quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

TIRO AO ALVO

- Olhe D. Rosalinda, afinal os hóspedes não queriam nada. Sentaram-se para falar um pouco sobre a actualidade.
- Humm!!! Estou a perceber. Já não tenho é tanta agilidade com os dedos, mas ainda consigo acertar num ou noutro.
- D. Rosalinda, não me diga que também está a tentar sair da garagem?
- Não Mário, agora estou a tentar acertar nos políticos.
- Ah...esse jogo também é muito engraçado. Volta e meia estão a mandar-me mails. É bom saber que temos pessoas que se lembram de nós, nem que seja por mail.
- Então Mário, enviar um mail é como escrever uma carta.
- Exactamente D. Rosalinda, sem ter que pagar sêlo.
- Lógico. E com a vantagem de nos podermos rir um bocado.

CONDUTOR DESENRASCADO

- Então Mário, não vê que chegaram pessoas?
- Óh D. Rosalinda, peço imensa desculpa mas estava aqui a tentar sair da garagem?
- Da garagem Mário!?
- Desculpe D. Rosalinda. A Srª. até há-de pensar que eu sou maluco....
- Se não é parece. Que raio de coisa é essa que está para aí a dizer???
- Olhe D. Rosalinda, um amigo enviou-me um jogo por mail, que me estava a deixar tão entusiasmado que eu nem sequer estava com atenção aos hóspedes.
- Pois isso reparei eu, vá lá então Mário e depois pode continuar a "brincar" às garagens.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

FLUVIÁRIO MEDIEVAL

- Ai Susana, já não aguentava o cheiro à lampreia.
- Também eu não Luísa, ainda bem que o Fim-de-Semana dela já acabou.
- Olha Susana, confesso que nem dei por ele ter passado.
- Com assim Luísa?
- Então rapariga, o tempo esteve uma porcaria, o movimento foi o habitual e os visitantes ficaram-se pelos restaurantes.
- Mas a lampreia é para se comer mulher, não me digas que pretendias ver os visitantes a andar por aí de prato na mão de um lado para o outro?
- Não, claro que não, mas não ficava mal vê-los por aí a passear, a divertirem-se com as animações de rua, percebes?
- Claro que percebo Luísa. Assim uma coisa tipo Castro Marim, com comediantes e saltimbancos, donzelas e nobres todos bem vestidos e engalanados.
- Exacto, a dar um ar medieval às coisas.
- Pois minha santa, por aqui não há disso, duvido até que os nossos autarcas saibam que isso existe.
- É uma boa forma de animar os dias dedicados à lampreia meninas.
- Credo Mário, entraste por aí dentro, tão sorrateiro, que ninguém deu por ti.
- É verdade Susana, sorrateiro é o meu nome do meio. Então, fartas de arroz de lampreia?
- Fartíssimas Mário, tão fartas que, nos próximos tempos, nem no nome queremos ouvir falar.
- Mas por aquilo que percebi, também não gostaram do fim-de-semana a ela dedicado.
- Claro que não. Só de imaginar que nem sequer um bailarico para animar foram capazes de fazer.
- Tens razão Luísa, o que realmente fez falta foi um baile dedicado à lampreia. E para ti Luísa, o que mais fez falta nestes dias?
- Olha Mário, tirando o baile que sempre dava para aquecer um bocadito, gostava que os nossos autarcas tivessem feito uma coisa tipo o Fluviário de Mora, onde fosse possível explicar aos visitantes o percurso da lampreia, desde a foz até ao local de desova, isso sim, seria interessante.
- Bem pensado Susana, talvez para o ano essas tuas ideias sejam uma realidade.
- Só se mudarem os autarcas Mário e, mesmo assim, quem sabe se os que para lá forem conseguem mudar alguma coisa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ROSA COM TOMATES

