segunda-feira, 15 de março de 2010

Memória política

- Uma coisa te garanto meu caro amigo, o homem é um resistente!!!!
- Um resistente? Eu acho é que o homem é achacado a escândalos. Ainda o Face Oculta não acabou, já lá vem a continuação do Freeport...
- Mas se ele está alegadamente ligado a todos esses subornos então, digo-te sinceramente que já devia ter resignado ao cargo, pois não é possível para o país, para o homem e para o político resistir a tanta pressão, não só mediática como também judicial.
- Da fama de ser caloteiro, aldrabão e mentiroso ele não se livra, mas temos que admitir que foi com ele que se fizeram grandes reformas no país.
- Quais?
- Não me digas que durante todo este tempo não há nada que de positivo possa ser apontado!
- Claro que há muitas coisas que foram positivas e outras que nem por isso. Mas em política como na vida, tudo vale o que vale e se há coisa que não dura muito é a memória dos eleitores, ou de um povo se preferires. Há dias li que os políticos são mais depressa lembrados pelos erros que cometeram do que pelas boas políticas que realizaram. Portanto, a julgar pelas trapalhadas em que o nosso primeiro anda supostamente metido, é correcto pensar que ele será considerado o pior político português de sempre.
- Pois, corre esse risco. E digo-te mais, no lugar do homem já me tinha posto a andar.
- Para onde, se todos o consideram um político da pior espécie?
- Para Bruxelas, está claro! Não é para lá que vão os políticos portugueses que mais polémica geraram enquanto governaram o nosso país?
- Sim, lá isso é verdade. Foi para lá o Durão Barroso, vai para lá o Constâncio. O Guterres não foi para lá mas anda lá perto e, muito provavelmente, quando Sócrates for dispensado pelos portugueses, será para lá que vai. Se calhar ocupar um lugar de destaque nas instâncias europeias. Sim, porque só nós é que sabemos avaliar um verdadeiro político.
- Exactamente, é por termos esse magnífico dom que andamos sempre descontentes com os que temos, achando-nos uns abandonados pela sorte, sempre em crise, sempre a pagar a crise...enfim!
- Pois, é isso mesmo. O único que se aguentou mais tempo foi Salazar e porquê? Exactamente por ter governado este país com mão-de-ferro, num tempo em que se estivessem mais do que três pessoas juntas a falar, já era considerado uma conspiração contra o regime.
- Mas isso já lá vai e não volta.
- Voltar não volta, mas que a vontade de alguns dos nossos políticos em pôr isso em prática ainda permanece, ai isso permanece. Vê só a decisão que foi aprovada no último congresso do PSD.. Até já recebeu o epíteto de Lei da Rolha.
- É um princípio que tem maior acolhimento em partidos conotados com ideologias extremas mas, provavelmente os líderes do P.S.D. receiam ser vítimas do próprio veneno. Além disso não me surpreende que essa “norma” tenha sido criada ainda na vigência do mandato de Manuela Ferreira Leite, uma vez que foi ela quem uma vez sugeriu o fim da democracia, por um período de tempo necessário ao restabelecimento da ordem.
- Sim, tens razão, mas agora estamos a falar de Sócrates.
- Bom, Sócrates já está gasto e agastado. Já está defunto para a política activa, cabendo-lhe apenas um gabinete tranquilo, sem muito poder de decisão porque se ele cai no erro de voltar a decidir alguma coisa, tem logo um quantidade de indivíduos à perna, a tentarem descobrir e posteriormente provar a ilegalidade das decisões que ele tomou.
- Pois é, vistas bem as coisas, és capaz de ter razão. O anonimato será a melhor opção de Sócrates para os próximos anos.

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