terça-feira, 13 de novembro de 2007

ALIVIANDO A ESPERA

A menina Alice já vinha pedindo há uns tempos, que a D. Rosalinda providenciasse pela colocação de um televisor na recepção da pensão, para que os hóspedes não desesperassem enquanto esperavam. Sabia perfeitamente quão dura era a espera daqueles que aguardavam a sua vez, fosse para o restaurante, fosse para o S.P.A. da pensão onde, neste caso, teriam ainda que aguardar a realização de um check-up, o que naturalmente causava alguma irritação. Além disso, as crianças também gostavam de ter ali algo que as mantivesse, por momentos, distraídas, coisa que os pais muito agradeciam.
- O que é que acha Mário?
- Acho que é uma boa ideia D. Rosalinda. Uma televisão na recepção da pensão pode ser útil para quem gosta de estar informado, enquanto espera de ser recebido. Além disso também existe a possibilidade de mostrar vídeos relacionados com a nossa terra e as suas riquezas e com os eventos que nela possam vir a ocorrer, apesar de não serem muito frequentes.
- Também acho que sim. A minha neta tem muito jeito para o negócio, não acha Mário?
- Tenho a certeza que sim, aliás está-lhe no sangue e, como diz o ditado, "filha de peixe sabe nadar".
- Além disso Mário, agora que me lembro, também pode ser muito útil para informar os hóspedes das condições de alojamento e das actividades que a pensão pretende levar por diante durante o ano.
- Naturalmente que sim D. Rosalinda, tem inúmeras vantagens e, quando achar que não resulta, basta retirá-la do local em que se encontra.
- Exactamente Mário.
Entretanto chega o João, meu companheiro de há anos, sempre com disposição para falar um pouco de política e não só de política claro, mas principalmente acerca dela.
- Já reparaste na nova televisão da pensão?
- Sim Mário, já reparei, fica muito bem no sítio onde está.
- Foi ideia da menina Alice, disse à avó que os hóspedes necessitavam de algo que os distraísse enquanto esperavam e pronto, aí está!!!
- Fez muito bem. Agora reparo que estão a mostrar as imagens do puxão de orelhas que o rei de espanhol deu ao presidente venezuelano, engraçado como ainda existe coragem para manifestar (publicamente) algum descontentamento.
- Pois é Mário, independentemente de ter existido uma relação quase umbilical, ou melhor, colonial, entre uns e outros, não deixa de ser curioso que aquele ímpeto paternalista falou mais alto.
- Acerca disso João, li um texto publicado num blog que habitualmente visito e o retrato que é feito de Chávez não engana. O homem é mesmo "atravessado de gineto" e com aquele comportamento, só empurra o povo para o isolamento internacional e para o abismo do socialismo cubano que todos sabemos o que é, e no que deu.
- Mas também não é muito correcto da parte de sua majestade, repreender um público um chefe de estado.
- Claro que não João, mas talvez o chefe de estado a que te referes, não esteja assim tão preparado para o ser, tendo apenas do lado dele uma das maiores reservas petrolíferas do mundo e uma (grande) parte do povo habituado a viver com mão-de-ferro e na miséria.
- Mas, convenhamos que com o eminente desaparecimento de Fidel, o homem tem necessidade de se afirmar como o novo rosto do comunismo na América Latina e, nada melhor do que o fazer à custa de atitudes descabidas e excessivamente populistas.

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