- Afinal não existem motivos para alarme no que toca ao ensino e à saúde no nosso país.
- Achas Mário?
- Claro Luís, se assim não fosse, o homem não estava para ali a vender o seu peixe, como do melhor se tratasse.
- Podes ter razão Mário mas, a julgar pelo descontentamento manifestado pelas classes mais visadas pelas reformas, não creio que as coisas sejam assim tão cor-de-rosa, como pinta o nosso primeiro.
- Olha amigo Luís, conheço alguns professores e outros tantos profissionais da saúde que estão de acordo com a maior parte das reformas nos sectores que mais directamente lhes dizem respeito, por isso, e partindo do princípio que todas as reformas são feitas sob um clima de desconfiança e descontentamento por parte dos "poderes instalados" é perfeitamente natural que exista algum ruído sempre que são levadas à prática.
- Depreendo então que estás de acordo com as mudanças entretanto ocorridas em ambos os sectores.
- Meu caro Luís, aquilo que eu sei é que o país não podia continuar na direcção em que caminhava, sob pena de agravar ainda mais a sua posição face aos demais parceiros europeus e até mesmo mundiais, por tudo isso havia necessidade de agitar as águas ou se preferires, sacudir o pó, que estava há já demasiado tempo a ser varrido para baixo do tapete.
- Mas não te preocupa o facto de haver cada vez mais indecisão quanto ao futuro?
- Não, não me assusta nada, até porque a minha situação e o meu medo antes deste governo assumir funções eram bem maiores do que actualmente.
- Achas?
- Claro que sim!!! Pelo menos sinto que, por exemplo, os serviços públicos estão cada vez mais voltados para servir o cidadão e que a "caça" aos prevaricadores continua a ser eficaz.
- Não sejas assim tão ingénuo Mário porque as coisas não são tão óbvias como aparentam.
- Até poderás ter razão naquilo que me dizes Luís, porém acredito que não são 3 anos de governação que podem definir em absoluto o perfil dum governo quando o que havia para fazer era tanto e tão difícil de concretizar.
- Quer então dizer que está preparado para reconduzir este governo nas próximas eleições?
- Este governo, na totalidade, não direi, mas este 1º ministro com toda a certeza.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

AJUDA (AUTO)DETERMINANTE

- Então Paulo, o jantar estava bom?
- Maravilhoso Mário!!! A Susana não pára de me surpreender. Aquele medalhão de vitela de leite como molho de trufas negras, estava divino.
- E agora, presumo que queiras tomar um digestivo.
- Sim, pode ser.
- Preferes aguardente ou whisky?
- Se calhar vou alinhar numa aguardente. Pode ser uma S. Domingos em balão aquecido.
- É para já Paulo.
- E tu não me acompanhas?
- Também vou beber uma, só que mais pequenina.
- Então os Kosovares lá declararam, unilateralmente, independência.
- Unilateralmente para aqueles lados, porque para estes tiveram muito apoio que, naturalmente, os vai ajudar na nova tarefa de se afirmarem numa região muito complicada.
- Bastante complicada até Mário. Não é por acaso que todos têm algum receio das convulsões sociais naquela zona do mundo.
-Pois, e com razão, porque sempre que as coisas ficaram "fuscas" para aqueles lados, deflagraram duas guerras mundiais.
- Os Balcãs são um autêntico barril de pólvora Mário!!!
- Mas quem levou a que independência fosse declarada unilateralmente, foram os E.U.A. quando manifestaram o total apoio a essa pretensão.
- Olha Mário, esses indivíduos são uns malandros. A custa de quererem meter o bedelho em tudo, em nome da democracia, arrastam países para a confusão e depois, se a coisa dá para o torto, levam todos por tabela.
- É só recordar o caso dos prisioneiros do Iraque que passaram pelos Açores.
- Mas Mário, acho uma grande hipocrisia os nossos governantes andarem a tentar não falar sobre o assunto, a dizer que desconhecem o que realmente se passou, que não têm elementos capazes de comprovar a veracidade de certas afirmações.
- Sejamos honestos Paulo. Qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe perfeitamente da necessidade de reabastecimento que qualquer meio de transporte tem para cruzar o Atlântico e o Carlos César deixou isso muito claro quando disse que, mesmo não tendo a certeza, quase que poderia garantir que isso acontecera.
- Naturalmente que sim. Todos sabemos que é necessário fazer rota nos Açores ou na Madeira para fazer tal travessia, por isso, só não vê quem não quer. Agora aquilo que o governo português fez, a meu ver muito bem, foi permitir que fosse possível o reabastecimento das aeronaves que transportavam os prisioneiros iraquianos, sob pena de, caso não autorizassem, poderem vir a ser acusados de ter contribuído para a morte em alto-mar de todos eles.
- Visto por essa perspectiva até és capaz de ter razão Paulo, tal atitude até devia ser considerada como um elevado contributo para a manutenção da vida por parte do governo português.
- Não duvides que ainda saíamos a ganhar desta confusão toda.
- Olha amigo, vamos acabar por aqui com essa conversa acerca das coisas do mundo e dessas confusões geradas pelo descontentamento do povo, e prestar atenção a mais um episódio do "Conta-me como foi".
- Também gostas Mário?
- Não perco um amigo Paulo.
- Então estás como eu Mário, também me delicio a ver essa série e a forma como retrata a sociedade portuguesa dos anos 68.
- Nos anos do salazarismo queres tu dizer.
- Pois, anos antes de derrubarmos aquela ditadura.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CAPITAL (POLÍTICA) DA LAMPREIA

