CONHEÇA PENACOVA

A Vila do Mondego

Penacova. Para onde quer que os olhos se voltem, o rio Mondego está sempre presente. A vila é pequenina e risonha, com clima seco e brando, marcada pelos penedos que avançam para o rio. A dois passos de Coimbra e da mata do Buçaco. "...É preciso chegar às abertas e miradouros para achar a razão de ser da fama de Penacova, que é o seu admirável panorama de água, pinho e penedia..." Vitorino Nemésio
Para amar é preciso conhecer. Para conhecer é preciso chegar, perder-se por entre vales e outeiros, respirar o ar puro da serra e do rio, deixar o verde da paisagem invadir os nossos sentidos. É assim Penacova, terra de rio e ribeiras, de miradouros e penedos, de moinhos e azenhas, de ventos e penedias. Situada a 22 km de Coimbra e a 12 do Buçaco, tem o rio Mondego a abraçá-la, correndo pacientemente por entre os vales profundos.
A vila de Penacova é pequenina e risonha, com clima seco e brando e com a característica luminosidade que lhe é conferida pelo sol a brilhar nas encostas e pelo espelho das águas do Mondego. Pequenas aldeias de casario branco aninham-se nas encostas a sul e a nascente, abrigadas dos ventos agrestes. Rodeada de campos verdejantes, é sempre atraente, e ainda mais sedutora se torna em Fevereiro e Março com o esplendor das mimosas e das giestas floridas, que doiram as encostas.
Como alguém um dia escreveu, o centro da vila é um altar erguido por capricho da Natureza. Para onde quer que os nossos olhos se voltem, o Mondego está sempre presente. Na proa mais avançada sobre o vale, e lembrando um pagode oriental, ergue-se o Mirante Emídio da Silva, construído por iniciativa deste político, com projecto do italiano Nicolau Bigaglia e inaugurado a 31 de Maio de 1908. As colunas de pedra que o compõem foram trazidas do Mosteiro de Lorvão. Vitorino Nemésio, poeta açoriano que se apaixonou por Penacova e pelos seus moinhos, disse parecer estar "a ver uma catedral do púlpito".
De facto, a vista é soberba, com o vale da ribeira a surgir com todo o seu esplendor, apenas dividido a norte pelo alcantilado cume da Senhora do Mont''Alto. Atrás do Mirante outrora existiu um castelo, já que as origens de Penacova se perdem nos tempos. A raíz romana do seu nome (pen) aponta para a época da cultura castreja. A lápide funerária romana que se conserva na igreja matriz, datável do século I, dá conta de dois aspectos interessantes: a chegada da romanização e a ascendência céltica dos seus habitantes.
As referências medievais à vila existentes, são essencialmente feitas ao seu castelo, que se situava no dito morro a nascente de Penacova, em posição estratégica e a dominar todo o rio. Teria sido construído nos séculos IX-X e desempenhou um importante papel na luta contra os mouros, sendo praça relevante na defesa da linha do Mondego.
A vila acabaria por ter que ser repovoada por D. Sancho I, que lhe deu o foral em 1192, confirmado por D. Afonso II em 1219. A reforma manuelina reforçou algumas estruturas administrativas e ordenou o território do respectivo termo, por foral novo datado de 1513, com o estatuto de concelho a chegar em 1605. Por algumas construções ainda existentes deduz-se que a vila deveria ter atravessado um surto de renovação e desenvolvimento no início do século XVII. A segunda metade de setecentos e o princípio do século XIX devem ter sido de decadência, embora desta época se conservem o Mirante e a Pérgola Raul Lino, situado em pleno centro da vila.
Traçada pelo arquitecto que lhe deu o nome, é uma agradável varanda, coberta por velhas cepas de glicínias, que atordoam os nossos sentidos com o perfume exalado na Primavera. Os olhos perdem-se com os meandros do rio para jusante, até à curva da Rebordosa; perdem-se com as encostas pinceladas de verde e com a luz que o Mondego reflecte. Cheira a pinho e a serra e a paisagem desperta o que há de mais bucólico no ser humano: parece que o rio nos arrasta pelo tempo, que teima em passar...
