sexta-feira, 26 de outubro de 2007

PUTINISSES - TENTATIVAS DE APROXIMAÇÃO

- Claro que eu não considero Vladimir Putin um indivíduo sem escrúpulos, antes pelo contrário. - dizia o Paulo
- Eu também não acho que ele seja aquilo que alguns ocidentais consideram que ele seja. Penso até que ele se saiu muito bem como restruturador de uma nação que, em tempos, conseguiu apavorar meio mundo e que agora apenas quer solidificar a sua presença numa zona geograficamente instável e, aí sim, propícia ao aparecimento de forças destabilizadoras que poderiam ameaçar a tranquilidade desejada naquela parte do globo. - disse eu
- Fazia falta alguém que conseguisse restituir o orgulho a um povo que a única coisa que tinha, eram os destroços de um "império" governado pelos ideais marxistas que, com Gorbatchev, começaram a perder e com Iéltsin viram desaparecer por completo. - disse o Paulo
- Agora, não sabendo muito bem o que havia de recuperar para restituir o orgulho ao seu povo, ressuscitou o passado monárquico e toda a sua grandiosidade, como aliás é fácil de perceber pela a exposição que inaugurou hoje no Palácio da Ajuda, em Lisboa, bem como todas as estruturas e organismos que deram à ex-U.R.S.S. o prestígio de que gozou durante as décadas do comunismo russo. - disse eu
- Mas mais curioso ainda, é que aceitou candidatar-se a primeiro-ministro para assim poder continuar a conduzir os destinos da Rússia e se poder candidatar a presidente daquele país em 2012, "caso a situação do país o exija", claro está. - continuou Paulo enquanto bebericava a última gota de whisky que ainda restava no copo.
- Só demonstra então, que o povo russo não abdica de um "imperador" que lhe garanta continuidade política e unidade territorial, numa altura em que a necessidade de uma nação tampão, capaz de forçar a estabilidade naquela zona do globo, é cada vez mais uma realidade. - disse eu tentado abrir a última garrafa do scotch preferido do Paulo.
- Não fosse o poder crescente da Rússia e a sua cada vez maior influência naquela região, já os E.U.A. teriam invadido o Irão e a Coreia do Norte e a Turquia invadido o curdistão iraquiano. - disse Paulo
- Mas Paulo, gostei da proposta que Putin lançou à Europa para que fosse criado um instituto euro-russo para a defesa dos direitos humanos.
- Sim, também achei curioso que um homem, constantemente acusado pelos seus pares, como responsável por violações à liberdade de expressão e de autodeterminação de algumas pessoas e facções consideradas incómodas à sua política, avance com tão ousada iniciativa. - disse Paulo
- Política meu caro, apenas política. - respondi eu deixando escapar um sorriso maroto, como se estivesse a ver aquele cartoon em que Putin aparece caricaturado como um urso pardo a limar as garras.

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