sexta-feira, 2 de novembro de 2007

CONDUTORES A CORES

A Luísa já há muito que andava entusiasmada com o facto de, finalmente, poder tirar a carta de condução. Para ela era demais importante, sobretudo porque o seu António nem sempre tinha disponibilidade para a levar a visitar os pais, pessoas idosas que residem na aldeia do Piódão. O rapaz trabalha como motorista de longo curso e apenas a pode acompanhar quando cá fica durante o único fim-de-semana que tem por mês, daí que, para a Luísa, seja importante tirar a carta de condução. Além disso, a Luísa é a companhia da D. Rosalinda, quando esta vai às compras à cidade de Coimbra, logo, já não há necessidade de estar sempre espera da minha ou da disponibilidade da Susana para ir aonde precise. Assim, é óptimo para todos que a Luísa tire a carta de condução.
- Então Luísa, estás contente por ter tirado a carta?
- Claro que sim Mário, a partir de agora já poderei ir até onde bem me apetecer.
- Pois é, agora podes ir ver os teus pais com mais frequência e os concertos do teu querido Toni Carreira.
- Sabe Mário, mas o que mais me preocupa é esse novo programa do governo que prevê a divisão dos condutores em 3 níveis.
- Bem sei Luísa, aquele que nos informa do grau de perigosidade dos condutores em função de número de acidentes a que terão dado origem.
- Esse mesmo Mário. Já viu se eu não tenho sorte na condução e, por minha culpa ou não, tenha algum acidente?
- Pois é, se isso acontecer, o seu carro vai logo ficar mais colorido em função do grau de perigosidade que representa para os demais utentes da via.
- Acho que até vou ter medo de pegar no carro, ou então, se o fizer, vai ser apenas nas horas mortas e em estradas secundárias e, antes de alguma curva, vou sair do carro para ver se vem algum em sentido contrário.
- Não seja exagerada Luísa.
- Claro que não Mário, estava a brincar.
- Mas olhe Luísa, apesar de eu achar que essa tentativa de rotular os condutores é exagerada, considero que ela, se for por diante, também poderá contribuir para limitar os instintos de alguns automobilistas que se consideram donos da estrada e não respeitam as mais elementares regras de urbanidade na estrada e, para esses, acho muito bem que exista algo que os faça pensar duas vezes antes de voltarem a cometer infracções que ponham em risco a vida das outras pessoas e deles próprios claro.
- Pois é Mário, tal indicação também pode ser útil para quando alguém quiser apanhar boleia de um desses condutores, ficar logo avisada que a viagem poder turbulenta.
- Mas, não vá mais longe Luísa porque, de acordo com o código da estrada, os condutores com título provisório de condução, devem colar um na parte traseira do carro o conhecido "ovo estrelado", mas creio que ainda não foram regulamentadas as suas características.
- Credo Mário, o meu carro não será nunca uma frigideira.

2 comentários:

A. João Soares disse...

Caro recepcionista,
Este diálogo, na linha dos anteriores, está muito interessante. Sobre este tema, sugiro a visita ao Do Mirante, onde encontra o post «Ministério Genial» sobre este assunto.
É um tema que poderá dar pano para mangas1
Abraço

Anónimo disse...

Ditto!!

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