quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

PROIBIR SEM FANATISMOS

Iii
- Parece que a partir do próximo dia 1 de Janeiro vai ser mais difícil fumar nos locais abertos ao público.
- Tudo indica que sim D. Rosalinda, vamos lá a ver é se os fumadores vão respeitar as limitações que a Lei vai impor.
- Olha Mário, pelo menos aqui na pensão não vão ter esse problema, uma vez que existem espaços para todos se sentirem bem. Quem quiser fumar pode fazê-lo na sala onde é permitido, sem se sentir minimamente deslocado ou rejeitado por, ainda, ser um fumador. Quem, por sua vez, não quiser fumar, ou por não ter esse vício, ou por achar que não o deve fazer e assim preferir a sala onde é proibido fumar, também tem todas as condições para se sentir em casa.
- Sem fanatismos não é D. Rosalinda?
- Claro que sim Mário, aliás até condeno bastante esse olhar de soslaio vindo daqueles que não fumam para aqueles que, ainda, fumam.
- Em alguns casos até pode causar mau estar entre uns e outros.
- Exactamente Mário e, no nosso caso, não pretendemos que os nossos hóspedes se sintam incomodados por tal motivo, se bem que, depois de analisadas as coisas, todos temos o direito de zelar pela nossa saúde e não aceitar de bom grado que nos estejam a mandar baforadas de fumo para cima.
- Sabe uma coisa D. Rosalinda? Eu acho que o Estado é o grande culpado desta situação toda.
- Ah sim Mário, e porquê?
- Então D. Rosalinda, está bom de ver, se o Estado é quem tem o monopólio da venda do tabaco, se é ele que arrecada a maior parte dos lucros, então devia por e simplesmente acabar com a venda de algo que prejudica gravemente a saúde, não acha?
- Não totalmente Mário. Em certo aspecto és capaz de ter razão, pois o Estado que agora condena, severamente diga-se, o consumo do tabaco, foi aquele que durante décadas o promoveu mas, por outro lado, é ao Estado que cabe salvaguardar a saúde dos seus cidadãos e zelar para que as regras para a proteger sejam efectivamente cumpridas, portanto, temos um Estado que, por um lado está a pagar as consequências de anos de incentivo ao consumo e, por outro, um Estado que procura evitar a todo o custo a tentação de consumir através de campanhas antitabágicas bastante severas e extremamente dispendiosas.
- Posso assim concluir que o Estado age sempre em função dos seus interesses, dependendo das tendências e das conclusões a que se vai chegando com a constatação dos erros que resultaram de políticas que, na sua maior parte, só são tomadas para favorecer grandes grupos económicos com a promessa de postos de trabalho e de outras contrapartidas que, grande parte das vezes, não dão em nada.
- Infelizmente é aquilo que se passa Mário, somos todos cobaias das "experiências" que aqueles que nos deviam defender levam a cabo para agradar não se sabe muito bem a quem, mas de certeza a alguém que, em algum momento, os beneficiou.
I

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