segunda-feira, 5 de novembro de 2007

RESISTENTES

Quando hoje, a caminho do meu atelier, passei perto da vila de Penacova, no IP3 e sobre o rio Mondego, fui sobrevoado por um bando de Patos ou Gansos que, numa formação em V, subiam o rio, enfrentando uns farrapos de nevoeiro que resistia à secura destes dias.
No IP3, carros e camiões faziam o exercício diário da paciência, uns rumando Norte, outros rumando o Sul, mas todos eles artificiais, envoltos em fumos, alguns deles a roer as unhas, outros a praguejar destinos e a mimar os outros condutores com palavras amargas de volante.
Quis ir com os patos, mesmo enfrentando o frio matinal, mas sobrevoando as águas e as árvores em silêncio.
O líder abria caminho sem hesitação e atrás dele, algumas dezenas de semelhantes batiam asas em ritmo certo, buscando boas paragens ignorando o ruídos dos homens e a sua ganância.
Bichos resistentes que desafiam a paulatina entrega ao caos do mundo em que (ainda) vivemos, num jogo de possíveis que recomeça todos os dias enquanto a vontade e a força assim o quiserem.
Resistir, mesmo sendo difícil, é sinal de vida!
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Crédito da foto: aqui

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