sábado, 22 de março de 2008

LIBERDADE - UNS COM TANTA OUTROS COM TÃO POUCA

O Luís é um amigo de longa data. Faz da Pensão a sua 2ª casa e, sempre que pode, vem cá tomar o cafezinho do almoço. Hoje, tal como nos outros dias, aparece por esta hora para tomar o dito e conversar um pouco.
I
- Então Mário, tudo bem?
- Tudo na maior Luís. Queres um café?
- Sim claro. Pelo que estou a ver também vais jogar.
- Claro que vou, aliás, tenho a sensação que o jogo nem se realizaria se eu não jogasse.
- Era melhor.
- Estou a brincar. E novidades amigo?
- Olha Mário, estou muito apreensivo com a situação no Tibete.
- E não é para menos, tanto mais que a China ameaçou os manifestantes de tomar medidas drásticas para evitar qualquer manifestação de protesto contra aquela ocupação ilegal.
- Faz-nos recordar Tianmen. Todas aquelas mortes.
- São assim as ditaduras meu caro Mário. A opressão mistura-se com o progresso, fazendo-nos pensar por momentos que é tudo um mar de rosas e que as manifestações de descontentamento são episódios pontuais levados a cabo por loucos descontentes e sem razão.
- Propaganda pura e dura. E cá dentro Luís, as coisas também não estão muito bem pois não?
- Não, claro que não, principalmente no ensino.
- Nem me fales Luís. Chocaram-me as imagens daquela aluna a agredir a professora, em plena sala de aula, por causa de um telemóvel.
- Inadmissível Mário. Nunca vi tamanha situação. É a completa degradação do ensino.
- Os pais também não ensinam os filhos a respeitar os professores.
- Claro que não Luís. São demasiado permissivos, havendo casos em que até incentivam os filhos a terem aqueles comportamentos.
- Sabes Mário, eu não consigo compreender como é que um pai que não é professor, que não está dentro dos programas e ainda por cima não acompanha o percurso escolar dos seus filhos, se sente com legitimidade para julgar a capacidade profissional dos professores?
- Mas os professores também têm culpa no cartório.
- Como assim?
- Basta ver a forma como alguns se relacionam com os alunos. Dão-lhes toda a liberdade do mundo, depois quando querem impor autoridade, já não vão a tempo de recuperar o que quer que seja.
- E o ministério também não ajuda.
- Claro que não, depois, ao verem toda esta "perseguição" à classe, os alunos pensam que também lhes é legítimo agirem como se de um colega deles se tratasse.
- Tens razão Luís, tudo isso contribui para que se instale a confusão e depois ninguém sabe quem manda em quem e os casos problemáticos aparecem.
- Até que alguém tome uma posição de força e depois é um 31 porque vêm logo uns sabichões dizer que não se devia agir assim, que deviam ter sido tomadas medidas preventivas, que os meninos são novos, não pensam, ou que os professores são uns “calões”, que só querem greves e tachos….
- Acaba sempre por ser tardia qualquer medida com vista à resolução da situação. E além disso hão-de depois aparecer aqueles que aproveitam toda a confusão para se armarem em vítimas e para reclamarem alguma coisa mais, como de costume.
I

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