sábado, 15 de setembro de 2007

SÁBADO À NOITE

Os sábados à noite são bastante calmos na pensão. Os hóspedes que optaram por passar o serão connosco, estão a preparar-se para iniciar um momento de lazer.
As alternativas são algumas. Temos xadrez, damas, dominó, dados, o jogo do galo e também os dardos para afinar a pontaria.
O casal que chegou ontem optou por jogar uma partida de xadrez.
Eu estava a meio de um jogo de dominó com o João.
São cada vez mais as pessoas que optam por passar algum tempo a exercitar o cérebro. Dizem que previne as doenças que nos afectam quando somos mais velhos e, como a esperança de vida, na Europa, tem tendência para a aumentar, a necessidade de nos mantermos lúcidos, torna-se cada vez mais imperiosa. É uma questão de sobrevivência mental.
Enquanto isso, alguns fazem as contas ao campeonato de futebol e já dizem que o F. C. de Porto está imparável e, mais uma vez, sem surpresa, irá ganhar o campeonato. Quanto ao Benfica, ganhou ao Naval, tornando assim o campeonato mais interessante e gorando as expectativas de alguns.
O Sr. Amilcar e a esposa, D. Gabriela, visitam-nos todos os anos por esta altura e fazem questão de ocupar sempre o mesmo quarto e de tomar as refeições na mesma mesa. É assim, desde 1992, altura em que escolheram Penacova para passar as suas férias. Dizem que o ambiente da pensão é magnífico e que todos somos uma família.
A D. Rosalinda está quase a dormir profundamente no seu sofá predilecto. Aquele que fica junto à janela mais bem posicionada da sala de jantar. Quando está acordada, costuma dizer que daquele sítio a vista nunca muda e quando muda, é sempre para melhor. Os pinheiros mantém-se constantemente viçosos e as giestas quando estão em flor, dão um toque especial à paisagem.
Entretanto o hóspede do quarto 16 pede um chá de erva-cidreira, (adoro chá de erva-cidreira porque, entre outras coisas, alivia a tensão, ajuda na digestão e acalma os nervos). Ultimamente tenho verificado que a opção por aquilo que é natural, em detrimento dos químicos de que abusamos constantemente, está a ganhar adeptos em todas as faixas etárias porque é na natureza que reside o segredo do nosso bem-estar.
A distracção fez com que o João me ganhasse, pela terceira vez consecutiva, o jogo de dominó, provocando em mim uma falta de interesse em continuar jogar.
Como está tudo calmo, aproveito para me ausentar por quinze minutos para arrumar a esplanada e fechar as persianas do andar de baixo, não vá o diabo tecê-las.
O frio começa a intensificar-se, trazendo as saudades da lareira à volta da qual contamos as histórias e vamos amolecendo até irmos para a cama. Por falar nisso, e ainda bem que me lembro, tenho que falar com a D. Rosalinda acerca da necessidade de comprar-mos lenha para o Inverno, pois com a chuva a começar a fazer parte do quotidiano, urge pensar no assunto, se queremos ter a sorte de encontrar ainda alguma seca e a bom preço.
Quando regressar, já todos estarão prontos para se recolherem e eu, ansioso para fechar as contas do dia, acabo de limpar o bar e vou direitinho à cama porque amanhã é outro dia e às oito da manhã, já tenho que estar a pé para receber o pão, ainda quentinho, que o padeiro vai trazer.

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