domingo, 14 de março de 2010

Quase perfeito



- Pessoalmente não concordo com a adopção por casais do mesmo sexo. Acho que uma criança tem todo o direito de ter alguém a quem chame mãe e outra a quem chame pai.
- Eu não sou tão radical ao ponto de considerar que uma criança tem que ter pais de sexos diferentes, tendo em conta que, se for de tenra idade, não necessita de ter esse tipo de preocupações. Basta-lhe ser bem tratada e respeitada e isso, meu caro Artur, creio que qualquer pessoa, independentemente do sexo, o sabe fazer muito bem, não tendo que forçosamente ser o progenitor.
- Bem vistas as coisas Matias, acho que tenho que te dar alguma razão. São inúmeros os casos em que os menores são maltratados e violentados por familiares, dentro dos próprios lares  e muitas vezes com o  consentimento dos restantes membros da família.
- Mas essas situações ocorrem com mais frequência em famílias de baixa condição económica e moral ou em famílias desagregadas, onde não há a mínima noção da consequência desse tipo de comportamentos. Em todo o caso, não creio que seja por aí que as pessoas do mesmo sexo tenham que ser impedidas de adoptar crianças.....
- Então porque será?
- Tão só porque aos olhos de uma determinada facção da sociedade, a questão da adopção não poderá ser colocada se não ocorrer entre pessoas de sexo diferente, mais concretamente na constância do matrimónio. Prefiro ver uma criança feliz, independentemente de ter sido adoptada por pessoas do mesmo sexo, do que saber que poderá sofrer as mais hediondas sevícias em casas onde supostamente deveria ser bem tratada, acarinhada, educada e respeitada.
-  Pois é Matias, nunca tinha pensado na coisa dessa forma!  Mas deixa-me dizer-te que isso nunca seria bem aceite em meios pequenos como o nosso. Estou em crer que se levantaria logo um movimento para decidir sobre a aceitação ou não dessa situação.
- Dessa nova realidade queres tu dizer. Sim porque era a única coisa que mudava, desde que cada um continuasse a viver a sua vida, sem preconceitos e sem sobressaltos tudo acabava por acontecer com naturalidade. Se outros comportamentos, bem mais graves se aceitam, só porque são socialmente suportáveis, independentemente de serem moralmente condenáveis, porque razão a felicidade dos outros incomoda tanto alguns sectores mais conservadores da sociedade.
- Olha Matias, todos têm legitimidade de reagir, perante uma transformação social tão ousada, mas o que é certo é que noutros países as coisas já funcionam e parece que não têm havido reclamações.  Agora a questão da adopção é que poderá criar uma verdadeira celeuma talvez por isso mesmo é que Cavaco Silva  tenha decidido não mandar para o Tribunal Constitucional, a norma que proíbe a adopção de crianças por casais do  mesmo sexo.
- Pois, compreendo. Está a ser cauteloso quanto ao futuro e não quer ferir susceptibilidades. Além disso é um devoto assumido e sabe as fricções que uma possível autorização provocaria no seio da nossa sociedade.
- Talvez mais tarde isso aconteça, até porque o mais importante é a criança e, relativamente a isso, sabemos bem o que algumas sofrem perante a insanidade de pessoas aparentemente sãs.
- Olha meu caro para suavizar a conversa, acompanha-me num brandy. O último até subir para me ir deitar.

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