domingo, 9 de setembro de 2007

UM CASO DE BICO REDONDO

Tudo perfeito. O chá de camomila está excelente, as torradas tal como eu gosto, apenas o céu se apresenta um pouco nublado, fazendo com que, mais uma vez, a descida do rio que alguns dos meus hóspedes se tinham comprometido a fazer, ficasse adiada pela (aparente) falta de sol.
O caso de Madeleine McCann "salta" de novo para a capa dos jornais e os noticiários abrem com os pais da menina a "zarparem" para Inglaterra com o termo de identidade e residênca prestado. Entretanto, o hóspede do quarto 45 pede mais uma torrada e mais um pouco de doce de abóbora, maravilhosa e pacientemente elaborado pela Susana, a nossa cozinheira de sempre. Retomo a leitura na notícia sobre o caso mais mediático da actualidade. Quatro meses passados sobre o desaparecimento da menina inglesa, a única coisa que se sabe, após um sem número de tropelias, com troca acusações por falta de profissionalismo e enormes doses de negligência pelo meio, com declarações contraditórias e horas a fio de interrogatórios, é que os McCann saem constituidos como arguidos. Estratégia ou não, certo é que sobre eles impende a suspeita de homicído e ocultação de cadáver que, afastada a tese de rapto, cada vez mais vai ganhando consistência. A provar-se que houve uma morte, acidental ou não, resta saber onde se encontra o corpo da menina para que, de uma vez por todas, se acabe com todo este pesadelo e tranquilizar aqueles que diariamente vivem com o coração apertado, sem saber muito bem o que pensar e contra quem lançar o olhar de raiva e desdém pela morte de (mais) uma criança. A D. Cristina, hóspede do quarto 23, connosco há mais de 10 anos, vive intensamente, desde o primeiro minuto, toda esta "macabra novela" e comenta em voz alta o que se vai passando na televisão. Fazendo a sua renda, vai juntando aquilo que uns e outros dizem acerca do caso e assim vai construindo o "filme " à sua maneira, já com os culpados e os inocentes perfeitamente identificados e com o pormenor das penas de prisão aplicadas. O final da história dela é mais feliz do que aquele que previsivelmente vai ter aquele que todos os dias nos acompanha. Para ela, a Maddie vai ser encontrada sã e salva e os raptores apanhados e encarcerados por uns maus e longos anos na prisão de alta segurança onde todos os dias vão ser obrigados a fazer serviço a favor da comunidade num lar para crianças desfavorecidas, sob forte vigilância policial. A realidade não vai ser bem assim. A existir julgamento, o mesmo só vai acontecer, na melhor das hipóteses, daqui a um ano, isto, claro, se os verdadeiros culpados não decidirem confessar tudo antes. Até lá, vamos continuar a assistir ao desenrolar das peripécias que à volta do caso vão surgindo e continuar a contar os tostões para pagar as despesas do dia-a-dia.

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