segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

LAMPREIAS APREENSIVAS

A D. Rosalinda já tinha manifestado alguma preocupação acerca da possibilidade de podermos vir a ser visitados pela A.S.A.E.. Segundo ela, apesar de ter quase a certeza que tudo estava conforme o previsto na Lei, sentia invariavelmente um arrepio pela espinha acima, sempre que via aqueles fiscais, disfarçados de brigada anti-terrorista, a entrar por tudo o que era estabelecimento comercial e a levar tudo o que não tivesse a etiqueta respectiva.
- Mas o que mais me preocupa Mário, são as lampreias que estão no tanque à espera de serem consumidas na semana que se avizinha.
- Não se preocupe D. Rosalinda que quando eles cá chegarem o olharem para os bichos, muito compridos e escorregadios, não se vão atrever sequer a tocar neles quanto mais a levá-los para algum lado.
- Já não digo nada Mário, da maneira que isto anda eles levam tudo e mais alguma coisa.
- E, além das lampreias, ainda temos as Nevadas e os Pastéis do Lorvão que, também eles, não devem estar de acordo com as regras de higiene e salubridade exigidas por Lei.
- Ainda mais essa para me apoquentar Mário, já não bastavam as lampreias, ainda hão-de levar também a doçaria conventual.
- Olhe D. Rosalinda, tenho um amigo que me contou que, A.S.A.E. decidiu inspeccionar uma missa na Sé de Lisboa para verificar as condições de higiene dos recipientes onde é guardado o vinho e as hóstias usadas na celebração.
- Ai Deus meu, e o que é que aconteceu depois?
- Bom, D. Rosalinda, segundo esse meu amigo, o oficial que comandava as forças, sugeriu ao cardeal que se assegurasse se as hóstias tinham um autocolante a informar a composição e informaram-o que o vinho deveria ser guardado em garrafas devidamente seladas.
- Credo Mário, que até me benzo com a mão esquerda!!!
- Mas como se isso não bastasse, ainda acabaram por prender o D. José Policarpo, depois de terem reparado que ele não procedia à necessária higienização do seu anel após cada beijo de um crente.
- Olha Mário não estou a acreditar em nada do que estás para aí a dizer mas, da maneira que as coisas estão a ficar, não de admira que até a casa de Deus seja profanada por esses polícias das mercearias.
- Não se admire que isto piore, pelo menos a julgar pelas declarações de alguns políticos da nossa praça, que já compararam a A.S.A.E. à extinta P.I.D.E./D.G.S.

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