- Então Mário, está tudo bem?
- Tudo mais ou menos Filipe, quando mal sempre assim. Então, decidiu passar o fim-de-semana na pensão?
- É verdade meu caro. Acredite que só aqui consigo descansar convenientemente.
- Acredito que sim, o mesmo se passa com os restantes hóspedes que fazem questão de nos visitar. Então e novidades?
- Não há muita coisa nova para contar, apenas que, pela primeira vez, durante esta semana, consegui ter acesso ao programa do fim-de-semana da lampreia em Penacova.
- E o que é que achou?
- Olhe Mário, para lhe ser sincero, achei-o muito pouco ambicioso e pobre, e mais pobre ainda por ser esta terra a Capital da Lampreia.
- Isso é porque nós fomos os primeiros. Agora, se me disser que existem outros concelhos que, por esse país fora, fazem muito mais pela lampreia do que Penacova, isso acredito.
- E existem mesmo Mário. Durante esta semana tive a oportunidade de visitar alguns sítios onde esta iguaria se confecciona e verifiquei que todos eles oferecem muito mais do que Penacova, mesmo não sendo Capital.
- Dê-me exemplos.
- Olhe, por exemplo, Vila Nova da Cerveira, Penafiel, Montemor-o-Velho, Gondomar, ou até Tomar, para não falar noutros que aproveitam o facto da lampreia ser abundante nesta época, para fazerem as suas mostras, os seus festivais ou até mesmo as suas semanas gastronómicas dedicadas a esse ciclóstomo.
- Tem razão Filipe. Se compararmos o conteúdo dos programas que frisou com o nosso, então até me atreveria a dizer que deveríamos abdicar do título de Capital da Lampreia e oferecê-lo a uma dessas organizações.
- Não duvide daquilo que lhe estou a dizer. Qualquer dia, um qualquer indivíduo lembra-se de dizer que a sua terra é a Capital Universal da Lampreia e Penacova fica logo esquecida como destino gastronómico.
- Aí mais devagar Filipe, isso não funciona bem assim.
- Acha que não? Então espere para ver. Consegue mostrar-me o que é que o vosso município está a fazer pela promoção da lampreia?
- Bem....fez uns prospectos, pendurou uns cartazes nas árvores e....
- E...?
- Bem, deixe-me pensar um pouco.
- Pois nem que esteja toda a noite a pensar consegue descobrir o que mais, para além disso, fez o município para divulgar e promover a lampreia.
- Então, oferece uns pastéis e sorteia um fim-de-semana nas unidades hoteleiras do concelho.
- Se para si, toda essa promoção é suficiente, então começo a compreender porque razão é tão pobre e tão sem graça o evento mais importante para Penacova.
- Espere aí Filipe, eu também acho que devíamos ser mais ousados na organização deste fim-de-semana mas...
- Consegue explicar-me porque razão a Pensão Viseu não aderiu ao evento como restaurante e alojamento associado?
- Bem, ouvi dizer à D. Rosalinda que o programa era pouco ambicioso e que, por tal facto, não aceitava participar nessa qualidade.
- Vê Mário, está a dar-me razão!!! Até a D. Rosalinda já percebeu que assim não vale a pena. Não basta ter lampreia para cozinhar que faz de uma qualquer terra a sua Capital, é necessário aproveitar esse facto para fazer mais do que apenas oferecer uns doces e vender lampreia a preços módicos.
- Talvez os nossos autarcas tenham sido convidados para, nesse fim-de-semana, irem visitar outros concelhos que entretanto também escolham a lampreia para se projectarem.
- E talvez por esse motivo não pretendam enriquecer o programa do seu concelho, por não terem oportunidade para cá estarem. Olhe que é bem capaz de ter razão Mário.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

