quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Urbanidades

O diálogo decorre entre dois amigos, numa das mesas agradavelmente instaladas na zona mais solarenga da esplanada da Pensão, e depois de conhecida a assinatura do contrato de adjudicação, entre o presidente da autarquia e a empresa vencedora do concurso público, destinado à requalificação urbana da vila.


- Hoje, quando fui levar o meu filho à escola, reparei que o cemitério da Eirinha está de cara lavada. Os muros pintados, os espaços verdes bem arranjados e as zonas reservadas, aos que visitam os seus entes queridos, muito bem cuidadas, tudo como deve ser.
- Sabes que após a saída o anterior coveiro, as coisas melhoraram bastante. Além disso, convém não esquecer que existe uma escola defronte ao dito e, mal seria que, ao menos, a vista fosse minimamente agradável, se é que um cemitério alguma vez possa ser considerado agradável.
- Também nunca compreendi muito bem o motivo que levou o anterior executivo a optar pela localização de um estabelecimento de ensino junto a um cemitério, mas já que lá foi construído, ao menos que se esforcem por mantê-lo bem cuidado
- Sim, também sou da  mesma opinião, até porque espaço não faltava, mas vá-se lá saber o que vai na cabeça dos políticos, quando decidem "apetrechar" o concelho que administram em nome do povo que os elegeu.
- Sim, totalmente de acordo, e ainda por cima, não são minimamente responsabilizados pelas obras que mandam construir e que depois, poucos anos passados, se verifica que, afinal, apesar de terem custado milhões, ficam aquém das espectativas, transformando-se em "monos" que apenas servem para satisfazer a comunidade escolar e nunca para acolherem provas oficiais.
- Bom, se servirem para os estudantes, já não estão muito mal.
- Pois, mas não te esqueças dos encargos que constituem para os cofres públicos.
- O nosso dinheiro, queres tu dizer.
- Sim, exato, aquele dinheiro que eles gastam como se fosse deles, mesmo não sendo. Pois eu lembro-me da polémica dos 3 relvados sintéticos, mandados construir com objetivos claramente eleitoralistas e que, a final, se revelaram até perniciosos, por todos concluírem que se tratava apenas de mais um sorvedouro de dinheiro, que todos teremos de pagar.
 - E agora os encargos ficam para os clubes, mas como as freguesias que deles, supostamente, beneficiaram, eram da cor do partido do município, foi a contento dos seu presidentes. Portanto, se agora não podem pagar a despesa, que a paguem do bolso deles e não venham pedir ao município que os ajude a suportar a despesa.
- Tens toda razão, mas a realidade não é essa. Só se interessam com a generalidade dos munícipes que os elegem, pouco tempo antes das eleições, nesse interregno, multiplicam-se a fazerem favores aos amigos.
- Só espero que não aconteça o mesmo com a requalificação urbana dos espaços públicos e praça do município. Uma vez que alteraram o projeto inicial, alegando que seria um perfeito disparate construir um parque subterrâneo no meio do Terreiro, espero que a solução alternativa, vá ao encontro das reais necessidades dos penacovenses.
- Também eu espero que sim, pois nesta altura, não é de todo aconselhável desbaratar os dinheiros públicos, a pretexto de construir infra-estruturas para servir a população, e que depois se revelam desastrosas do ponto de vista funcional.
- Olha meu caro amigo, faço votos para que este investimento, cuja utilidade é perfeitamente discutível, seja uma mais-valia para todo o concelho.

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