domingo, 17 de fevereiro de 2008

AJUDA (AUTO)DETERMINANTE

- Então Paulo, o jantar estava bom?
- Maravilhoso Mário!!! A Susana não pára de me surpreender. Aquele medalhão de vitela de leite como molho de trufas negras, estava divino.
- E agora, presumo que queiras tomar um digestivo.
- Sim, pode ser.
- Preferes aguardente ou whisky?
- Se calhar vou alinhar numa aguardente. Pode ser uma S. Domingos em balão aquecido.
- É para já Paulo.
- E tu não me acompanhas?
- Também vou beber uma, só que mais pequenina.
- Então os Kosovares lá declararam, unilateralmente, independência.
- Unilateralmente para aqueles lados, porque para estes tiveram muito apoio que, naturalmente, os vai ajudar na nova tarefa de se afirmarem numa região muito complicada.
- Bastante complicada até Mário. Não é por acaso que todos têm algum receio das convulsões sociais naquela zona do mundo.
-Pois, e com razão, porque sempre que as coisas ficaram "fuscas" para aqueles lados, deflagraram duas guerras mundiais.
- Os Balcãs são um autêntico barril de pólvora Mário!!!
- Mas quem levou a que independência fosse declarada unilateralmente, foram os E.U.A. quando manifestaram o total apoio a essa pretensão.
- Olha Mário, esses indivíduos são uns malandros. A custa de quererem meter o bedelho em tudo, em nome da democracia, arrastam países para a confusão e depois, se a coisa dá para o torto, levam todos por tabela.
- É só recordar o caso dos prisioneiros do Iraque que passaram pelos Açores.
- Mas Mário, acho uma grande hipocrisia os nossos governantes andarem a tentar não falar sobre o assunto, a dizer que desconhecem o que realmente se passou, que não têm elementos capazes de comprovar a veracidade de certas afirmações.
- Sejamos honestos Paulo. Qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe perfeitamente da necessidade de reabastecimento que qualquer meio de transporte tem para cruzar o Atlântico e o Carlos César deixou isso muito claro quando disse que, mesmo não tendo a certeza, quase que poderia garantir que isso acontecera.
- Naturalmente que sim. Todos sabemos que é necessário fazer rota nos Açores ou na Madeira para fazer tal travessia, por isso, só não vê quem não quer. Agora aquilo que o governo português fez, a meu ver muito bem, foi permitir que fosse possível o reabastecimento das aeronaves que transportavam os prisioneiros iraquianos, sob pena de, caso não autorizassem, poderem vir a ser acusados de ter contribuído para a morte em alto-mar de todos eles.
- Visto por essa perspectiva até és capaz de ter razão Paulo, tal atitude até devia ser considerada como um elevado contributo para a manutenção da vida por parte do governo português.
- Não duvides que ainda saíamos a ganhar desta confusão toda.
- Olha amigo, vamos acabar por aqui com essa conversa acerca das coisas do mundo e dessas confusões geradas pelo descontentamento do povo, e prestar atenção a mais um episódio do "Conta-me como foi".
- Também gostas Mário?
- Não perco um amigo Paulo.
- Então estás como eu Mário, também me delicio a ver essa série e a forma como retrata a sociedade portuguesa dos anos 68.
- Nos anos do salazarismo queres tu dizer.
- Pois, anos antes de derrubarmos aquela ditadura.

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