DESESPEROS

Regresso à Pensão Viseu, em mais uma viagem a caminho de uma conferência sobre arquitectura, em Lamego.
Na sala de estar, onde converso habitualmente com o Mário e na falta dele, procuro sinais da imprensa de Penacova, enquanto "faço tempo" para descansar...
Por entre os jornais do dia, um nacional e outro de Coimbra, surge o "Nova Esperança", o jornal que afirma estar ao serviço de Penacova há 28 anos.
Ora o que este respeitável jornal nos oferece é mau de mais para valer o tempo que gastei com ele.
Péssimas fotografias, mal enquadradas, mal tratadas, literalmente más de mais e que corariam a própria vergonha. Má redacção, frouxa opinião e temos o mais "certo" jornal desta bela terra.
O jornal sobreviverá, não pela sua qualidade, que não tem, mas por ser mantido por um statos quo benzido a hossanas e hóstias consagradas (tudo coisas respeitáveis também) mas que misturadas com imprensa e supostamente informação, formam um apócrifo caldo de bizarrias.
Um desespero.
Por outro lado, o Jornal de Penacova, surge um pouco como as névoas e definha, admitiu o seu director num editorial, face à ausência de interesse dos empresários do concelho e ao corte no Porte Pago, uma medida (mais uma) daquelas que o governo espumou na sua raiva controladora, higienizadora e economicista.
Portanto, Penacova assume assim, também pela via da imprensa escrita, a sua tradição eucalíptica, isto é, seca tudo o que lhe nasce no regaço.
Sendo eu um amante desta terra, sinto esta amargura ao não ver na sala de estar desta Pensão Viseu, algo que faça parecer descabido este desabafo que aqui vos deixo.
Outro desespero.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

FEVEREIRO NAMORADEIRO

- Como é que conheceste o avô?
- Olha minha querida, o teu avô era um rapaz muito bonito e quando chegou à entrada da pensão, acompanhado pelo pai e pela mãe, logo disse para os meus botões que aquele moço, tão bem apessoado, iria ser o meu marido.
- Assim tão decidida avó?
- Claro minha filha, naquele tempo namorar era uma coisa muito séria. Nada se fazia abertamente e qualquer compromisso assumido era para durar até ao altar.
- Então como explicas a enorme quantidade de filhos de "pai natural" que existiam?
- Porque naquela altura os homens não assumiam nada, eram uns palermas. E depois as pessoas também se calavam, porque as crianças eram filhas dos srs. “fulanos tais” que tinham as suas aventuras por fora e depois era uma vergonha, para a mulher, claro…
- Com sempre. E os filhos?
- Bem, os filhos lá se iam desenrascando. Os que tinham sorte safavam-se, os menos afortunados tinham que fazer por isso.
- Mas hoje é diferente avó.
- Claro filha, só podia ser. Com tanta publicidade a isto e àquilo, com tanto chamamento às coisas que dão prazer sem luta, sem paciência, “só por dá cá aquela palha” é fácil para qualquer adolescente sentir-se atraído por essas "luzes" todas, tanto mais que vocês agora parece que têm 18 anos, são umas "calmeironas", já se maquilham, enfim coisas que no meu tempo, com a tua idade, nem sonhávamos que viessem a suceder.
- Mas nós hoje, com a informação que temos, devemos ser mais responsáveis e não entrar logo de cabeça nas coisas.
- Pois, bem sei, mas há sempre aquele medo.
- Bom avó, seja como for, amanhã o Rui convidou-me para jantar e eu aceitei.
- Mas não fiques por lá até muito tarde, e não te esqueças de te proteger, ouviste?
- Fica descansada avó, que mal possa, venho logo para casa acabar a noite convosco para celebrar o dia que, afinal, ainda é um dia muito bonito para todas as mulheres que se sentem amadas.
- E que amam Alice, nunca que esqueças que o amor se alimenta todos dias, tal como as flores mais frágeis.
- Mas mais bonitas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

