terça-feira, 16 de outubro de 2007

CURTISUBIR - A LENDA DE GUTERRES

Pessoalmente sempre gostei de banda desenhada onde, um pequeno grupo (David), luta contra uma nação inteira de malfeitores (Golias). A menina Alice também gosta muito de dispensar um bocadinho do seu atarefado tempo, para o dedicar ao seu super-herói preferido.
Sempre que se aproximam as 09 horas da noite, lá estamos nós os três em frente à televisão da sala de estar da pensão, eu sentado na poltrona, a menina Alice no sofá (toda esticada) e o Riças a seus pés, todos à espera do início de mais um episódio do "Avatar - A lenda de Aang".
Basicamente, é um menino com condições para dominar os 4 elementos (água, terra, ar, fogo), pois só assim conseguirá vencer os "maus", ou seja, os guerreiros da Nação do Fogo que, teimosamente, insistem em conquistar os restantes territórios e escravizar as populações neles residentes.
Ao ver aqueles divertidos episódios, penso sempre naqueles que, a todo o custo e, muitas vezes, pondo em risco a própria vida e a dos seus familiares ou companheiros, arriscam defender os indefesos, consolar os inconsoláveis e restituir a dignidade aos desenganados. Ainda hoje, por exemplo, o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, apelou "à Europa para que mantenha a porta aberta aos refugiados iraquianos, é absolutamente fundamental neste momento, pois existem dois milhões de deslocados no interior do Iraque e que mais de dois milhões de iraquianos estão refugiados nos países vizinhos, dos quais 1,4 milhões na Síria e mais de 500.000 na Jordânia".
Será Guterres o David que todos aqueles deserdados da sorte estão à espera?
Não necessitaria ele, tal como o Aang, de dominar os 4 poderes para assim impor a paz aos beligerantes que, por um pedaço de terra, são capazes de sacrificar a vida de milhares de inocentes, numa zona onde os massacres se sucedem a um ritmo que até os mais bem informados desconhecem?
Claro que, com todos estes pensamentos, acabo por ser, de novo, acordado do estado sonolenteo em que me encontrava, pelo entusiasmo da menina Alice que, na sua inocência, apenas gosta do Aang e dos seus amigos, por todos terem aquelas características extraordinárias, capazes de dominar qualquer ameaça, porém, desejaria eu que aparecesse alguém com a capacidade de garantir a felicidade, não só dos curdos, como também dos tibetanos, dos sudaneses, dos birmaneses e de tantos outros que ainda não conseguiram fazer com que a sua voz de dor passasse para além das paredes que os encerram até à morte, não física, mas mental, por que aquela, enfim, seria a libertação.

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