O pé na cova...
Paragem obrigatória no Café Turismo, mesmo ao lado da Pérgola, para se sentar na esplanada, beber um café, comer uma Nevada de Penacova e admirar as vistas do rio que corre sem pressas. Aproveite para percorrer a vila a pé e visitar a Igreja Paroquial, dedicada à Senhora da Assunção. O aspecto que hoje apresenta é fruto de grande parte da reforma operada na segunda metade do século XVI e início do século XVII. Das várias capelas, aprecie, do lado norte, a capela de Nossa Senhora da Esperança; do lado sul, a capela da Sagrada Família e a da Nossa Senhora da Piedade, mandada construir em 1628.
Estas capelas conservam ainda diversas esculturas do século XV e XVI, de valor desigual; na sacristia encontrará igualmente conservados restos de retábulos pétreos renascentistas, designadamente um aparecimento de Cristo a Madalena. Percorra a calçada e visite a parte antiga de Penacova, que é a que assenta no colo que liga o morro do castelo à serra, tendo por extremos a igreja matriz e a capela de Nossa Senhora da Guia. Ao longo das ruas estreitas e tão típicas, sucedem-se várias casas muito características, algumas do século XVII e XVIII, ou cheias de tradição e pitoresco, como a «Casa da Freira», hoje transformada em museu local. Uma delas ostenta sobre a porta dois brasões manuelinos, com armas do reino e da vila. Quando se chega ao largo que antecede o cabeço do castelo, surge o Pelourinho de Penacova, antigo cruzeiro seiscentista, erguido sobre degraus de grandes silhares medievais siglados, provenientes do antigo castelo.
Contorne o espaço, passando pelo Mirante Emídio da Silva e admire a paisagem, não deixando de pôr os olhos no Palacete do Mondego, unidade hoteleira construída no sítio do antigo castelo e que respeitou a estrutura interna e externa de um antigo preventório ali situado e que se encontrava ao abandono. Visite a capela de S. João e o seu retábulo de pedra do final de quinhentos, a par das esculturas de S. Sebastião e S. João Baptista. Aproveite para descer a rua das Oliveiras e admirar a denominada "Fonte do Porco", onde se pode ver uma cabeça de um porco feita em pedra a jorrar água. Não deixe de apreciar novamente o rio, que se estende preguiçosamente ao fundo, fartando-nos a vista e refrescando-nos de campinas baixas. Do largo principal da vila pode descer, na saída para Coimbra, até à capela alpendrada de Santo António, construída por volta de 1620, num terraço acolhedor e arborizado, e subir até mais uma varanda para mirar os arredores.
Penacova é rio, serra, penedia, pinheiro, moinhos, ventos e Barcas Serranas. Vitorino Nemésio apaixonou-se por estas terras e por estas gentes e descreveu-as com o néctar das palavras. Lance-se também à descoberta deste vale escondido. Ponha o Pé na Cova e parta para aventura.
Penedo do Castro Penacova não é só a vila. Dos inúmeros passeios pelas cercanias, que se podem fazer a partir do largo, um dos mais interessantes será ao Penedo do Castro, por cima da povoação da Cheira, e que, por isso mesmo, se chamava, antigamente, Penedo da Cheira. O nome Penedo do Castro foi-lhe dado em 30 de Maio de 1908, em homenagem ao escritor Augusto Mendes Simões Castro, um dos mais antigos propagandeadores da região. O local encontra-se assinalado por uma lápide desenhada por Raul Lino e oferece uma das mais impressionantes vistas panorâmicas de Penacova, pela sensação de vastidão que se tem da vila e do seu espaço envolvente. As cores mesclam-se, estendem-se os campos à borda da água, a linha do casario contrasta entre os verdes e os azuis... Em dias e noites de nevoeiro, que são bastante comuns, a vila assemelha-se a uma aldeia fantasma, com a construção onde existia o antigo castelo a erguer-se por entre a densidade do nevoeiro e a fazer lembrar uma aldeia medieval.





Fiúmes

site
site
site
São Pedro de Alva
site
site
Paradela da Cortiça

site
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...