DE PARIS AO MUNDIAL, PASSANDO POR PORTUGAL

- Então Mário, gostaste da decisão dos responsáveis pela organização do "Paris-Dakar"?
- Ex-"Paris-Dakar" queres tu dizer Paulo.
- Pois, de facto tens razão. Sabes é o hábito, foram tantos a ouvir falar dele que, mesmo sendo na América do Sul, será sempre o "Paris-Dakar".
- Pois, o "Paris-Dakar" da América do Sul. Sabes, concordo plenamente com a decisão, contudo, só lamento a sorte daqueles que, tal como tu, desciam até ao Algarve para ver as máquinas...
- Ver e ouvir, ou tu achas que me contentava só com o ver, para isso não saía de casa.
- Está certo, sim senhor. Era como ir para a Serra de Arganil, a dois passos daqui, passar lá a noite toda a ouvir os devaneios daquele pessoal e a ver a serra toda “salpicada” com fogueiras.
- É diferente Mário, a sensação é outra, estamos mais perto da emoção.
- Pois é Paulo, foi essa busca cega de emoções que deu origem a que o "Rally de Portugal" saísse daqui para fora.
- Contribuiu, não digo que não, mas não nos podemos esquecer dos mercados emergentes e dos investimentos que representam este tipo de provas, tanto a nível do consumidor final, como a nível da criação de empregos resultantes dos eventuais contratos celebrados.
- Todas as pessoas passam bem sem essas provas mas, quando toca a ver quem é que poderá vir a ficar com elas, acabam-se logo as coisas más e todos as querem ter no seu país. Olha, não vamos mais longe, ainda agora os preparativos para o Mundial de 2010 começaram e já Portugal teve a ideia de, acompanhado com a Espanha, vir a organizar o Mundial de 2018.
- E a Espanha quer assim ou é só mesmo uma ideia?
- Pelos vistos (ainda) é só uma ideia, mas quando se começa a falar muito sobre uma coisa, é porque já está mais adiantada do que aquilo que se imagina.
- Mas olha Mário, acho isso uma tremenda parvoíce. Já não chega a má experiência que retirámos do "Euro 2004", com a construção de estádios super caros e com uma manutenção que esgota o orçamento das câmaras que os tem a seu cargo, e já estão a pensar em meter-se noutra.
- Mas o Gilberto Madail, afirma que tudo isso seria uma mais-valia para Portugal, até porque os estádios já nós cá temos.
- E tu achas que, vaidosos como são os portugueses, alguma vez admitiriam aproveitar os estádios de futebol herdados do Euro? Nunca na vida...
- Até bombas lá colocavam só para obrigar as entidades a construir uns novos, sim porque era necessário construir uns melhores, mais económicos, etc.
- Mas se a Espanha entrar na corrida com Portugal, ou melhor, Portugal com a Espanha, de certeza que os jogos se vão realizar no país dos “nuestros hermanos”.
- Sem sombra para dúvidas Paulo, Portugal passaria a ser zona de praia, de golf e de alguns treinos para algumas das equipas participantes.
- Sim, tens razão, era o castigo que sofreriam aquelas que chegavam atrasadas aos estádios espanhóis.

