sábado, 30 de agosto de 2008

ACONTECEU

- A Pensão está de luto.
- E foi prolongada.... a dor?
- Sim, creio que sofreu mais do que o suficiente....
- Então foi melhor assim. Sabe, perder alguém com quem vivemos desde pequenos, com quem aprendemos a olhar o mundo, a dar os primeiros passos....torna-se quase insuportável.
- É uma parte de nós que nos deixa para sempre...restam-nos os bons momentos passados juntos.
- A única esperança que nos resta é que ele, como espírito, como pessoa, encontre um lugar melhor para viver.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O PODER DA IMAGEM

- Vais ver o filme Susana?
- Qual filme?
- O último do Oliver Stone, qual é que havia de ser?
- Sei lá, há tantos filmes a estrear que uma pessoa nem sabe muito bem a qual é que há-de ir.
- E a história é sobre o quê?
- É sobre o passado do George Bush.
- Quem o pai?
- Não, o filho!!
- Então mas o passado dele dá para fazer um filme?
- Mais ou menos, mas como se trata de um presidente, sempre se pode aproveitar qualquer coisa sobre a sua vida.
- E já viste alguma coisa sobre ele?
- Acabei de ver um making off?
- E que tal?
- Bem Susana, o homem, segundo o filme, revela-se um autêntico desastre. Desde a conduzir embriagado, até à louca sedução de mulheres, bem como o gosto pelo jogo, enfim, um bon-vivant, o personagem não se deixa ultrapassar por ninguém.
- Então e os E.U.A. acreditaram nesse personagem para os governar.
- Então tu não sabes que os americanos são estúpidos e presunçosos. Que só gostam de fast-food e de coca-cola?
- Bem, não sei se, de uma maneira geral, serão assim todos mas, a julgar pela descrição o filme não tenho dúvidas nenhumas que o homem poderia ser tudo menos presidente.
- Mas sabes como é, se por detrás de uma qualquer campanha, seja ela publicitária ou promocional de um qualquer produto que se pretenda vender, estiver um bom realizador, capaz de mostrar às pessoas a beleza de uma pessoa feia e a pureza de uma pessoa má então, aquele cuja imagem de perfeição se pretende fazer passar, ganha logo pontos suficientes para ganhar, com vantagem, qualquer desafio.
- E assim se entrega a um depravado os destinos de uma nação inteira e, ainda por cima, com responsabilidades a nível mundial.
- E bem se viu o resultado da decisão de invadir o Iraque, da teimosa em não respeitar as metas de Quioto, de manter o braço de ferro com a Al-Qaida ou de fazer questão em manter a prisão de Guantánamo....
- Olha Mário, quanto tivermos oportunidade, juro que iremos ver esse filme mas, como estiveste tanto tempo ausente, em sugeria que te deixasses de conversas, encerrasses a Pensão e subisses comigo até ao 2º andar para me mostrares os souvenirs que trouxeste dessa longa viagem que fizeste.
- Tens razão Susana, mais acção e menos conversa.

INAUGURAÇÕES SINTÉTICAS

- Luís, meu caro Luís. Bons olhos te vejam rapaz!!!!
- Olha o Mário, regressou à Pensão. Pensava que tinhas ficado lá pelas “europas” a gozar o dinheiro que o teu tio te deixou.
- Olha meu caro amigo, nem que quisesse não conseguia ficar por muito mais tempo pois a herança não foi nada por aí além e, além disso, é necessário fazer algumas poupanças porque o tempo é de vacas magras.
- A quem o dizes meu caro, a quem o dizes. Então já sabes das novidades?
- De algumas sim, de outras ainda não.
- Já sabes que vão ser sinteticamente relvados os campos de futebol de São Pedro de Alva, de Gavinhos e do Mocidade?
- Já tinha ouvido qualquer coisa mas nada de pormenores.
- Pois é meu caro, vai ser uma maravilha para quem lá joga.
- Até apetece ser rasteirado....E quem é que paga?
- Creio que, além da autarquia, parece que o governo lançou uma iniciativa para promover a construção e, por tal motivo, pagará alguma coisa...
- Mas Luís, achas mesmo necessário tal intervenção naqueles campos de futebol?
- Creio que é sempre uma mais valia para o desporto e para quem o quer praticar.
- Pois, és capaz de ter razão. E outra coisa, qual deles via ser eleito o "estádio municipal"?
- Está-se mesmo a ver qual será...
- O de Gavinhos?
- Claro, ou pensas que quem parte e reparte não há-de ficar com a melhor parte.
- Mas fica tão à beira da estrada, sem lugares para estacionar nem zona para se expandir...
- Meu caro Mário, se houver dinheiro tudo se consegue.
- Bem, por esse prisma, não existem dúvidas que assim será. Mas, mesmo assim, continuo a achar que o campo do Mocidade, ou da Serra como lhe chamam, reunia todas as condições para se tornar no campo municipal, dadas as características do terreno onde está instalado, da capacidade que tem para se expandir e no facto de, aí sim, se encontrar localizado num ponto mais central do concelho.
- Pois é Mário, mas não te esqueças de onde são os que decidem essas coisas. E se, nos restantes equipamentos desportivos fizeram as asneiras que estão à vista, não seria de esperar que desta vez acertassem.
- Pois, tens toda a razão, basta por exemplo ver o estado de degradação a que o "ténis" chegou e a vontade que os responsáveis pela sua manutenção têm em o recuperar.
- De facto, não é preciso ir muito longe para verificar o que ainda existem situações na nossa terra que necessitavam de um intervenção urgente para, pelo menos, as pessoas saberem que delas alguém é dono e que se esforça por delas bem tratar.
- Pois é meu amigo, aqui as coisas são como são. Os donos não querem saber das coisas velhas e que, eventualmente, lhes trazem má memória, antes preferindo construir novo e bonito para, claro, fazerem a respectiva inauguração.

