segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA

- Então é este o jornal cá da terra?
- É verdade Filipe e olhe que não estamos mais ricos por isso....
- Ah não Mário, e porquê?
- Olhe, a começar pelo grafismo, passando pela estruturação dos temas, pela abordagem dos assuntos e acabando na qualidade da impressão, vê-se mesmo que os responsáveis pela sua edição, não estão muito ao corrente da evolução da imprensa, nem sequer muito preocupados com a opinião daqueles que os lêem.
- Sim Mário, à primeira vista tem razão. Não é um suporte de informação muito digno para representar uma região.
- Mas o objectivo desse órgão de comunicação social não é o de representar o concelho a que se dedica, com qualidade, isenção e espírito crítico.
- Ah não, então para que serve um jornal regional senão para isso?
- No caso do "Nova Esperança", além de ser um fiel interlocutor entre a igreja penacovense e os seus paroquianos, também é um suporte para a publicação de (quase) todos os actos notariais que se praticam no nosso concelho.
- Daí ter apenas 8 páginas?
- Exacto, as suficientes para todas aquelas publicações, mais meia dúzia de publicidade e umas quantas fotografias de pouca qualidade. mais um ou dois textos de opinião “et voilá”, está feito um jornal.
- Então, nesse caso deveria existir outro jornal em Penacova!!!!
- E existe, só que a qualidade já não é tão acessível quanto era até ao momento em que o governo decidiu acabar com o porte-pago para a imprensa regional e quem prima por ela, não consegue prestar um bom serviço aos leitores.
- Pois eu bem sei o que isso é Mário, ainda por cima quando tal incentivo era um importante balão de oxigénio para a imprensa regional.
- Daí que os únicos jornais que ainda conseguem manter à tona as suas edições, são aqueles que, apesar de constituírem um mau exemplo de jornalismo, mantêm o monopólio das publicações, mesmo informando com má qualidade, e conseguem andar sem fazer muitas ondas.
- É uma das técnicas de sobrevivência. Não se fazem ondas, não se incomodam as instituições e os interesses instalados, e as coisas acabam por se arranjar.
- Mas também, tirando um ou outro caso muito útil para o cidadão, é um jornal onde a crítica não existe e onde os problemas do concelho não são verdadeiramente abordados, ficando no ar a sensação de que tudo está bem, que não se passa nada de anormal.
- E assim conseguem sair incólumes desta crise que afecta toda a imprensa regional.
- O mundo é dos espertos meu caro Filipe, o mundo é dos espertos!!! Mudando de assunto, toma algo mais para acabar a noite?
- Não amigo Mário, vou subir porque amanhã vai ser a minha primeira visita oficial pelo concelho.
- Então veja lá se trás algumas novidades.
- Vou tentar Mário, vou tentar...

1 comentário:

Anónimo disse...

Atão porque é que o sr. não funda um jornal?
Quem desdenha quer comprar...

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