segunda-feira, 12 de abril de 2010

A hora de (continuar a) pagar



- Eu sabia que iria sobrar para nós.
- Estás a falar sozinho Luís?
- Olha Joaquim, estava aqui a olhar para as notícias e a lamentar o facto de também nós termos que contribuir para ajudar a Grécia a suportar o estado caótico em que se encontram as suas contas públicas.
- E é muito dinheiro?
- Bem, segundo aqui se pode ler, são 73 euros por português.
- E para quando é que está programado esse pagamento?
- Não te preocupes que nem vais sentir que estás a pagar.
- Mas há uma coisa que eu não estou a perceber,
- Qual?
- Então, ainda há dois meses disseram que Portugal e Grécia estavam em situações semelhantes e agora vamos ter que contribuir para resolver o problema deles? E quem é que nos resolve o nosso?
- Os gregos não são de certeza!!!
- Mas está mal, alguém nos devia ajudar neste momento de dificuldades.
- Aprende uma coisa Luís, a partir do momento em que entrámos para a Europa, assumimos os prejuízos e os lucros daí decorrentes, por isso, aquilo que recebemos durante estes anos todos vai ser pago mais tarde ou mais cedo.
- Isso eu sei, mas não estava à espera que acontecesse tão cedo.
- Pois, é para tu veres que quando se está no mesmo barco, devemos remar em sintonia e sempre na expectativa de que quando começar a correr mal, os pequenos são sempre os primeiros a sofrer as consequências. Por isso, vale mais não nos cegar-mos com a hipotéticas facilidades e nos resumir-mos à nossa situação de país periférico e totalmente dependente.
- Uma coisa te garanto, se fosse hoje acho que emigrava para o Luxemburgo.
- Para o Luxemburgo, então porquê?
- Olha, acho que é um país simpático e onde vivem muitos portugueses.
- Pois, mas para tua informação, cada luxemburguês contribui com 157 euros para ajudar a Grécia.
- Bom, nesse caso, prefiro ficar por aqui. Além disso não creio que lá exista a Pensão Viseu.
- Vês, pelo menos aqui ainda tens com quem desabafar. Se por acaso mudasses de país, não terias a oportunidade de sentir o prazer de contribuíres para a recuperação económica de um governo gastador.

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