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA

- Então é este o jornal cá da terra?
- É verdade Filipe e olhe que não estamos mais ricos por isso....
- Ah não Mário, e porquê?
- Olhe, a começar pelo grafismo, passando pela estruturação dos temas, pela abordagem dos assuntos e acabando na qualidade da impressão, vê-se mesmo que os responsáveis pela sua edição, não estão muito ao corrente da evolução da imprensa, nem sequer muito preocupados com a opinião daqueles que os lêem.
- Sim Mário, à primeira vista tem razão. Não é um suporte de informação muito digno para representar uma região.
- Mas o objectivo desse órgão de comunicação social não é o de representar o concelho a que se dedica, com qualidade, isenção e espírito crítico.
- Ah não, então para que serve um jornal regional senão para isso?
- No caso do "Nova Esperança", além de ser um fiel interlocutor entre a igreja penacovense e os seus paroquianos, também é um suporte para a publicação de (quase) todos os actos notariais que se praticam no nosso concelho.
- Daí ter apenas 8 páginas?
- Exacto, as suficientes para todas aquelas publicações, mais meia dúzia de publicidade e umas quantas fotografias de pouca qualidade. mais um ou dois textos de opinião “et voilá”, está feito um jornal.
- Então, nesse caso deveria existir outro jornal em Penacova!!!!
- E existe, só que a qualidade já não é tão acessível quanto era até ao momento em que o governo decidiu acabar com o porte-pago para a imprensa regional e quem prima por ela, não consegue prestar um bom serviço aos leitores.
- Pois eu bem sei o que isso é Mário, ainda por cima quando tal incentivo era um importante balão de oxigénio para a imprensa regional.
- Daí que os únicos jornais que ainda conseguem manter à tona as suas edições, são aqueles que, apesar de constituírem um mau exemplo de jornalismo, mantêm o monopólio das publicações, mesmo informando com má qualidade, e conseguem andar sem fazer muitas ondas.
- É uma das técnicas de sobrevivência. Não se fazem ondas, não se incomodam as instituições e os interesses instalados, e as coisas acabam por se arranjar.
- Mas também, tirando um ou outro caso muito útil para o cidadão, é um jornal onde a crítica não existe e onde os problemas do concelho não são verdadeiramente abordados, ficando no ar a sensação de que tudo está bem, que não se passa nada de anormal.
- E assim conseguem sair incólumes desta crise que afecta toda a imprensa regional.
- O mundo é dos espertos meu caro Filipe, o mundo é dos espertos!!! Mudando de assunto, toma algo mais para acabar a noite?
- Não amigo Mário, vou subir porque amanhã vai ser a minha primeira visita oficial pelo concelho.
- Então veja lá se trás algumas novidades.
- Vou tentar Mário, vou tentar...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

DA JANELA DO BOM FILHO


- Olhe meu caro Jaime, poder ser fotógrafo por opção é uma dádiva...
- Sim, tens as suas coisas boas......
- Pois imagino que coisas serão essas. Singulares belezas captadas pela insensibilidade objectiva de um profissional.
- Pois, foi para me libertar de tudo isso que eu escolhi passar uns tempos em Penacova.
- Um regresso às origens, portanto, tipo “o bom filho à casa torna”...
- Mais ou menos isso Mário, mas aquilo que me levou a tomar essa decisão foi saber que ainda encontraria as coisas como as deixei há 20 anos atrás.
- É o que todos dizem meu caro Matias...Penacova é bonita tal como está, para que, quando forem velhos, poderem regressar e encontrá-la tal como a deixaram, o que é uma merda, convenhamos!!!
- Para quem cá está, claro!!!
- Pois concerteza, mas ao menos que fosse construída uma vila com essas características, adequada à qualidade exigida por esses senhores que sofrem de gota .
- Mas olhe Mário, não se esqueça aonde vai, para podermos continuar a nossa conversa porque, neste momento, só penso em deitar-me a ver luz da noite e adormecer ao som do vento.
- Durma então muito bem Jaime, até amanhã.
Cá para os meus botões, continuei a pensar que estes indivíduos vão e voltam para, quem sabe, fazerem algo mais do que aquilo que fizeram pela sua terra quando cá estiveram. De qualquer maneira, não deixei de reparar na magnífica fotografia que tirou hoje de manhã, da janela do seu quarto e que me levou a pensar a nunca ter quer partir para não ter que voltar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A IMPORTÂNCIA DA LIQUIDEZ