O FIM DAS FÉRIAS

- Finalmente Mário, regressaste!!!
- É verdade D. Rosalinda, já tinha saudades da recepção da Pensão.
- Só da recepção?
- Claro que não. De todos vós e das nossas intermináveis conversas.
- Então conta-me lá como foi essa viagem, estou mortinha por saber por onde andaste e o que viste.
- Olhe D. Rosalinda, corri a Europa de lés a lés. Fui a Espanha, à França, Holanda, Áustria, Suíça, Grécia, Itália, enfim, quase a todos os países e capitais.
- Sabe bem receber assim uma boa quantia, de um tio quase desconhecido, e partir à descoberta das maravilhas na nossa velha Europa.
- Tem toda a razão D. Rosalinda, mas agora, por uns tempos, vou acalmar por aqui e digerir o resultado de toda essa experiência.
- Sabe bem voltar aos lençóis branquinhos da Pensão, não sabe?
- Claro que sabe D. Rosalinda mas, aquilo que mais saudades me deixou, foram os cozinhados da Susana. Sempre que comia nesses restaurantes espalhados por essa Europa, pensava naquele cabrito assado ou naquela lebre à caçador ou até mesmo na chanfana à moda de Penacova que deixei aqui na Pensão.
- Espero que os tenha divulgado bem.
- Claro que sim D. Rosalinda. Houve até um dia num restaurante grego em que, após ter tecido rasgados elogios aos escalopes de vitela da Susana, o chefe de sala quase me obrigou a escrever a receita no livro que todos utilizavam na cozinha para confeccionar as refeições.
- Por este andar ainda vamos ter que dispensar a Susana para um desses famosos restaurantes.
- Nunca se sabe D. Rosalinda, nunca se sabe....Então e novidades por aqui?
- Muitas novidades Mário. Tantas que nem imaginas.
- Assim há-de ser D. Rosalinda, numa terra onde nada acontece e, quando acontece, nunca deveria ter acontecido, parece-me fruta a mais.
- Não Mário, desta vez vão acontecer mesmo coisas diferentes. Vão construir um parque de estacionamento subterrâneo aqui no Terreiro, uma biblioteca e um auditório junto ao cemitério da Eirinha e, junto à piscinas municipais, o novo tribunal judicial.
- Obras de regime???
- Talvez, mas não deixam de ser obras!!!
- E o hotel de Penacova?
- Esse reabriu com nova gerência.
- Como assim?
- Então, desde que o irlandês voou para outras paragens, o nosso presidente pôs-se em campo para arranjar um parceiro à altura de tamanha empresa.
- E conseguiu?
- Claro que conseguiu, quando se tem maioria tudo se consegue. E arranjou um empresário da Curia para tomar conta do empreendimento.
- E com que futuro?
- Olha, provavelmente como o mesmo. Sem prometer nada a ninguém, põe lá o pessoal a servir umas refeições e a receber uns quaisquer hóspedes que se arrisquem por estas bandas e depois logo se vê….
- O costume portanto.
- Sim claro, para não surpreender aqueles que continuam a achar que não vale a pena apostar em Penacova.
- Mas já são pouco D. Rosalinda!!!
- Pois são, e logo por azar são os que mais podem…

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