tentar Mário, vou tentar...
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
DA JANELA DO BOM FILHO
- Sim, tens as suas coisas boas......
- Pois imagino que coisas serão essas. Singulares belezas captadas pela insensibilidade objectiva de um profissional.
- Pois, foi para me libertar de tudo isso que eu escolhi passar uns tempos em Penacova.
- Um regresso às origens, portanto, tipo “o bom filho à casa torna”...
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
A IMPORTÂNCIA DA LIQUIDEZ
- Parece que não Susana, pelo menos a julgar pelo que ouço, ou melhor, pelo que não ouço.
- Era engraçado ouvir do "Penedo da Carvoeira" aquelas piadas acerca deste ou daquele, daquilo que todos sabiam que acontecia, mas que ninguém tinha coragem para contar.
- Pois, mas houve alguém que não achou tão engraçado assim e acabou-se o espectáculo.
- Tal como todos os espectáculos nesta terra.
- Então e a lampreia, vai ou não vai?
- Vão-se vendendo mais ou menos, se bem que ainda não começou a "Semana da Lampreia"...
- E o preço também não ajuda, convenhamos!!!
- Claro que não. Sabes que desembolsar 80 euros de repente, não é nada fácil.
- Deixa lá que, "enquanto há visa há esperança", como dizia um amigo meu.
- Olha Mário, o que eu te digo é que já se vende lampreia por todo o lado, e aqui nada.
- Tem calma contigo Susana, a estratégia é deixar os outros começar a publicitar a iguaria para depois se dar início à verdadeira "Semana da Lampreia".
- Pois, tens razão, a D. Rosalinda até falou que vai caprichar este ano e fazer uma coisa mais de acordo com a época.
- Claro, basta juntar a tua competência à da Cristina, para obter um resultado excelente.
- Obrigado pela parte que me toca. Outra coisa que eu gostava de te perguntar era acerca do Filipe.
- Filipe?
- Sim, o caixeiro viajante.
- Bem sei, que parvoíce a minha. Passa-se alguma coisa com, ele?
- Não, não, isto é, espero que não. Era só para saber que produtos é que ele vende.
- Ah, já percebi. Para se ter franco nem eu sei muito bem, ouvi falar de algo que tem a ver com comida biológica, daquela saudável que agora só em estufas é que se produz.
- Pois, antes era na horta que se tinha no quintal, depois começaram a vender os herbicidas e os pesticidas para combater as pragas, agora aquilo que produzimos não vale nada e eles, cheios de razão, vêm dizer que aquilo que vendem é que é bom.
- Mas são bons e de qualidade Susana, temos que admitir.
- Claro, bons e caros....
- Era com dizia o Director Nacional da P.J. em entrevista à Rádio Renascença, a propósito da justiça. Quem quer boa saúde tem que a poder pagar.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
CAIXEIRO SONHADOR
- Sim, mais ou menos. É certo que por onde andei, nem sempre encontrei a receptividade desejada mas, só pela viagem foi gratificante.
- Claro que acho, principalmente aquela a parte sul da Serra do Buçaco.
- Bem sei, toda aquela zona da freguesia de Sazes do Lorvão.
- Mas também reparei que há muita rusticidade nessas aldeias um pouco mais afastadas de Penacova.
- No sentido positivo do termo, imagino...
- Claro que sim Mário, não andei por aí a avaliar graus de desenvolvimento.
- Não esperaria outra posição.
- Naturalmente que sim, que me agrada toda esta ruralidade, toda esta simplicidade!!!
- Estou muito admirado consigo Filipe. Para quem cá está há tão pouco tempo e já conseguiu analisar as coisas tão profundamente. Olhe que não é fácil...
- Apenas a experiência adquirida no contacto com os outros.
- Pois claro, só poderia ser. É sinal que aprendeu bem a lição. Mas olhe que é sempre a primeira impressão de todos aqueles que por cá passam. Todos ficam com uma imagem magnífica desta terra mas (há sempre um mas) se permanecerem por cá durante muito tempo, vão aperceber-se que, tirando toda essa beleza, esta terra nem sempre é sinónimo de progresso, ou evolução.
- É sempre assim em todo lado Mário. Daqui a uns dias, vou entrar por aqui adentro a lamentar-me da falta de alcatrão nas estradas, das obras que interrompem qualquer pedaço de estrada, enfim, o habitual. Por isso meu caro, deixe-me sonhar um pouco.
- Sim, claro que sim. Não foi por acaso que escolheu a Pensão Viseu.
domingo, 3 de fevereiro de 2008
O NOVO HÓSPEDE
- O que foi mulher, parece que viste um fantasma!!!!
- Antes fosse, porque assim ainda teria aquela possibilidade que todos os fantasmas têm para se deslocarem para todo o lado, através das paredes e das portas.
- Mas que raio de bicho te mordeu Luísa?
- Olha rapariga, para mim não serve porque já estou de núpcias marcadas com o meu António, mas para ti, livre e desimpedida, vinha mesmo a calhar um homem como aquele que eu vi a falar como o Mário junto à recepção.
- Então e olha lá, por acaso passei-te procuração para andares à procura de marido para mim?
- Não, claro que não, mas como sou tua amiga e de vez em quando reparo que andas para aí a suspirar, e julguei que se desse um empurrãozito, as coisas poderiam ficar mais fáceis.
- Pois não te preocupes com isso Luísa porque quando eu quiser quem me aqueça os pés durante a noite, tratarei de arranjar alguém. Enquanto isso, dispenso a tua preocupação.
- Fica descansada que já não está cá quem falou.
- Mas Luísa, já que tocaste no assunto, diz-me lá quem é o rapagão.
- Eu vi logo Susana. Quem desdenha quer comprar...
- Vá lá, deixa-te de palermices e começa a desenvolver….
- Olha Susana, só sei que é caixeiro-viajante, tem cerca de 40 anos, veste que é uma maravilha e que pretende um quarto para cá passar duas a três vezes por semana.
- E é assim tão.....
- Bom?
- Sim, pode ser esse o termo.
- Bem, como já te disse, para mim não serve porque já tenho o meu António mas, a julgar pela aparência do indivíduo, se fosse a ti tentava, pelo menos distraidamente, sujar-lhe a camisa com sopa ou as calças com vinho...estás a perceber?
- Claro que estou. E a seguir oferecia-me logo para lhe lavar a roupa que lhe sujei e por aí adiante.
- Olha Susana, eu não preciso de te ensinar nada mas, se quiseres dar uma olhadela no moço, sobe até ao cimo das escadas para satisfazeres a tua curiosidade.
- E aliança, reparaste se tem?
- Não reparei nem isso interessa, ou achas que sim?
- Bem nos dias que correm, quando ainda continuam a existir 7 mulheres para um homem, talvez não.