- E as “passajolas” Mário, não se realizam este ano?
- Parece que não Susana, pelo menos a julgar pelo que ouço, ou melhor, pelo que não ouço.
- Era engraçado ouvir do "Penedo da Carvoeira" aquelas piadas acerca deste ou daquele, daquilo que todos sabiam que acontecia, mas que ninguém tinha coragem para contar.
- Pois, mas houve alguém que não achou tão engraçado assim e acabou-se o espectáculo.
- Tal como todos os espectáculos nesta terra.
- Então e a lampreia, vai ou não vai?
- Vão-se vendendo mais ou menos, se bem que ainda não começou a "Semana da Lampreia"...
- E o preço também não ajuda, convenhamos!!!
- Claro que não. Sabes que desembolsar 80 euros de repente, não é nada fácil.
- Deixa lá que, "enquanto há visa há esperança", como dizia um amigo meu.
- Olha Mário, o que eu te digo é que já se vende lampreia por todo o lado, e aqui nada.
- Tem calma contigo Susana, a estratégia é deixar os outros começar a publicitar a iguaria para depois se dar início à verdadeira "Semana da Lampreia".
- Pois, tens razão, a D. Rosalinda até falou que vai caprichar este ano e fazer uma coisa mais de acordo com a época.
- Claro, basta juntar a tua competência à da Cristina, para obter um resultado excelente.
- Obrigado pela parte que me toca. Outra coisa que eu gostava de te perguntar era acerca do Filipe.
- Filipe?
- Sim, o caixeiro viajante.
- Bem sei, que parvoíce a minha. Passa-se alguma coisa com, ele?
- Não, não, isto é, espero que não. Era só para saber que produtos é que ele vende.
- Ah, já percebi. Para se ter franco nem eu sei muito bem, ouvi falar de algo que tem a ver com comida biológica, daquela saudável que agora só em estufas é que se produz.
- Pois, antes era na horta que se tinha no quintal, depois começaram a vender os herbicidas e os pesticidas para combater as pragas, agora aquilo que produzimos não vale nada e eles, cheios de razão, vêm dizer que aquilo que vendem é que é bom.
- Mas são bons e de qualidade Susana, temos que admitir.
- Claro, bons e caros....
- Era com dizia o Director Nacional da P.J. em entrevista à Rádio Renascença, a propósito da justiça. Quem quer boa saúde tem que a poder pagar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

CAIXEIRO SONHADOR

- Quer dizer então, que gostou do que viu, não é verdade caro Filipe?
- Sim, mais ou menos. É certo que por onde andei, nem sempre encontrei a receptividade desejada mas, só pela viagem foi gratificante.
- Acha que sim?
- Claro que acho, principalmente aquela a parte sul da Serra do Buçaco.
- Bem sei, toda aquela zona da freguesia de Sazes do Lorvão.
- Mas também reparei que há muita rusticidade nessas aldeias um pouco mais afastadas de Penacova.
- No sentido positivo do termo, imagino...
- Claro que sim Mário, não andei por aí a avaliar graus de desenvolvimento.
- Não esperaria outra posição.
- Naturalmente que sim, que me agrada toda esta ruralidade, toda esta simplicidade!!!
- Estou muito admirado consigo Filipe. Para quem cá está há tão pouco tempo e já conseguiu analisar as coisas tão profundamente. Olhe que não é fácil...
- Apenas a experiência adquirida no contacto com os outros.
- Pois claro, só poderia ser. É sinal que aprendeu bem a lição. Mas olhe que é sempre a primeira impressão de todos aqueles que por cá passam. Todos ficam com uma imagem magnífica desta terra mas (há sempre um mas) se permanecerem por cá durante muito tempo, vão aperceber-se que, tirando toda essa beleza, esta terra nem sempre é sinónimo de progresso, ou evolução.
- É sempre assim em todo lado Mário. Daqui a uns dias, vou entrar por aqui adentro a lamentar-me da falta de alcatrão nas estradas, das obras que interrompem qualquer pedaço de estrada, enfim, o habitual. Por isso meu caro, deixe-me sonhar um pouco.
- Sim, claro que sim. Não foi por acaso que escolheu a Pensão Viseu.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O NOVO HÓSPEDE

