quinta-feira, 15 de abril de 2010

Um dia de cada vez



- Está, por assim dizer, instalado o caos nos aeroportos europeus, não é verdade Matias?
- E de que maneira sr. Luís. A quantidade de cinzas vulcânicas que por acção dos ventos se foram espalhando pela Europa, levaram ao cancelamento de inúmeros vôos, com os consequentes atrasos. Só aqui na Pensão, 20 por cento dos hóspedes não conseguiram chegar a tempo de se alojarem quando pretendiam. Esperemos que consigam fazê-lo amanhã.
- Não sei Matias, a julgar pelas notícias que nos vão chegando, não se perspectivam melhoras no estado do tempo, na próximas 48 horas.
- Se assim for, a coisa vai complicar-se ainda mais. Não quero sequer imaginar como vai ficar a D. Rosalinda quando souber que a situação se vai manter durante mais dois dias.
- A natureza é assim Matias. Nada a consegue controlar por muito tempo. Quando terminam os “ciclos”, as coisas começam a alterar-se para depois voltarem a estabilizar durante centenas ou milhares de anos.
- Ciclos sr. Luís, que ciclos?
- Os ciclos que marcaram a evolução geológica do nosso planeta e que causaram profundas alterações, tanto a nível morfológico como a nível biológico.
- Mas isso é um bocado assustador, não acha? Faz-me lembrar aquela profecia dos Maias que aponta para 2012 o fim do mundo.
- Sim, essa é uma das muitas teorias que têm atormentado o ser humano. Mas há outra de Leonardo da Vinci que aponta para 4006, portanto, vá-se lá saber quem tem razão.
- Essa última é bem mais simpática. Pelo menos já nos permite pensar num futuro mais longo.
- Pois é Matias, mas temos que ter sempre presente que catástrofes naturais vão existir sempre, com todas as perdas que delas advêm, sejam elas materiais ou humanas.
- Olhe sr. Luís, para mim tudo isso é um pouco assustador, mas não creio que venha a concretizar-se. Já viu as consequências que tinha para todos nós?
- E achas que a natureza está preocupada com isso Matias? Pensas que o homem consegue controlar a sua fúria?
- Obviamente que não sr. Luís, basta vermos o que aconteceu recentemente na Madeira ou na China, em que, em minutos, tudo desapareceu.
- Ora aí está Matias. Se tiver que acontecer acontecerá. O que eu faço é viver um dia de cada vez, sem estar muito preocupado com esse tipo de profecias. Sou da opinião que o mundo acaba todos os dias para milhares de pessoas, conhecidas ou não, e que se acontecer algo que modifique radicalmente as coisas que nós conhecemos, então pegarei na máquina fotográfica e captarei imagens dessa nova realidade.
- Mas isso acontecerá se por acaso o sr. Luís sobreviver!
- Obviamente Matias.
- E se as coisas não acontecerem com espera que aconteçam?
- Nesse caso, como te disse, continuarei a viver um dia de cada vez.
I

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