- Ai Susana, não te digo nem te conto...
- O que foi mulher, parece que viste um fantasma!!!!
- Antes fosse, porque assim ainda teria aquela possibilidade que todos os fantasmas têm para se deslocarem para todo o lado, através das paredes e das portas.
- Mas que raio de bicho te mordeu Luísa?
- Olha rapariga, para mim não serve porque já estou de núpcias marcadas com o meu António, mas para ti, livre e desimpedida, vinha mesmo a calhar um homem como aquele que eu vi a falar como o Mário junto à recepção.
- Então e olha lá, por acaso passei-te procuração para andares à procura de marido para mim?
- Não, claro que não, mas como sou tua amiga e de vez em quando reparo que andas para aí a suspirar, e julguei que se desse um empurrãozito, as coisas poderiam ficar mais fáceis.
- Pois não te preocupes com isso Luísa porque quando eu quiser quem me aqueça os pés durante a noite, tratarei de arranjar alguém. Enquanto isso, dispenso a tua preocupação.
- Fica descansada que já não está cá quem falou.
- Mas Luísa, já que tocaste no assunto, diz-me lá quem é o rapagão.
- Eu vi logo Susana. Quem desdenha quer comprar...
- Vá lá, deixa-te de palermices e começa a desenvolver….
- Olha Susana, só sei que é caixeiro-viajante, tem cerca de 40 anos, veste que é uma maravilha e que pretende um quarto para cá passar duas a três vezes por semana.
- E é assim tão.....
- Bom?
- Sim, pode ser esse o termo.
- Bem, como já te disse, para mim não serve porque já tenho o meu António mas, a julgar pela aparência do indivíduo, se fosse a ti tentava, pelo menos distraidamente, sujar-lhe a camisa com sopa ou as calças com vinho...estás a perceber?
- Claro que estou. E a seguir oferecia-me logo para lhe lavar a roupa que lhe sujei e por aí adiante.
- Olha Susana, eu não preciso de te ensinar nada mas, se quiseres dar uma olhadela no moço, sobe até ao cimo das escadas para satisfazeres a tua curiosidade.
- E aliança, reparaste se tem?
- Não reparei nem isso interessa, ou achas que sim?
- Bem nos dias que correm, quando ainda continuam a existir 7 mulheres para um homem, talvez não.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O ESPLENDOR DA ARQUITECTURA SOCRÁTICA

- Amilcar diz-me cá uma coisa. Se alguma vez fosses o responsável pelas obras cujos projectos, hipoteticamente, o nosso primeiro tenha assinado, conseguirias em consciência estar à frente dos destinos de um país???
- Bom, para te ser franco Mário, em primeiro lugar, qualquer indivíduo que consiga tocar no coração dos portugueses é, à priori, um potencial candidato a primeiro ministro, em segundo lugar, as pessoas que aceitaram um projecto assinado pelo Sr. engenheiro, só poderiam ter a certeza absoluta que o destino de tão conceituado indivíduo, só poderia ser o de 1º ministro.
- Sendo assim, achas que tais projectos de arquitectura, estariam em condições de ombrear com qualquer outro elaborado, por exemplo, por Siza Vieira.
- Absolutamente meu caro Mário, sem qualquer sombra para dúvidas.
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